Capítulo 99

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        A mansão não era mais a mesma. Ela parecia enorme, como um buraco negro que sugava tudo a sua volta. Kelly estava ajoelhada segurando Hugo em seus braços. Em prantos, ela tentava estacar o sangue e tirar aquela faca, mas não era algo exatamente fácil como parecia em filmes. Estava muito cravada no peito, o Metamorfo mal conseguia respirar, quem dirá falar alguma coisa. 

          Fill estava ao lado de Kelly, segurando uma toalha molhada e uma bacia com água quente e sabão, para ajudar no ferimento. Porém era inútil se não tirasse a faca. Mas o que ela não sabia, era que aquela faca estava mantendo Hugo vivo. 

       Nervosa, em uma crise de ansiedade e sofrimento, a Híbrida tinha que conter seu sofrimento para tentar ajudar o marido. Suas mãos tremiam. Cheias do sangue do Metamorfo e do humano que ela arrancou o coração minutos atrás, ela fechou os olhos e respirou fundo. Com cuidado, segurou o cabo da faca que para ela não fazia mal algum e foi puxando lentamente. 

           Mas antes de tirar, Hugo se moveu e a mão de Kelly tremulou, fazendo a faca de cobre se mover alguns centímetros para direita, atingindo o coração. O Metamorfo fitava a esposa e sua expressão de desespero e amor. Ele começou a sangrar da sua boca, tentando falar suas ultimas palavras enquanto segurava a mão da esposa: 

- Kee-kee-ke-kelly, te am-oo!- E assim, sua mãos parou de apertar a dela. 

        Seus olhos ficaram abertos, vermelhos e sem vida. Ele não estava respirando, seu coração parara de funcionar e ele definitivamente estava morto. Kelly o segurou, abraçou forte e não aguentou. Ela levou seus lábios aos deles, insistindo em um beijo, porém ele não estava mais ali, era só e apenas seu corpo. A Híbrida se recusava a solta-lo, apertava-o sem querer e chorava, sentindo uma dor tão aguda que não era capaz de pensar em absolutamente nada, a não ser que seu amor estava morto. 

           Esther que estava inconsciente na escada, estava vendo tudo. O problema é que quando ela bateu a cabeça, adquiriu uma fratura cerebral e na segunda pancada, agravou mais ainda. Ela ficou inconsciente na hora, seu cérebro estava passando por um processo de choques psicóticos, onde suas memórias se alteravam e se turvavam, corrompendo a verdade com uma nova memória, ou seja uma memória modificada. Sua mente estava lhe pregando pesas e agora, ela não sabia o que estava acontecendo de verdade. 

         Com dificuldade de se mexer e com muita dor na cabeça, ela via sua mãe com uma faca fincada no peito de seu pai. Em sua mente ela estava matando-o. Seu pai. Sua mãe. A mulher que ela amara era um monstro! Ela matou seu pai. Era uma mulher mentirosa, fingia que o amava para ter uma vida boa e financeiramente estável. E agora, na primeira chance, ela o distraiu com estranhos e matou-o. Ela matou seu pai. ( Papai! Não!!! Você não pode morrer e me deixar com essa mulher horrível. )

      Ela tentou se segurar no corrimão. Seu corpo estava finalmente lhe correspondendo. Sua visão que estava embaçada, estava voltando a normalizar e ela via uma figura vindo em sua direção. Era o Mordomo. 

- Senhorita, como se sente? Precisa de ajuda? - Perguntava ele percebendo que a menina estava tonta e vendo aquilo tudo. Ele a ajudou a descer os cinco degraus da escadas e ela se firmou. 

- Obrigado Fill. - Disse ela voltando a si. 

        A menina andava lentamente em direção a mãe que estava de costas para ela. Kelly ainda estava jogada no chão debruçada sobre o corpo de Hugo, chorando e tentando não acreditar que seu marido, o amor de sua vida, seu parceiro há dez anos, estava morto. Morto! 

       Esther já conseguia andar normalmente e sua visão estava normalizada. Ela ouvia e via sua mãe chorar. Ela encostou em Kelly que se virou e viu a menina, segurou a mão da filha e a puxou para perto. A menina de pé, não reagia, sentia que sua mãe estava sofrendo, chorando e ela perguntava: 

- Meu amor, está me ouvindo? Vai ficar tudo bem... Como você se sente? - Perguntava a Híbrida preocupada com a filha. 

- Bem. - Respondeu ríspida. 

- Vem cá amor. - Kelly teve que se soltar de Hugo e dar atenção a filha. Por mais triste que fosse acreditar, Hugo morreu e ela tinha que cuidar de Esther. 

- A pancada foi forte... Venha, é melhor você deitar um pouco para descansar. - Disse ela tentando raciocinar o que faria enquanto Fill vinha da lavanderia com lençóis brancos e com toda calma, tentava colocar o corpo do ex-patrão. 

- Papai morreu? - Perguntou ela diretamente, se soltando de Kelly e indo até o corpo deste.

- Sim querida. Ele levou uma facada daquele homem e infelizmente, ele não está mais entre nós. - Kelly começou a chorar outra vez, aquilo era real. Ela não estava sonhando. 

- Mentirosa! - Disse Esther  reagindo. 

- O que você disse? - Perguntou ela chocada com a reação da filha. 

- Você matou meu pai! 

- Você bateu a cabeça, não está pensando direito. Venha querida, vamos  para seu quarto descansar. - Ela tentou ser paciente. 

- Claro, mamãe. - Falou com cinismo, se agachou, pegou a faca ao lado do corto do pai e enquanto Kelly ajudava Fill a colocar o corpo de Hugo no sofá, a menina pegou a faca e fincou na mãe pelas costas. 

- Oh!!! Esther!!! - Gritou Kelly caindo em cima do corpo de Hugo. 

- Vaca!!! Eu te odeio! Te odeio mamãe! - E a menina tirava a faca de cobre e fincava múltiplas vezes pelas costas de Kelly que sangrava e ofegava, na ultima facada atingiu o pulmão. 

      Vendo que embora a mulher estivesse sofrendo, ofegando e sangrando, alguma coisa não se encaixava. Viu no canto da escada o corpo de Zain, o Caçador que estava morto. Mexeu nele e só achou uma faca de prata. Sem saber se adiantava ou não, pegou-a e voltou até Kelly que estava se arrastando no chão. 

 - Você matou meu pai! Você tem que morrer! 

- Não! Esther! Eu não matei ... - Mas ela foi impedida de falar porque a menina a puxou pelo pé e virou-a de frente. 


          Esther estava sentada na barriga da mãe, ambas se mexiam e Kelly tentava tirar a menina, sem machuca-la, quando Esther fincou as duas facas no coração de Kelly com agressividade e raiva. Kelly parou de se mexer. Apertou o braço de Esther e tentava respirar, mas seu coração deu a última batida. A menina tirou as facas e voltou a esfaquear a mãe, sentindo certo prazer estranho nisso. 

          Enquanto ela fincava e feria o corpo de Kelly, Fill olhava tudo embasbacado. Ele não era louco de tentar fazer algo. A menina então percebeu que a mulher estava morta. Satisfeita, saiu de cima dela e rindo, ela viu uma pessoa. Alguém que estava mais em pânico do que uma criança diante do bicho-papão: Marieta, a governanta, parada na escada observando a menina que matava a própria mãe e os demais corpos e todo aquele sangue por tudo. Em ato de vida ou morte, ela fez a única coisa que pensará, sem medir as consequências. 

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Oiii oii Amores... Então, esse é o penúltimo capítulo... O próximo é o ultimo. 

Mas não deixe de ler e peço que leia também os créditos que postarei amanha, juntamente com o capítulo 100. 

Boa noite amores! 

Bjocasss da Bruxa! 

A prisioneira do Metamorfo - Livro 1Onde as histórias ganham vida. Descobre agora