• Trinta e Quatro

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Karol

Daiane usa todo seu peso para me rebocar pelo corredor inteiro até chegarmos à recepção cheia de gente.

Eu estou dividida entre: voltar ao quarto e esfolar a cara do maldito do meu marido e ficar parada processando os últimos acontecimentos.

Seja lá como for, não há uma opção fácil.

— O Ruggero está todo remendado. Ele acabou de virar uma peneira de tanto tiro que levou no braço, então, por favor, dá um desconto. Deixa ele pelo menos sair do hospital.

Jogo as mãos para cima com exasperação e dou uns passos para longe, mas logo volto, irritada.

— Eu era quem deveria encher ele de tiro por ser tão prepotente, arrogante e inflexível! O Ruggero é um estúpido, Daiane! — Deus, que ódio! — Ele quer tirar a Luna de mim! Em que mundo esse babaca vive? Ninguém pode tirar o filho de uma mãe!

— Tudo bem, tudo bem, você está certa. Eu admito a sua razão e claramente estou do seu lado, mas, Karol, isso daqui é um hospital. Além do mais, vocês se amam. Tentem entrar num consenso e acertar as coisas.

— Consenso? Com aquele italiano abusado?! Nunca! Nunca, Daiane! Antes de aceitar qualquer acordo dele, eu arranco os meus olhos fora!

Quem ele pensa que é? Não foi só ele quem sofreu. Eu sofri também. Eu sofri muito!
A minha vida foi virada de cabeça pra baixo, eu perdi muitas coisas. Portanto, não vou dar o braço a torcer. O Ruggero não sabe com quem se meteu. Pela Luna eu faço qualquer coisa.

— Olha só, ninguém vai arrancar os olhos de ninguém aqui. Beleza? Olha pra mim e tenta se acalmar um pouco.

— Você viu a cara que ele fez? Ele ainda deu um "tchauzinho"! — Bufo, irada. — Que raiva! Como eu pude me casar com aquele animal?! Não acredito que o amei. Não acredito!

— Amiga, você o ama.

— Amo uma porra! — Guincho com toda a força do ranço que sinto, mas imediatamente percebo muitos olhares curiosos na nossa direção. — O que foi? O que estão olhando? Hein? É cada uma! E se algum de vocês for comparsa do Vincenzo, pode anotar o que eu disse e repassar pra ele. Eu não me importo mais! Que vão pro inferno!

— Karol, para com isso! — Daiane me puxa pelo braço, me içando para um outro corredor mais vazio. — Que merda! Será que você pode ficar calma? Não adianta surtar agora. E também não é nem um pouco inteligente atacar o Vincenzo nesse momento.

Dane-se!

— Eu vou matar o Vincenzo. — Afirmo, olhando-a nos olhos. — Aquele filho da puta já foi longe demais, Daiane. Já aguentei muito. Já chega! Não quero mais me esconder atrás da Sol e do medo dela. Olha pra mim, eu sou uma mulher que se formou com honras, que sempre batalhou e lutou pelo certo. Portanto, não vou mais engolir injustiças.

— Karol, eu não estou gostando da forma como você está falando. Por favor, pensa bem. Eu sei que está sendo complicado digerir tudo isso, mas é a sua vida que está em risco. A Luna também.

Esfrego a testa dolorida e me escoro à parede.

— É por ela que eu vou fazer isso.

— Se tornar uma assassina? Amiga, por favor, a Luna não precisa da mãe dela em uma cadeia.

Ergo o olhar, fitando a Daiane.

— E quem disse que eu seria pega? Já fugi uma vez e posso fugir de novo. Eu não me importo de criar uma vida do zero.

— E mais uma vez você vai deixar pra trás quem te ama?

— Você pode vir comigo! — Seguro sua mão, olhando-a. — Na verdade, eu quero muito que venha. Nós seríamos felizes longe daqui, Dai. Você, a Luna, eu... Imagina? Vem. Vem comigo assim que eu acabar com aquele maldito.

Fuego En La Sangre - Livro 2Where stories live. Discover now