47: Eu te disse, não disse?

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Wonho seguiu Lee Sung Tae, seu pai, pelo corredor até o andar de baixo. O percurso foi em silêncio e Hoseok já imaginava as diversas reclamações que o mais velho lhe faria. Pararam de andar quando chegaram no jardim ao lado de fora da mansão. Seu pai parou se andar e se virou de frente para Hoseok.

— E então? — O Shin perguntou.

Sung Tae suspirou. — Preciso conversar algo com você.

Hoseok estava sério. — Não se preocupa que eu já estou procurando um hotel para ficar, o senhor não vai mais precisar me aturar.

— Não é isso. — Disse o homem igualmente sério. — É assunto sério, preste atenção.

O Shin cruzou os braços, estranhando o comportamento do pai. — Apanhou? — Perguntou ao notar sua maçã do rosto com um pequeno hematoma.

— Sim, e é sobre isso que eu vim falar.

— O que? A mãe te bateu? — Disse sem muita educação.

O homem negou. — Não, não foi sua mãe. Embora eu não duvide que ela queira fazer o mesmo.

Hoseok então começou a achar tudo aquilo mais estranho ainda. Quem poderia bater no seu pai? E por que? Por um momento ele imaginou algo louco, como algum membro da Yakuza que descobriu sobre ele e Minhyuk tivesse ido o caçar e atacou o seu pai, mas aquilo também não parecia fazer muito sentido.

— Se não foi ela, então quem foi? E o que eu tenho a ver com isso? — Perguntou ainda um tanto grosso.

Sung Tae parecia estar tendo dificuldade para falar, como se o que fosse dizer ferisse seu orgulho, mas respirou fundo e continuou. — Quem me bateu foi o meu chefe. — Hoseok se surpreendeu. — Simplesmente porque é homofóbico.

O Shin descruzou os braços. — Que? Mas... ele te bateu só porque tem um filho gay? — Disse um tanto preocupado, embora não quisesse demonstrar, e também culpado.

— Não, ele nem sabe sobre você.

— Então...

— Então o que eu estou tentando te dizer. — Disse e suspirou pesado. — Que o motivo para eu ter sido tão duro com você... e por ter te tratado mal esses anos todos... — O Lee ainda tinha dificuldade pra falar. — O motivo é que eu não queria que você passasse pelo que eu passei.

Hoseok ficou o olhando surpreso, sem entender nada. Ou pelo menos sem acreditar no que estava entendendo. — Não entendi.

— Hoseok, eu estou te dizendo que sou gay.

— Que?! — Disse espantado. — Mas... Você...

— Eu sei. — Suspirou. — Droga, eu sei disso. Sim, eu fui hipócrita e sei que a essa altura nada do que eu faça ou fale pode concertar meus erros, mas no mínimo quero que você entenda porque eu fiz o que fiz.

Wonho prestava atenção, ainda se sentindo extremamente chocado e irritado. — Então me explica a razão para tudo aquilo. A razão para ter tanta raiva de mim apenas pela minha orientação.

— Eu fui criado por pais militares, meu pai, acredite ou não, conseguia ser pior do que eu fui com você. Minha mãe também não era muito melhor, principalmente sendo religiosa, então eu basicamente fui criado em um regime militar e católico. Entende o que isso significa?

— Que eles eram conservadores?

— Bem mais que isso. — Disse com a expressão neutra, mas com uma sinceridade e proximidade que Hoseok poucas vezes vira. — Para eles isso era uma doença, e se era uma doença então tinha remédio. Você sabe qual era?

Black X WhiteWhere stories live. Discover now