• Oito

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— Mas o que você está fazendo?! — Ralha com a voz rouca, sacudindo-se. — Quem te deu o direito de exigir algo?! Me solta! Me solta agora!

Mas eu não solto. Eu não vou soltar até que ela me diga a verdade sobre aquele imbecil que a beijou.

— Porque estava com ele?! Karol, me responda! Quem era aquele desgraçado que te beijou? Vocês estão juntos? É isso?! Como pôde?!

Com um ruído de indignação saltando pelos lábios, ela se desvencilha de mim e cambaleia para trás, olhando para os braços no exato lugar em que a segurei. A minha intenção jamais seria machucá-la, mas sua expressão é de medo.

Dou um passo para trás assustado comigo mesmo.

— Se me tocar novamente eu juro por Deus que eu vou te denunciar. Está ouvindo?! Hein? VOCÊ ESTÁ ME OUVINDO?!

Sua voz alterada parece me sacudir por dentro. É como se eu despertasse do transe em que a raiva me colocou.

O que estou fazendo?!

— Perdão. — Balbucio com uma vergonha tremenda me consumindo. — E-eu... Eu não quis agir desta forma. Perdão. Perdão, por favor. — Tento tocá-la de novo, mas ela recua. — Nunca foi a minha intenção te machucar. Jamais. Acredita em mim. Eu só... Eu perdi a cabeça quando te vi com aquele cara. Ele te beijou!

— E daí?! — Guincha franzindo a testa. — Quem é você para dizer quem eu posso ou não beijar? Você não tem o direito de vim até aqui exigir uma suposta fidelidade baseado apenas na construção maluca que elaborou na sua mente perturbada.

— Não é uma construção maluca. — Rebato. — Minhas memórias não são castelos construídos no ar. Sei o que falo. Talvez você não se lembre, mas eu me lembro. Eu me lembro de cada detalhe da nossa história.

Karol bate os cílios, parece aturdida demais para formular outra frase malcriada, então, como que para me deixar ainda mais frustrado, ela puxa mais a porta do carro e está prestes a entrar no veículo.

— Você precisa me deixar em paz. — Diz, olhando para a minha mão que segura a porta, impedindo-a de fechá-la. — Eu estou falando sério. Você está me assustando.

Sacudo a cabeça. Estou consciente de que pareço um perseguidor maluco, mas dane-se. Não vou me dar ao luxo de perde-la. Sei que posso virar esse jogo.

Eu só preciso de uma chance.

— Deixa eu te mostrar uma coisa?

— Cara, escuta só...

— Eu juro que é a última vez que te encho a paciência. Apenas veja uma coisa e depois decida se me quer por perto ou não. A escolha será sua. Eu prometo.

Ela endireita a postura e empina o queixo, arqueando as sobrancelhas.

Há uma afronta velada em seu olhar.

— Não acredito nas promessas de ninguém, muito menos de um homem.

Abro um sorriso, porque isso é algo que ela claramente diria no passado, principalmente após descobrir as merdas que eu fiz.

— Então não encare como uma promessa. Veja apenas como uma atitude desesperada de um homem que está no limite da dor e que precisa desesperadamente encontrar a mulher que ama.

Isso parece tocá-la. É breve, mas vejo um lampejo de empatia perpassar seus olhos.

Ela engole em seco e aperta os lábios.

Quando finalmente fala, há um pouco menos de birra em sua voz.

— Vai, mostra logo antes que eu mude de ideia.

Fuego En La Sangre - Livro 2Donde viven las historias. Descúbrelo ahora