Capítulo 27

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Júlia 🌪️

Desde o dia que decidir morar com o Leonardo eu ainda não havia conversado com o meu irmão sobre essa minha decisão.

Não que ele vá brigar comigo e me proibir de alguma coisa, eu conheço meu irmão e tenho certeza que ele vai me apoiar.

Meu único medo é ter que deixar ele sozinho e abandonar a casa que eu passei boa parte da minha vida.

Mas eu sei que é por uma boa causa, tô fazendo isso buscando a minha felicidade, assim como eu sei que a Analu é a felicidade dele! Minha amiga foi a melhor coisa que aconteceu na vida dele e eu não via o Gustavo feliz desde a morte da nossa mãe.

Eu só não sabia como falar, ainda mais depois dele ter quase morrido. Queria muito poder conversar com ele sobre o assunto, mas o Leonardo me fez prometer que eu não falaria sobre isso, segundo ele meu irmão ainda tava puto e a Analu bem vulnerável.

Porém eu não deixei de ficar preocupada assim como a Bianca, que quase desmaiou quando soube que a irmã tinha sido feita de refém.

Depois de tanto pensar eu decidi que essa seria a hora. Levantei do sofá e peguei meu celular na mesinha de centro conferindo o horário na tela, cinco e vinte cinco da tarde e eu tinha quase certeza que meu irmão tava em casa.

Guardei meu celular no bolso do short e procurei o Leonardo pela casa encontrando ele na cozinha comendo biscoito recheado. Me aproximei bem devagar e fiz um biquinho me sentando em seu colo.

— O que tu tem morena? — me olhou.

— Eu tava pensando em falar logo para meu irmão que vou morar com você. — falei e abracei o pescoço dele.

— Tu sabe que não precisa se sentir pressionada e tem todo direito de contar esse bagulho pra ele no seu tempo né? — fez carinho na minha coxa.

— Eu sei amor, mas eu quero fazer isso e eu estou preparada. — dei um sorriso.

— Então tu tá ligada que tem meu apoio! Quer que eu vá com tu? — perguntou.

— Não precisa amor, eu prefiro conversar a sós com meu irmão. — falei e ele concordou.

— Jaé minha morena, boa sorte lá e qualquer coisa me liga. — deu um beijo na minha testa.

— Pode deixar amor! —  dei um selinho em seus lábios.

Me levantei do seu colo e saí de casa mega determinada.

Subi até a casa do meu irmão percebendo que o movimento tava bem tranquilo nas ruas. Cheguei em cerca de cinco muitos, já que a casa do Leonardo era somente umas quadras pra baixo da dele.

Me aproximei do portão e vi o pepê parado na frente, cumprimentei ele e entrei sem muita cerimônia.

— Eu tô entrando hein! — anunciei.

Não queria correr o risco de ver meu irmão chupando o peito da minha melhor amiga que nem da última vez.

— Cala boca porra. — Gustavo falou tentando não gritar.

Só aí que eu percebi que ele tava deitado assistindo o jogo do flamengo e a Analu tava em cima dele dormindo.

— Desculpa esquentadinho, só não queria que acontecesse igual a última vez. — levantei às mãos em sinal de rendição.

— Pode pá, agora desembucha do porque tu veio aqui. — me olhou todo desconfiado.

— Como você sabe que eu vim falar algo? — coloquei as mãos na cintura.

— Porque eu te conheço desde que tu nasceu Júlia! — falou como se fosse óbvio — Agora manda o papo.

— Vamos conversar na cozinha, não quero acordar a Analu! — falei e ele concordou.

— Jaé! — levantou do sofá com cuidado e colocou a cabeça da Analu apoiada na almofada.

Fui direto pra cozinha e ele veio atrás de mim com a cara fechada de sempre.

Nos sentamos na cadeira de frente um para o outro e eu segurei a mão dele fazendo um carinho em seu dorso com meu polegar.

— Desembucha logo essa parada Júlia, tu tá me deixando nervoso caralho. — falou encarando meu rosto.

— Tá bom! Você sabe que eu e o Leonardo estamos juntos a quase dois anos né? — perguntei e ele concordou.

— Sei Júlia, agora para de enrolar e continua. — me incentivou e eu respirei fundo.

— Já tem algumas semanas que ele me chamou pra morar na casa dele e eu decidi aceitar, mas eu não poderia fazer isso sem falar com você antes, eu sinto que te devia isso Guga. — falei tudo de uma vez.

— Era só isso? — deu risada — Ju, eu tava ligado que uma hora isso iria acontecer, vocês são um casal e essa parada de querer morar junto é normal pra caralho pô. — falou com tranquilidade.

— Então você não vai ficar chateado comigo? — perguntei com os olhos marejados.

— Claro que não porra, só quero sua felicidade, se morar com o filho da puta do meu melhor amigo te faz feliz eu te apoio nesse bagulho aí. — soltou minha mão e fez carinho na minha bochecha.

— Você não sabe o alívio que eu estou sentindo em ouvir isso de você. — dei um sorriso.

— Mas fica esperta porque se ele der um vacilo com tu eu quebro a cara dele sem caô nenhum. — ameaçou e eu dei risada.

— Eu te amo tanto Gustavo... — falei com a voz embargada.

— Eu também amo tu sua mandada do caralho. — deu um beijo na minha testa.

Dei risada da declaração seguida de uma ofensa, até porque se não fosse assim não seria meu irmão.

Fiquei com a língua coçando pra perguntar o que rolou ontem mas fiquei quieta porque tinha prometido ao Leonardo.

Conversamos mais um pouco e eu falei pra ele que iria fazer a mudança ainda essa semana.

Quando me dei conta já tinha escurecido e nem tínhamos percebido.

— Deixa eu ir para casa do meu namorado e te dar privacidade com sua pretinha. — gastei com a cara dele.

— Vai tomar no cu Júlia, ainda bem que tu vai embora. — gastou e eu fechei a cara.

— Seu ridículo do caralho! — dei um tapa no braço dele.

— Love u irmãzinha. — deu risada e fez coração com a mão.

— Love u seu cu. — falei e ele me deu dedo.

— Tu é tão doce quanto um limão. — se levantou da cadeira e caminhou até a sala.

— Tá reclamando de que? Eu sou igualzinha a você! — debochei seguindo ele até a sala.

— Pode pá, fazer o que se tu é sangue do meu sangue. — se jogou no sofá livre.

— Ela não vai acordar? — perguntei olhando para Analu que dormia toda esparramada no sofá.

— Não, certeza que ela só vai acordar amanhã pô. — falou e eu dei risada.

— Meu deus, deixa eu ir embora que eu ganho mais, beijo até amanhã. — acenei com a mão.

— Até que fim vai embora! — gastou e eu mandei ele tomar no cu.

Saí da casa do meu irmão e caminhei até minha cabeça com uma sensação de alívio consumindo todo meu peito.

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