38: Café, sonífero ou tequila?

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— Você vai sair? — Hyungwon perguntou para Kihyun, que vestia um moletom.

— Vou, preciso resolver uma coisa.

Hyungwon pegou as chaves no bolso. — Eu te dou uma carona.

Kihyun anuiu e ambos saíram da casa. Hoseok estava ocupado na oficina, Gun estava por aí fazendo alguma coisa de Kobun que Kihyun insistia que não se importava, e Changkyun havia sido chamado pelo Oyabun e ainda não havia voltado, então a casa estava agora completamente vazia. Os dois entraram no carro e, após Kihyun dizer seu destino, Hyungwon acelerou. Kihyun estava em silêncio como de costume, mas Hyungwon, como bom observador que é, notou que ele parecia mais distante e pensativo do que o normal.

— Se pensar demais vai acabar fritando os circuitos.

— Hum? — Olhou para Hyungwon. — O que disse?

O Chae riu leve. — No que está pensando tanto?

— Ah... nada demais.

— Qual é? Você não me engana, Kihyun. Se estiver preocupado com algo pode me contar.

O Yoo pareceu cogitar. — São só alguns problemas, não é nada.

— Tudo bem, não me conte então. — Falou compreensivo, prestando atenção na estrada. — Mas vê se toma cuidado com esses seus segredos, está bem? Não é saudável guardar tudo para si.

Kihyun sorriu de canto. — Olha quem fala, você vive escondendo seus problemas como se não existissem.

— Não sei do que está falando.

— Fingir que não aconteceu não vai fazer com que realmente não tenha acontecido.

Hyungwon o olhou com o cenho franzido. — Como sabe sobre isso? Eu nunca contei para ninguém.

— Eu não sou tão observador quanto você, mas sobre dor eu entendo. — Falou olhando para fora da janela.

O Chae o analisou. — Kihyun, por acaso você...

— É aqui. — Falou antes que o outro completasse a pergunta. — Obrigado pela carona.

Kihyun desceu do carro antes que o maior pudesse dizer algo. Hyungwon já estava acostumado com o comportamento do Yoo e somente deu a partida no carro, em direção ao seu destino.

Nas ruas de Daejeon o rosado andava com suas roupas pretas e mochila nas costas. Felizmente para Kihyun, Hyungwon havia o deixado a uma quadra de seu destino, portanto não precisou andar muito para chegar ao bar com nome de fruto do mar. Não era um bar muito receptivo e nem muito limpo. Se fosse para comparar, diria que parecia uma convenção de caminhoneiros famintos e caçadores de guaxinins. O estilo rustico do local outrora agradaria Kihyun, se este não estivesse com um odor estranhamente conhecido para ele.

— Finalmente apareceu, eu já estava cavando uma cova para ele. — O barmen gordinho e forte falou assim que avistou o Yoo.

— Aproveita e cava uma para você. — Falou com uma careta, como se sentisse um cheiro ruim, e se sentou em uma cadeira no bar. — Água.

O homem sentado ao seu lado lhe encarou com dúvida no rosto enquanto o barman buscava uma garrafa para si. — Água?

— Eu não posso beber. — Deu de ombros e pegou a garrafa oferecida, jogando umas moedas em cima da mesa. — Ele ainda está no mesmo lugar?

— Sim. — O barmen falou. — Ainda está na adega antiga e agora imunda graças a você.

Kihyun desceu do banco do bar e foi até a esquerda, ignorando o comentário do homem. Como já sabia o caminho apenas seguiu em frente e desceu as escadas até uma porta metálica e enferrujada e a destrancou do trinco, entrando e a fechando atrás de si. A adega estava mergulhada na completa escuridão e apenas o cheiro de pó, vinho e sangue se podiam definir. Ele levou a mão até a parede e apertou no interruptor, acendendo uma fileira de luzes esverdeadas. Garrafas de vinho se viam nas estantes dos cantos e no centro do cômodo, amarrado sentado no chão à uma pilastra, estava uma figura masculina em roupas escuras com a cabeça pendida para baixo. Abaixo do rapaz sangue seco coloria o chão.

Black X WhiteWhere stories live. Discover now