63: A história de Hyungwon

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Tudo começou quando tinha 5 anos. Seus pais já estavam separados há um ano, mas ainda moravam juntos, pois segundo Chae Daeshim, seu pai, seria o melhor para o filho. O único problema é que sua mãe não aceitou muito bem a separação, querendo sempre reatar, e por conta disso viviam brigando. Os papeis do divórcio ainda não tinham sidos assinados e era basicamente isso, e a guarda do pequeno Chae, que causavam as brigas.

Chae Jang-mi foi mãe cedo, teve depressão pós-parto e tinha dificuldades em tomar esse papel materno, já que nunca teve uma figura do tipo para lhe servir de exemplo, mas até então nunca tinha feito nada com Hyungwon.

Mesmo morando juntos, seu pai ficava muito no trabalho e muitas vezes dormia no hotel em que gerenciava, para evitar ou fugir das brigas. Por mais que tentasse não prejudicar o filho com seu relacionamento conturbado prestes a acabar, era difícil permanecer na mesma casa que Jang-mi, e ele foi se afastando cada vez mais.

Hyungwon se sentia meio assustado com a situação, e via sua mãe sempre de mau-humor e estressada. De início ela apenas gritava com ele se ele demorava muito para se arrumar para o colégio, ou se derramava suco de uva no piso, mas seu comportamento só foi piorando.

— Hyungwon, anda logo, sua van já vai chegar. — Jang-mi gritava da cozinha, com uma caneca de café em uma das mãos e um cigarro na outra.

O Chae, que não queria irritar a mãe, apareceu depressa, com a camisa do avesso e a mochila nas costas. — Já tô pronto. — disse depressa e foi até a mesa redonda de mármore, alcançando o copo de leite que estava ali em cima e o segurando com as duas mãos para beber.

A mulher esmagou a bituca de cigarro no cinzeiro e repousou a caneca na pia. — Não consegue nem colocar uma camisa direito. — e arrancou o copo das mãos do filho, o largando na mesa. Hyungwon se assustou. — Por acaso tá fazendo isso de propósito pra me irritar? Você sabe como suas professoras ficam me enchendo o saco depois. — e puxou a mochila das costas do menor, a deixando cair no chão. — Anda, levanta os braços.

Hyungwon obedeceu depressa. Sua mãe puxou a camisa, a virou corretamente e vestiu em si, mas para sua surpresa, como punição, ela o beliscou forte nos braços, fazendo Hyungwon soltar um gritinho e lacrimejar. A van escolar buzinou na frente da casa, e então a mulher se levantou. — Pega a mochila.

O Chae tinha a expressão chorosa. — Desculpa. — e pegou a mochila no chão, colocando nos ombros.

Sua mãe não respondeu e nem se importou, apenas pegou sua mão e o puxou até fora de casa, o entregando para o motorista. Hyungwon frequentava uma escola normal, e não a da Inagawa, por insistência de seu pai, que afirmava que o filho deveria ter uma escolaridade longe da máfia. O problema é que, diferente da creche-escola da Inagawa, as professoras se importavam bem mais com os alunos e com pequenos detalhes, como marquinhas roxas nos braços das crianças.

Quando Hyungwon chegou em casa e disse que tinha bilhete no caderno, sua mãe ficou furiosa ao ler o conteúdo. A professora lhe perguntava preocupada sobre o porquê os braços do pequeno Chae tinham aquelas manchinhas. A criança já estava indo para a sala assistir desenho, quando Jang-mi o puxou pelo braço, o arrastando para o quarto.

— Você continua me dando dor de cabeça. — Hyungwon se assustou pela atitude e pela força da mão da mulher, principalmente quando ela o jogou no chão. — O que disse para a vaca da sua professora?

— N-não disse nada. — falava com lágrimas nos olhos. Ele sempre foi uma criança calma e comportada, nunca passou por situações assim, e também nunca tinha apanhado. Mas dizem que tudo tem sua primeira vez.

Jang-mi estava furiosa, e a bebida que tomou durante a tarde junto às fofocas de sua irmã só deixou a mulher mais alterada. E naquele dia duas coisas que mudariam a vida de Hyungwon aconteceram: tomou sua primeira, e não última, surra e seria transferido para a escola infantil da Inagawa. Eles moravam perto do bairro do clã, e Hyungwon já tinha ido lá várias vezes, mas agora estaria estudando lá e indiretamente entrando na máfia, coisa que seu pai tentou evitar que acontecesse.

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