Capítulo 74

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Matarazzo 🎭

Assim que cheguei estacionei a moto na garagem de casa, tirei a chave da ignição e entrei percebendo que estava tudo escuro, tenho quase certeza que minha pretinha tava dormindo ou assistindo algum bagulho na tv do nosso quarto.

Joguei a chave em cima da mesinha de centro e subi direto para o andar de cima, abri a porta do quarto e vi minha pretinha deitada na cama toda enrolada só com a cabeça para o lado de fora, enquanto assistia a série de vampiro que ela é viciada.

Tirei minha camisa e cocei a garganta chamando a atenção dela pra mim, assim que ela me olhou eu percebi que seu rosto estava um pouco inchado e eu tinha certeza que ela havia chorado.

— Tava chorando porque? — perguntei sentando ao lado dela na cama.

— Foi bobagem amor, já vai passar. — deu um meio sorriso e eu estranhei mais ainda.

— Se fosse bobagem tu não estaria chorando, então para de caô e conta logo essa porra! — falei e ela respirou fundo.

— É que eu meio que discuti com a Bianca hoje. — falou meio receosa.

Puta que pariu, péssimo momento para essas duas ter discutido.

— Quer me contar o motivo? — me deitei na cama e puxei ela pra se apoiar no meu peito.

— É que ela veio com um papo de que desde que eu me aproximei da Júlia comecei a excluir ela e a Vanessa, mas eu não acho que isso aconteceu amor, eu e a Júlia se aproximou por causa do seu acidente, não foi proposital. — falou um pouco chateada.

— Hum, posso mandar a real? — perguntei e ela concordou — A sua irmã só falou o que estava sentindo, ela sempre foi seu porto seguro e quando tu saiu de macuco ela foi a primeira pessoa que tu procurou, porque tu sabia que podia contar com ela, então eu acho que ela se sentiu excluída com o fato de que quando tu precisou, não foi a ajuda dela que tu procurou tá ligada? — perguntei alisando as costas dela.

— Acho que eu entendi o que você quis dizer, mas foi como eu disse, não foi proposital sabe? Eu estava vunerável amor, eu e a Júlia estávamos compartilhando da mesma dor, foi impossível a gente não se aproximar. — deu um suspiro.

— Saquei, mas essa discussão de vocês foi idiota pra caralho, eu tenho certeza que sua irmã queria te fazer entender o ponto de vista dela e tu só estava preocupada em jogar os bagulhos na cara dela. — falei e ela me olhou indignada.

— Ei, você tá do meu lado ou do dela? — perguntou com a sombrancelha arqueada.

— Em nenhum lado, eu só te conheço e pelo pouco que tu me explicou sei que foi isso que aconteceu. — falei e ela fez o biquinho fofo.

— Odeio o fato de você me conhecer tão bem. — bufou e eu dei risada.

— Odeia porra nenhuma! — dei um tapa na bunda dela — Mas agora falando sério, se resolve com sua irmã, vocês duas precisam tá mais unidas que nunca. — falei e ela me olhou sem entender nada.

— Como assim? — perguntou meio confusa.

— Não existe um jeito menos doloroso de contar isso pra tu — me sentei na cama e puxei seu corpo fazendo ela sentar de frente pra mim — Mas antes de qualquer coisa eu preciso que tu mantenha a calma e confie em mim jaé? — segurei suas mãos e fiz um leve carinho no dorso.

— Você tá me deixando assustada, Gustavo. — murmurou e encarou meus olhos aflita.

— Vou te contar tudo! — beijei uma das suas mãos e respirei fundo.

— Vai direto ao ponto, por favor! — me olhou e eu concordei com a cabeça.

— Tu sabe que o Ribeiro foi na casinha me chamar porque segundo ele tinha um bagulho sério pra contar né? — perguntei e ela concordou — Sabe também que seu pai estava em Búzios vigiando os passos dos dois pau no cu lá. — perguntei mais uma vez.

— Eu sei disso tudo Gustavo, para de enrolar e conta logo. — falou dando um suspiro.

— Jaé então! — tomei coragem e fui direto ao ponto — Seu pai apareceu lá na boca dizendo que matou o Carlão — dei uma pausa e vi sua expressão de desdém — Porque ele descobriu que sua mãe está viva. — soltei e sua expressão mudou na mesma hora.

— Mi..nha m..ãe o que? — murmurou baixinho — Vo...cê tá brin..cando né? — perguntou com a voz trêmula.

— Não, minha preta, eu juro que não queria te dizer isso assim tá ligada, mas porra não teve outra forma de contar esse bagulho pra tu! — segurei suas mãos mais fortes e vi seus olhos marejados pelas lágrimas.

— Ela... Tava morta... Eu vi quando ela foi enterr...ada! — falou com a voz embargada, puxou as mãos com força e se levantou da cama.

— Não era ela meu amor! — levantei da cama e me aproximei dela.

— Então esses anos todos aquele homem fez eu me sentir culpada por uma morte que nunca aconteceu? — gritou em meios as lágrimas.

— Fez sim, mas o que é dele está guardado, eu estou te dando a porra da minha palavra! — tentei puxar ela para um abraço, mas ela me empurrou com força.

— A minha m...ãe está vi...va a minha ma... mãe — sussurrou em meio as lágrimas e se ajoelhou no chão do quarto — Ela não morreu — encarou um ponto fixo do quarto e começou a respirar com dificuldade enquanto massageava o próprio peito.

Encarei ela por alguns segundos e tive a noção do que estava acontecendo. Ela está tendo uma crise de ansiedade, eu sabia que seria difícil contar essa porra pra ela, só não sabia que seria tanto assim.

Respirei fundo e me aproximei dela com calma, me ajoelhei na sua frente e rapidamente puxei seu corpo para um abraço apertado, enquanto escutava seus soluços e sentia suas lágrimas molhando o meu peito.

— Olha só minha preta, eu não faço idéia do que tu tá sentindo nesse momento, mas eu consigo ter uma noção! — comecei alisando as costas dela bem devagar — Eu sei que tá doendo, mas tu precisa manter a calma. — falei e ela foi parando de chorar aos poucos.

— Eu...eu não con...sigo, meu pei..to tá doen..do. — murmurou com dificuldade.

— Consegue sim, eu estou aqui com tu! — afastei seu rosto do meu peito e segurei suas mãos com delicadeza — Agora puxa o ar pelo nariz e solta pela boca — fiz a demonstração e ela repetiu lentamente.

Incentivei ela repetir mais algumas vezes, até eu me certificar de que ela estava respirando normalmente e sem dificuldade.

— Está se sentindo melhor? — perguntei e ela me encarou com os olhinhos triste.

— Estou, obrigada por me acalmar meu amor! — voltou a encostar a cabeça no meu peito e eu levantei com ela no colo.

— Já disse pra tu que sempre vou estar aqui. — deitei na cama junto com ela e ela se aconchegou mais no meu corpo.

— Sobre a minha mãe, você poderia me contar tudo? — perguntou baixinho.

— Agora não tá bom? Quando você estiver mais calma eu respondo o que tu quiser! — falei e ela concordou ficando quieta.

Comecei a fazer carinho no cabelo dela e respirei fundo, se minha pretinha reagiu assim ao descobri que a mãe está viva, imagina quando descobrir todo o resto?

Percebi sua respiração ficar mais fraca e logo tive a certeza que ela havia caído no sono. Ela pode até desmoronar, mas com a certeza de que eu vou estar sempre do lado dela pra qualquer bagulho, minha pretinha é forte pra caralho pô e desde tão nova já passa por muita coisa. Por isso não canso de falar que tenho orgulho dessa mulher.

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Oi leitores fav!

É eita atrás de eita né? Mas, infelizmente é só o "começo" de tudo isso.

Beijoos e até sexta. 💋

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