Capítulo 9

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    Uma semana havia passado desde o ocorrido naquela manhã

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    Uma semana havia passado desde o ocorrido naquela manhã. Fazia um mês e quatro dias que eles estavam na fazenda. Kelly estava perdendo peso e ficando deprimida. O Metamorfo saia com frequência e voltava para casa só de madrugada. Quando estavam juntos, a criatura evitava falar com ela só dizendo o essencial e dando ordens como: Faça isso, lave a minha roupa, esfregue aquilo. Ela havia se mudado para o quarto e ele dormia no sofá.

    Pela tarde do quinto dia, a mulher estava estagnada. Desejava que ele a tivesse matado ao invés de prendê-la e tratá-la com desprezo. Habituou-se a presença dele, reconhecendo que era outra pessoa. Não seu marido. Nos dois primeiros dias em que essa rotina havia começado, ela tentava conversar, até mesmo ser gentil. Mas ele se afastava. Parecia sempre indiferente. Ela sentia falta da raiva, ao menos isso ela compreendia como devia agir.

    Ele não tinha voltado desde a madrugada. Podia ouvir o som da chuva e o frio a fazia pensar que talvez estivesse nevando. Chorou implorando que Deus a ouvisse e desse um jeito naquilo tudo. Não sabia quanto tempo mais conseguiria aguentar nesse estado. Sentia-se sufocada, sem ânimo e sem razão para existir. Ele só brincava com sua existência.

"Senão passo de uma mera empregada, não tenho motivos para ficar viva. Se for para viver o resto dos anos nesse inferno, prefiro dar um jeito nisso." - Pensou ela chorando muito, com vontade de se matar.


     Sabia a hora pelo relógio na cabeceira da cama, o mesmo tinha também um calendário. Avisando à ela que aquilo tudo não era um pesadelo, mas infelizmente uma realidade assustadora. Foi até a pia da cozinha, abriu a gaveta e fitou os talheres. Seu batimento cardíaco acelerou, mas ela ainda não tinha coragem. Então, se lembrou de quando ele disse a ela que havia matado Charles e comido sua carne. Aquilo foi a última gota.

     Pegou uma faca pequena, porém afiada. Foi para o quarto determinada a tirar a própria vida em questão de minutos. Entrou no banheiro e fitou seu reflexo. Ela estava magra demais, pálida, sem vida. Havia chegado ao seu limite, ao extremo do que podia suportar. Chorou como nunca tinha chorado em toda sua vida. Pensou em sua carreira brilhante que abandonou por uma mentira. Lembrou-se do desejo enorme que sentia em ser mãe, ou melhor, que nunca seria uma vez que acabaria por ali.

     

     Segurou toda dor que invadia seu peito, essa que lhe sufocava de dentro para fora. Sentou na tampa do vaso, criando coragem de dar o próximo passo. Cogitou suas hipóteses de sair daquele lugar, mas não encontrava nenhuma sem ser morta.

"Espero que exista algo do outro lado. Que seja bom." - Pensou ela, fechando os olhos, enquanto subia as mangas de sua blusa de malha. Abriu os olhos e pensou por um segundo:

"Corte na vertical. Assim o sangue corre mais rápido." - Tentava decidir, medindo o braço enquanto seu corpo todo tremia.

    Perfurou o braço um pouco acima do pulso, até perto do cotovelo, mas seguindo uma linha reta. Sentiu muita dor. Queria não ter feito isso. Mas agora já tinha feito. Não tinha volta. Ficou desesperada tentando conter o sangue que corria pela sua pele. Uma tonteira repentina a atingiu, deixando sua visão turva e seu corpo perdia o equilíbrio rapidamente. Tentou dar fim aquilo de uma vez por todas, mas não tinha coragem de fincar a faca no próprio peito. Decidiu em meio a adrenalina cortar o outro braço, mas não conseguia segurar firme a faca. Sua mão tremia perdendo a coordenação. A tontura estava ficando mais forte. Sentiu uma dor aguda e caiu de lado, batendo a cabeça no vidro do box do banheiro. Esse não quebrou, mas a batida foi forte o suficiente para apagá-la.


     Chegando à casa, o Metamorfo estava exausto após tanta caçada. Completamente imundo em sangue, ele caminhou devagar até o quarto na intenção de não acordar Kelly, caso estivesse dormindo. Estranhou o quarto vazio, pensando que ela provavelmente estava no banheiro. Decidiu voltar para cozinha, mas ela não emitia nenhum som.

- Kelly? Está tudo bem? - Perguntou ele dando uma batida fraca na porta. Estranhou o silêncio sem resposta, quando bateu mais forte a porta se abriu, revelando uma imagem que ele nunca esperava.

      Sem pensar em nada, ele só correu até ela, procurando entender o que tinha acontecido. Ele segurou sua cabeça que tinha um hematoma de pancada. Estranhou.

"Ela não teria caído no banho, está vestida." Pensou ele antes de segurá-la melhor.

    Passou a mão por baixo do quadril da mulher, que nada dizia nem se movia. Sua respiração estava muito fraca. Se não fosse um animal não teria como saber que ela ainda estava viva. Quando o cheiro de sangue invadiu sua narina. Ele viu então seu braço com um imenso corte e sangrava muito.


     Lembrando-se de limpar o ferimento ele abriu a torneira e tentou limpar devagar. Mas a pressa e a vida de Kelly em suas mãos literalmente, o deixava um pouco insensível. Lavou abundantemente com a água e sabonete líquido que estava na pia. O sangue ainda escorria, mas dessa vez com menos intensidade. Pegou a toalha de rosto do cabide perto da pia e enrolou contendo a pressão do sangue. Ela já tinha perdido muito sangue, teria de levá-la ao hospital, senão parasse e principalmente, se ela continuasse inconsciente.

     Pegou-lhe no colo, levando com pressa até a cama. Tentando agir com rapidez, procurou pelos produtos de curativo que tinha comprado uma semana atrás. Revirou o guarda roupa, mas nada encontrou. Correu ao banheiro, revirando tudo que via, encontrando estes no canto entre os produtos de limpeza. Voltou para cama, levando com ele a sacola com tudo. Jogou tudo pela cama, segurando firme com a outra mão o braço dela na intenção de conter mais o sangramento. Implorando que ela fosse forte e aguentasse. Achou a embalagem com faixa. Com a boca rasgou de uma só vez. Abriu as pomadas escolhendo uma que dizia em casos de infecções.

"Isso deve servir. Vamos Kelly, acorde!" - Pensava ele desesperado.


    Passou uma camada generosa de pomada e colocou uma gaze em cima, segurando com o curativo. Então, enrolou toda a faixa em volta do braço dela bem apertado. Percebeu que ainda sangrava, mas estava parando. Abraçou ela firme, sussurrando em seu ouvido enquanto balançava seu corpo para frente e para trás devido ao nervosismo:

- Fique comigo. Desculpe! Perdoe-me! Mas fique Kelly. - Implorou ele, assustado com a probabilidade de ela morrer.


    Quando essa abriu os olhos devagar, respondendo:

- Estou aqui. Ainda não morri, mas estou no inferno. - Comentou sarcástica, sorrindo enquanto começava a chorar após sentir tanta dor.

    O Metamorfo tentava falar com ela, mas a mulher perdeu novamente a consciência. O deixando apavorado. Tentava chamar sua atenção, chamando pelo seu nome, mas ela não correspondia. Kelly não conseguia ouvi-lo.

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Gente, que nervoso! 

Vou ficar calada, esperando os comentários de vocês. 

Bjocasssss da Bruxa! 

A prisioneira do Metamorfo - Livro 1Onde as histórias ganham vida. Descobre agora