61: Caçado por um cão

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Kihyun estava paralisado, olhando para o mais novo confuso. Changkyun ainda segurava sua faca na mão e parecia transtornado o bastante para ser considerado perigoso.

— Changkyun. — Kihyun falava baixo e se movimentou para fora da cama com tamanha cautela quanto um zoólogo se aproximando de uma criatura arisca. O Yoo estava agachado, com um joelho no chão, junto a mão, e a outra estava estendida. — Me dá a faca.

O Im o olhava parecendo o analisar. — Você não me respondeu. — sua voz estava mais audível do que a de Kihyun, mas baixa o bastante para não acordar ninguém. — Trabalha para Fai Lin?

— Por que está me perguntando isso? — o rosado continuava evitando a resposta. — Por que acha que eu trabalho para Fai Lin?

Changkyun pareceu hesitar. — Apenas me diga que não, e eu vou acreditar na sua palavra.

E com o dito quem hesitou foi Kihyun. A frase causava muito mais pressão do que se Changkyun tivesse apenas afirmando e o Yoo não conseguiria mentir. — Changkyun... — chamou seu nome de novo, se aproximando mais dele. — Qual o problema? Por que está agindo assim? — o Im não respondeu, mas franziu o cenho quase como se estivesse com dor. O mais velho estendeu a mão novamente, e dessa vez sua faca foi devolvida, mas Changkyun continuava com a mesma expressão dolorosa. — O que houve? Conversa comigo. — disse pondo uma mão em seu ombro.

Changkyun o olhou e em seguida fez uma careta, se levantando e correndo para fora do quarto. Kihyun se levantou depressa e soltou a faca em cima da cama, olhando para os dois kobuns e se certificando que ainda dormiam, após isso se apressou silenciosamente para fora, indo para a sala e vendo a porta do banheiro entreaberta. Se aproximou e a empurrou, vendo o mais novo de joelhos vomitando na privada.

Sem pensar muito, Kihyun apenas se agachou ao seu lado massageando, com uma das mãos, suas costas. — Não devia ter bebido tanto. — puxou um pedaço de papel higiênico e o estendeu para o garoto, que o olhou e pegou o papel, limpando a boca. Se levantaram e, após puxar a descarga e jogar o papel no lixo, Changkyun foi até a pia escovar os dentes. Kihyun apenas o olhava, agora apoiado de braços cruzados no batente da porta. — E então... quer conversar sobre o que aconteceu agora?

Após se limpar, fechou a torneira e olhou para Kihyun com certa culpa. — Desculpe por tudo aquilo... por te acusar. — o Yoo não respondeu nada, mas engoliu em seco. — Aconteceram umas coisas e isso tem mexido com a minha cabeça. — disse com um suspiro, se virando e se sentando na tampa da privada, com as mãos nos cabelos. — Achei que com o tempo me acostumaria com tudo isso de máfia, mas acho que estava errado.

— O que aconteceu? — perguntou e, após não ter resposta, foi até a frente do garoto e se agachou, pondo uma das mãos em seu joelho. — Eu posso ajudar.

Changkyun tirou as mãos dos cabelos e o olhou. — Muita coisa aconteceu. BongIn, meu emprego, os chineses. — e suspirou. — Ultimamente tenho escutado muito que não sou tão bom quanto penso, e começo a achar que é verdade.

— Chang, você acabou em uma situação inevitável, se envolveu com a máfia mais do que gostaria, até descobriu ser filho de Kakuji, e isso não é algo que dá para simplesmente ignorar. — falava com calma e tinha toda a atenção do maior. — Você, mais do que um cidadão de bem, é um médico, naturalmente tudo que você viu e viveu são contra tudo que acredita, mas a prova de que você não é ruim como pensa é justamente sua atitude agora. — o Im pareceu confuso. — Você estar tão mal, se martirizando tanto com esses pensamentos, é o que prova que só o que você tem são boas intenções, e nesse mundo caótico no qual caiu de paraquedas, você fez o melhor que pôde com o que tinha.

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