64: Mentes nebulosas e traumatizadas

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Assim que o rosto de Hyungwon se virou para o seu, Shownu quase pôde ver todos os seus traumas em seu olhar. Por um instante o mais velho se surpreendeu pelo peso em sua expressão e prendeu o foco em seus olhos aguados, recobrando o juízo ao ouvir seu nome ser pronunciado pelo mais novo.

Shownu se aproximou alguns passos com cautela, a chuva ainda caindo forte e embarrando o coturno nos seus pés. Em uma distância considerável ele estendeu a mão. — Vem, segura minha mão.

Hyungwon olhou para sua mão estendida e depois para seu rosto, em silencio apenas o mirando por um tempo. Era visível a preocupação do Son e Hyungwon não gostava de ver essa expressão em seu rosto. Ele sabia o motivo de sua preocupação. Por fim Hyungwon suspirou, se sentindo envergonhado pelo que Shownu ouviu de Kihyun e pôr o ver naquele estado, mas se virou por completo e segurou sua mão. Naquele momento o mais velho o puxou rápido para um abraço, visando desesperadamente o tirar da beira do penhasco. Uma de suas mãos estava na nuca do Chae, o puxando para repousar a cabeça em seu ombro. A única coisa que Shownu disse foi: — Vamos sair da chuva.

Puxou pela mão o Chae até estar dentro de seu carro, mas não deu a partida. Hyungwon estava sentado ao seu lado em silencio. — Você me preocupou.

Hyungwon enfim o olhou. Não chorava mais, mas tinha uma expressão apática. — Desculpa.

Shownu devolveu o olhar com certa tristeza. — Você pode conversar comigo, Hyungwon.

— Eu sei. — deu um sorriso fraco. — Estou melhor agora. Apenas me surpreendi pelo que Kihyun falou...

Shownu repousou sua mão sobre a de Chae. — Sei que não é um assunto fácil, mas você não precisa ter vergonha perto de mim. O que Kihyun falou foi muito pesado, não tem como você simplesmente estar bem agora.

Hyungwon pareceu se controlar para não chorar de novo, mas suspirou como se estivesse cansado, repousando a cabeça para trás com os olhos fechados. — Dizem que precisamos falar sobre nossos traumas para superá-los, mas eu apenas gostaria de esquecer de tudo.

— Você não precisa me contar nada, mas se quiser... — ele apertou um pouco sua mão. — Se quiser, eu estarei aqui pra te ouvir.

Com a fala o menor abriu os olhos e olhou para o rosto de Son, refletindo em seus olhos a compreensão e paciência que ele sempre tinha. Por um momento ficou apenas o olhando, como se o admirasse, mas depois aproximou seu corpo e o abraçou pelos ombros, sem dizer nada. Shownu também não disse, e apenas retribuiu da forma mais confortável e acolhedoras que conseguia, esfregando levemente a palma de sua mão nas costas do outro.

— Melhor eu te levar para o hotel antes que pegue um resfriado.

Hyungwon se afastou. — Antes da gente ir, eu preciso te falar uma coisa.

— O que é? — dizia com a voz macia.

— Sobre o que Kihyun falou... — começou, ficando envergonhado e meio desconfortável. — Eu queria explicar.

— Você não precisa. — Shownu falou com certa preocupação.

Negou com a cabeça. — Preciso. Estamos juntos, isso não se trata só de mim. Além disso eu sei que você está preocupado com o sexo casual que tínhamos. — Shownu não respondeu, mas era verdade. — Quero que você saiba como tudo começou.

Enquanto Hyungwon falava, o Son não ousou abrir a boca em nenhum momento, apenas entrelaçava seus dedos aos do mais novo, lhe passando segurança. O Chae contou tudo de seu passado, eventualmente derramando algumas lágrimas e tendo alguns espasmos, pela chuva e pelas lembranças. Shownu ficou horrorizado com o que ouviu, e quando Hyungwon chegou na parte de "depois disso passei a usar o sexo como moeda quando queria alguma coisa e me acostumei a transar sem nenhum sentimento ou vontade", o Son se preocupou quanto a relação que mantinham antes, afinal a primeira vez que transaram, no mesmo lugar que estavam e no banco de trás daquele carro, foi apenas para Shownu esquecer Minhyuk.

Black X WhiteWhere stories live. Discover now