• Vinte e Nove

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Três dias depois...

Ruggero

Alex me fitou com o canto do olho enquanto passávamos pelas portas automáticas do supermercado. Ele estava empurrando um carrinho vazio e vez ou outra me espiava, como se eu fosse sair correndo a qualquer momento.

— Você já devia ter parado de usar a tipoia? — Pergunto para quebrar um pouco do silêncio e porque percebo que ele faz algumas caretas sempre que mexe o braço. — Se quiser podemos passar no hospital antes de levarmos as compras da Sarita.

— Eu estou bem. Sério. Além do mais, aquela tipoia me dava agonia. Não gosto de me sentir preso.

— Você levou um tiro. Poderia ter morrido se a bala tivesse atingido outro lugar, então suponho que a tipoia seja o de menos, né?

— Ah é? E você que meteu a fuça no volante e quase quebrou as pernas, mas nem assim fica em casa?! De verdade, Ruggero, você brinca com a sorte.

Bufei, rindo.

Talvez ele tivesse razão, mas o fato era que eu já estava cansado de ficar naquela mansão.
Para começo de conversa aquele lugar não me trazia boas lembranças, e depois ainda tinha o fato de que a Karol cumpriu sua palavra de se afastar, portanto já havia três dias que eu não sabia absolutamente nada dela.

Precisei organizar um milhão de coisas da empresa e supervisionar o andamento de um projeto.
Tudo até que ia bem, mas a Sarita tinha razão sobre precisarem de mim em diversos pontos importantes.

A única coisa boa era que a Elisa finalmente ia receber alta. Por isso me ofereci para ir com o Alex ao mercado comprar tudo para que a Sarita fizesse um almoço delicioso de boas-vindas.
E assim que sairmos daqui, iremos direto à clínica buscá-la.

Nem parece verdade de tão bom.

— Não adianta discutirmos. Os dois erraram e se meteram em problemas. — Digo, seguindo-o pelos corredores. — Não pensamos direito e cometemos um erro em cima do outro. Mas daqui por diante precisamos pensar melhor, agir com a cabeça fria.

Vejo-o assentir brevemente, concordando comigo.

— Você tem razão. Acho que ao ver o estado emocional que a Fanny está e a forma como aquele desgraçado a trata, eu... eu perdi a cabeça. Você sabe que é difícil ver alguém que gostamos numa situação daquela. Na verdade, você é o único capaz de me entender.

— Eu sei, amigo. Não se preocupe. Eu te entendo perfeitamente.

— E o que faremos agora? Eu sei que hoje é um dia de festa, que precisamos comemorar a volta da Eli, mas... eu não consigo parar de pensar que a Fanny e a Karol ainda estão lá nas mãos daquele maldito.

Eu estava na mesma. A minha mente explodia em planos e possibilidades.

— Você tinha falado sobre uma fuga...

Alex parou e puxou o carrinho para um canto. Algumas pessoas passavam por nós e não conseguíamos disfarçar a nossa desconfiança.

Não sabíamos quem estava ou não a mando do Vincenzo.
Parecia um inferno.

— Eu falei com a Fanny sobre isso, e apesar de estar com medo, acho que ela topou. No fim das contas, é a nossa única saída, não é?

Cruzei os braços e dei uma breve olhada em volta.

— Precisamos planejar isso muito bem.

— Eu sei. Andei pensando em umas coisas. E eu falei com um tio que mora na Holanda. Ele tem uma casa bem no interior do país. Talvez pudéssemos ficar uma temporada por lá. O que acha?

Fuego En La Sangre - Livro 2Where stories live. Discover now