19: Torre do dragão

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Kihyun corria pelo corredor da casa com seu pai correndo atrás de si gritando ordens. Entrou em seu quarto, batendo a porta em um baque e a trancando em seguida. Com as costas encostadas na madeira, escuta as batidas altas de seu pai, tentando inutilmente a abrir.

— Abra já essa porta! — Continuou batendo.

— Me deixa em paz! — Gritou de volta.

As batidas cessaram e então o garoto de 12 anos ouviu os passos de seu pai sumindo no corredor. Yoo desencostou as costas da porta e correu para seu armário, pegou uma mochila e começou a enche-la de roupas. As lágrimas rolavam por seu rosto, seus cabelos pretos estavam desgrenhados pela briga que teve com o pai mais cedo, seus braços estavam roxos em algumas áreas, marcas de dedos rodeavam seu pulso magro. Assim que terminou, pôs a mochila nas costas e nesse exato momento a porta foi aberta por seu pai, que tinha uma chave extra. Kihyun o encarava surpreso e assustado, enquanto o maior olhava para o filho com um misto de raiva e desgosto.

— Que mochila é essa? Onde você pensa que vai?

Yoo recuperou o pouco de coragem que ainda lhe restava. — Eu vou embora.

Passou pela porta, mas seu pai o segurou. — Você não vai sair dessa casa! — Falou quase gritando. Kihyun tentou se soltar, mas o maior apenas o empurrou contra a parede e sua mochila, que estava em apenas uma alça, caiu no chão. — Vai pagar por tudo que fez.

— Eu não fiz nada. — As lágrimas desciam, mas ele não vacilou na voz. — A culpa não foi minha, a mãe foi embora porque você não consegue controlar a sua raiva. Porque você é violento.

— Foi você quem pôs ideias na cabeça dela. — Se aproximou do filho. — Se não fosse por você, ela ainda estaria aqui.

— Não, ela estaria morta! — Seu pai lhe deu um tapa estalado no rosto. Yoo piscou, afastando as lágrimas e voltou a encarar o mais velho, com ódio, rancor e mágoa. Pegou sua mochila no chão e se apressou para fora da casa. Quando estava a poucos passos da saída, ele ouviu:

— Se você sair por essa porta, não será mais meu filho!

Ele parou de andar por um instante. — É tudo o que eu mais quero. — E foi até a porta, passando a mão na maçaneta e a abrindo.

— Você é igual a mim. Não esqueça disso. — Essa foi a última coisa que ouviu do pai antes dele morrer semanas depois.

Quando atravessou a porta, ele estava com 15 anos, estava um pouco mais alto, mas ainda magro. Tinha sua calça rasgada não intencionalmente, vestia um casaco azul-escuro sujo de sangue nas mangas e com capuz, suas mãos também estavam sujas de sangue, em sua bochecha havia um band-aid com desenho de bichinhos, embora tivesse 15 anos, parecia uma criança assustada e sem teto. Ele tinha a cabeça baixa, olhando para as mãos sujas, estava sentado em um sofá encolhido, parecia extremamente assustado. A sua frente se agachou um garoto de cabelos negros e olhos puxados de forma felina, ele sorriu para Kihyun.

— Não tenha medo, você está seguro com a gente. — Kihyun levantou o olhar. O sorriso do maior a sua frente o tranquilizava. — Meu nome é Song Gunhee Inagawa, como você se chama?

— K-Kihyun. — Falou baixo. — Yoo Kihyun.

Sorriu mais. — Woah, que nome bonito. Temos a mesma idade, não é? Sou de junho, e você?

— Novembro.

— Então eu sou seu Hyung. — Falou. Embora tivessem a mesma idade, Gun parecia bem mais velho e naquela época era maior que Kihyun. — Eu soube que você está a três anos na rua, é verdade? — Kihyun assentiu. — Não precisa mais se preocupar com isso, agora você tem uma casa e uma família.

Black X WhiteWhere stories live. Discover now