Sol
Meu corpo se sobressalta automaticamente quando o barulho do disparo espoca atrás de mim.
— Dá próxima vez vai ser na porra da cabeça dele! — Vincenzo grita.
Eu olho por cima do ombro e vejo o amigo de Ruggero caído no canto da parede. Fanny corre até ele e se ajoelha, apertando o antebraço dele, que foi o lugar onde o tiro provavelmente bateu.
Sinto tremores atravessarem o meu corpo quando Ruggero faz menção a ir até onde o amigo está, então me apresso e o seguro, implorando com o olhar para que ao menos uma vez na vida, acate o meu pedido.
— Já chega, Karol. — Meu marido me diz. Ele ainda está segurando uma arma. — Talvez seja verdade a sua perda de memória, e Deus queira que seja mesmo, porque eu não suportaria essa mentira, mas de todo modo, deve saber que eu não sou um covarde. Não vou abandonar o meu amigo e nem você. Portanto, não irei embora até me acertar com o Vincenzo e acabar de vez com essa história.
— Isso não vai acabar só porque você é teimoso demais para aceitar os fatos, Ruggero. — Contraponho. — O Vincenzo vai te matar e depois vai continuar fazendo o que sempre fez comigo e com as outras meninas. Portanto, a sua morte terá sido em vão...
— Eu preciso tentar!
— Não vai adiantar! Pelo amor de Deus! A sua morte não significará a minha libertação! Eu vou continuar nas mãos dele ou... ou talvez ele faça algo pior.
— Não, isso não...
Aproveito que ele titubeia e avanço mais em sua direção para segurar seu rosto nas minhas mãos.
Só Deus sabe o tamanho da saudade que eu sinto de sua pele, de seu cheiro, de sua presença... E neste momento a saudade vai se misturando ao medo e se tornando mais forte.
Só quero arrancá-lo daqui e protegê-lo com a minha vida.
De repente não importa mais o que nos uniu no passado ou o que nos separou. Ruggero Pasquarelli é o homem que eu amo, o pai da minha filha, a única pessoa no mundo inteiro que nunca desistiu de mim.
A minha alma gêmea.— Eu quero me lembrar de você. — Sussurro olhando-o nos olhos. — Eu não vou mais fugir. Apenas... desista disso e eu acharei uma forma de estarmos juntos. Por favor...
Ele abana a cabeça ligeiramente.
— Eu sou o culpado de você estar aqui. As minhas mentiras...
— Isso não vai me importar. — Asseguro. — Vá embora. Por tudo o que mais ama. Vá embora.
— E se ele...
— O Vincenzo não vai fazer nada comigo agora. Eu juro. Está tudo bem. Me ouça, por favor.
— Olha só, eu já cansei. — Sou içada com força para trás. A mão de Vincenzo agarra o meu braço. Sinto o cano de sua arma ser pressionado contra as minhas costas. — Porque não colocamos logo tudo em pratos limpos? Vamos conversar sobre... O que você acha de falar sobre lua e o sol, e o passado... Hein, meu bem?
Olho-o de soslaio e tenciono o maxilar. Ele quer contar sobre a Luna. Vincenzo quer me desmascarar. Filho da puta!
— Ele precisa de ajuda! — Fanny guincha. Alex está apoiado contra o seu corpo. — Caramba, Vincenzo! Ele está perdendo muito sangue. Deixa eles irem. Deixa eles irem!
— Está tudo bem, minha dançarina. Está tudo bem...
— Não, Alex. Você está sangrando. Por que atirou nele?! Pra que isso, Vincenzo? Você não acha que já não é o suficiente tudo o que faz conosco? Eles não têm nada a ver com isso!
YOU ARE READING
Fuego En La Sangre - Livro 2
Romance" Passei bastante tempo nas estradas olhando em volta. Eu procurava algum traço dela, qualquer coisa. O tom de pele, a cor dos cabelos, a risada alta e contagiante. Qualquer coisa mesmo. Mas até a esperança pode acabar. ...