• Vinte e Um

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Ruggero

— Eu te amo, Karol. Eu te amo, meu sol. — Digo e em seguida desligo, deixando o celular dentro do porta-luvas do carro.

Respiro fundo três vezes antes de descer para encontrar o Alex na calçada do cassino-restaurante.

Meu amigo se vira assim que escuta os meus passos e reparo imediatamente seu desconforto dentro do blazer branco que arrumei para que usasse hoje.
Infelizmente não podíamos chegar mal vestidos num lugar como esse, seria como pedir para sermos expulsos.

Estou igualmente arrumado. Calça social escura e blazer da mesma cor, gravata e camisa clara por dentro, além de sapatos bem engraxados.
Até o meu cabelo fui obrigado a manter sob controle com uma generosa camada de gel.

— Você está tão bem vestido que se eu não fosse casado, iria te propor casamento agora mesmo. — gracejo, parando ao lado dele.

— Você é tão superficial! — ele resmunga, mas está rindo. — O meu bom coração ninguém quer, mas basta me ver em um conjunto de roupa chique e todo mundo deseja o meu corpo.

Dou risada e abano a cabeça.

O manobrista se aproxima e lhe entrego as chaves do carro. Em seguida, aponto para Alex a porta de entrada e nos encaramos rapidamente antes de passar por ela e sermos saudados por uma moça elegante que vem nos receber e perguntar se temos reserva.

Explico para ela que liguei mais cedo e deixei acertada a nossa ida ao cassino. Inclusive, precisei fazer uma transferência generosa para garantir a pulseira de acesso, afinal, por ser um ofício clandestino, os donos querem garantir que ninguém irá dar com a língua nos dentes.
Precisei, lógico, assinar um termo de confidencialidade. Alex e eu, na verdade. Só então a nossa subida foi liberada.

— Tenho certeza que ninguém exige nada disso para os mafiosos. — meu amigo murmura quando estamos dentro do elevador. — Se fôssemos os caras maus da história, entraríamos em qualquer lugar sem problema algum.

— Se fôssemos os caras maus da história, você não estaria com essa cara de quem vai fazer merda nas calças.

— Ah, perdão, o meu pânico te deixa desconfortável?

Abro um sorriso e sacudo a cabeça.

— Você pode me esperar no carro.

— Não ia adiantar. Eu iria ficar nervoso igual. E ainda teria a chance de algo acontecer com você.

— Está querendo dizer que se você estiver lá, o pior não vai rolar comigo?

—  Estou apenas querendo dizer que se algo acontecer, um de nós precisa presenciar tudo e ficar vivo para contar a história.

Arqueio uma sobrancelha pra ele.

— E eu jurando que éramos amigos.

— E é claro que somos. Estou entrando na boca do lobo com você por causa da nossa amizade.

— E pela Fanny, lógico.

Isso o faz rir.

— O que eu posso fazer se sou um pobre cavalheiro apaixonado.

Me resguardo no direito de nem comentar sobre. O que o Alex sente ou deixa de sentir é problema dele. Na verdade, eu o entendo. Estou fazendo isso pela mulher que eu amo, então não devo julgá-lo.

E não demora nada até que as portas do elevador se abram e sejamos confrontados com um belo e sofisticado salão repleto de luzes e garçons que andam de um lado a outro com bandejas abarrotadas de taças de champanhe caro.

Fuego En La Sangre - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora