70: Vermelho como sangue

71 7 212
                                    

Tudo era vermelho. Essa era a cor que predominava independente de para onde olhava. Uma escuridão que apenas se banhava da luz vermelha, como em uma boate. Nas paredes cortinas negras e grossas enfeitavam, e no ar predominava uma neblina de fumaça e o cheiro de álcool e sexo. Uma grande cama de casal era a coisa mais visível naquele cômodo, com seus lençóis de seda tão vermelhos quanto o restante do quarto, com cortinas também negras penduradas como um véu. Em cima da cama meia dúzia de mulheres completamente nuas e chapadas, rindo, fumando, se beijando, e meia dúzia de homens igualmente nus e no mesmo estado. De calças recém postas e o peito e costas cobertos por tatuagens, um homem alto estava de pé, penteando os cabelos negros levemente cumpridos para trás e acendendo um cigarro nos lábios. Com extrema calma se dirigiu até a escrivaninha ali, passando por corpos mortos no chão, sujando seus pés de sangue sem se importar. Uma música psicodélica tocava e se misturava com as risadas e gemidos dos corpos embriagados na cama. De frente para a mesa, o homem de físico definido e firme tateou as folhas espalhadas por ali, cartas. Pegou uma, virou do avesso, lendo o verso, e então pegou outra, e mais outra, até encontrar a que estava procurando e abrir o envelope. Leu a carta com uma mão, a outra usando para tragar o cigarro.

Sobre os lençóis uma mulher gemeu. — Volta pra cá, vamos nos divertir mais um pouco.

O homem continuou lendo sua carta, depois a colocou sobre a mesa e puxou uma caneta tinteiro, assinando sobre o papel e o devolvendo ao envelope, o lacrando com um selo vermelho com carimbo de dragão. A porta do quarto se abriu sem nenhuma cerimônia e o homem olhou para ela com seus olhos afiados.

— Fai Lin, até quando vai ficar se divertindo? Temos assuntos para resolver. — quem disse foi um garoto mais novo, cabelos roxo e vestido em roupas escuras.

— BongIn, não gosto que entre sem bater. — sua voz estava calma, mas algo nela alertava todos os sentido de perigo do sobrinho, que mesmo assim não recuou.

Entrou dois passos para dentro do quarto, suas mãos soltavam leves espasmos. — Fazem dias desde que eu consegui os explosivos, e você ainda não me disse nada.

Com um sorriso calmo no rosto, Fai Lin se aproximou devagar, ficando de frente para o sobrinho com o tronco tatuado e nu amostra. — Vejo que ainda não se recuperou muito bem. — colocou uma mão sobre o ombro de BongIn, que soltou uma pequena careta de dor e ficou mais tenso.

— Estou bem melhor.

Fai Lin apertou seu ombro, ao que o sobrinho grunhiu contido de dor, o Yang continuou com o sorriso no rosto, quase inofensivo (visualmente). — Coitado do meu sobrinho, meu maninho iria ficar tão preocupado. — puxou a gola da camisa do menino para baixo do ombro, mostrando suas ataduras ali e com a outra mão tirou o cigarro dos lábios. — Com suas mãos tremendo assim pode ser muito perigoso usar uma arma.

BongIn fez uma careta. — Eu ainda consigo usar.

O Yang apagou o cigarro no pescoço do sobrinho, que aguentou a dor com mais uma careta. — Será que pode?

Atrás do de cabelos roxos um homem mascarado apareceu, trazendo uma menina pelos cabelos, que chorava. — Licença, senhor, encontramos ela.

Fai Lin puxou o sobrinho para o lado e foi até a porta, olhando para o rosto molhado da menina mais baixinha. Ela vestia apenas uma camisola e seus cabelos castanhos estavam embolados na mão do capanga. Yang sorriu calmo. — Você é realmente rápida para fugir. — a menina tinha um olhar assustado e não conseguia dizer nada, o chinês olhou para seu capanga. — Solte a garota, está a assustando.

O homem soltou, e a menina cambaleou um passo para frente, agora olhando para o chinês muito mais alto que si. Deu um sobressalto ao sentir a mão do maior sobre seu braço, e ele apenas sorriu. — Venha. — e puxou ela, que só conseguiu seguir sem reação ao ver os corpos mortos e espalhados pelo chão. — Fique paradinha aqui, okay? — dizia com um sorriso doce, e se virou para a porta, indo até lá e pegando a arma do seu capanga, depois entregando na mão de BongIn. — Atire nela. — o sobrinho o olhou com o cenho franzido, depois para a menina, que deu dois passos assustados para trás, tropeçando nas pernas de um defunto e caindo sentada no chão, com as costas tocando a cama. — Não se mecha querida, pode ser perigoso. — dizia com seu sorriso tranquilo.

Black X WhiteWhere stories live. Discover now