• Vinte e Dois

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Sol

Meu corpo se sobressalta automaticamente quando o barulho do disparo espoca atrás de mim.

— Dá próxima vez vai ser na porra da cabeça dele! — Vincenzo grita.

Eu olho por cima do ombro e vejo o amigo de Ruggero caído no canto da parede. Fanny corre até ele e se ajoelha, apertando o antebraço dele, que foi o lugar onde o tiro provavelmente bateu.

Sinto tremores atravessarem o meu corpo quando Ruggero faz menção a ir até onde o amigo está, então me apresso e o seguro, implorando com o olhar para que ao menos uma vez na vida, acate o meu pedido.

— Já chega, Karol. — Meu marido me diz. Ele ainda está segurando uma arma. — Talvez seja verdade a sua perda de memória, e Deus queira que seja mesmo, porque eu não suportaria essa mentira, mas de todo modo, deve saber que eu não sou um covarde. Não vou abandonar o meu amigo e nem você. Portanto, não irei embora até me acertar com o Vincenzo e acabar de vez com essa história.

— Isso não vai acabar só porque você é teimoso demais para aceitar os fatos, Ruggero. — Contraponho. — O Vincenzo vai te matar e depois vai continuar fazendo o que sempre fez comigo e com as outras meninas. Portanto, a sua morte terá sido em vão...

— Eu preciso tentar!

— Não vai adiantar! Pelo amor de Deus! A sua morte não significará a minha libertação! Eu vou continuar nas mãos dele ou... ou talvez ele faça algo pior.

— Não, isso não...

Aproveito que ele titubeia e avanço mais em sua direção para segurar seu rosto nas minhas mãos.

Só Deus sabe o tamanho da saudade que eu sinto de sua pele, de seu cheiro, de sua presença... E neste momento a saudade vai se misturando ao medo e se tornando mais forte.

Só quero arrancá-lo daqui e protegê-lo com a minha vida.

De repente não importa mais o que nos uniu no passado ou o que nos separou. Ruggero Pasquarelli é o homem que eu amo, o pai da minha filha, a única pessoa no mundo inteiro que nunca desistiu de mim.
A minha alma gêmea.

— Eu quero me lembrar de você. — Sussurro olhando-o nos olhos. — Eu não vou mais fugir. Apenas... desista disso e eu acharei uma forma de estarmos juntos. Por favor...

Ele abana a cabeça ligeiramente.

— Eu sou o culpado de você estar aqui. As minhas mentiras...

— Isso não vai me importar. — Asseguro. — Vá embora. Por tudo o que mais ama. Vá embora.

— E se ele...

— O Vincenzo não vai fazer nada comigo agora. Eu juro. Está tudo bem. Me ouça, por favor.

— Olha só, eu já cansei. — Sou içada com força para trás. A mão de Vincenzo agarra o meu braço. Sinto o cano de sua arma ser pressionado contra as minhas costas. — Porque não colocamos logo tudo em pratos limpos? Vamos conversar sobre... O que você acha de falar sobre lua e o sol, e o passado... Hein, meu bem?

Olho-o de soslaio e tenciono o maxilar. Ele quer contar sobre a Luna. Vincenzo quer me desmascarar. Filho da puta!

— Ele precisa de ajuda! — Fanny guincha. Alex está apoiado contra o seu corpo. — Caramba, Vincenzo! Ele está perdendo muito sangue. Deixa eles irem. Deixa eles irem!

— Está tudo bem, minha dançarina. Está tudo bem...

— Não, Alex. Você está sangrando. Por que atirou nele?! Pra que isso, Vincenzo? Você não acha que já não é o suficiente tudo o que faz conosco? Eles não têm nada a ver com isso!

Fuego En La Sangre - Livro 2Where stories live. Discover now