6. One shot, one chance

118 19 21
                                    

As ordens eram claras: vá ao deposito de Kart e interrogue-o. Kihyun cumpriu sua missão muito bem, aliás, bem até demais, mas não esperava que ele desse tantas informações.

Kihyun estava neste exato momento em uma casa velha localizada no meio de um beco sujo e esquecido de Incheon, mais especificamente em um cômodo que ele deduziu ser o escritório, mas que poderia ser facilmente confundido com um banheiro público de beira-de-estrada. Imagine um quarto de tijolos sem reboco, tamanho 7x9, um sofá-cama desarrumado e cheio de revistas pornô espalhadas por cima, muita poeira em todos os móveis, uma lâmpada amarelada pendurada no teto apenas pelos fios elétricos e balançando, dando uma iluminação precária para o local, tênis de corrida sujos e fedidos jogados ao lado de uma tigela de macarrão instantâneo no chão, meias e cuecas com odor desagradável espalhas pelos cantos, um vaso sanitário deitado e rachado no canto da sala, como se a pessoa estivesse com preguiça de estala-lo no banheiro, uma televisão antiga e grossa que passava um programa de leilão de maquinas agrícolas e tudo em preto e branco. Terrível, não é?! Agora imagine uma balança e saquinhos de drogas em cima de uma mesa lotada de filmes pirateados e celulares roubados e para piorar, o odor de esgoto, mofo e pizza estragada, tudo misturado. Esse era o inferno na terra, mais conhecido como casa do Kart.

— É sua última chance de falar, Kart. Quem foi que mandou mudar a rota dos lotes?

Kart se via preso firmemente em uma cadeira, as pernas amarradas às da cadeira e os pulsos amarrados nos braços da mesma. Um corte profundo se via em seu antebraço e hematomas no rosto, seus cabelos oleosos estavam desgrenhados, sua barba malfeita com direito a costeleta e tudo. Kart não era asiático e nem tinha a fisionomia de um, na verdade ele era um australiano muito parecido com uma mistura estranhamente feia de um viking e um mexicano. Nariz grande, pele em um bronzeado que lembrava ferrugem, dentes podres de fumo, olhos esbugalhados e avermelhados. Suas roupas esfarrapadas e sujas faziam-lhe parecer um sem-teto que havia fugido dos campos nazistas de concentração, e sem dúvida parecia um viciado em heroína. Kihyun tinha sua faca a milímetros da artéria do pescoço do homem. Não foi difícil para o Yoo amarra-lo, ele tinha prática em missões desse tipo, mas também não saiu ileso, pois adquiriu um pequeno corte no pescoço e alguns hematomas espalhados aleatoriamente.

— Eu já disse que não sei de nada, eu sou só o entregador. Quem cuida de tudo é o Kwangji. Você está interrogando a pessoa errada. — Kihyun aproximou mais a faca do pescoço, fazendo escorrer um filete de sangue do local. — Espera!

— Eu não tenho o dia todo, Kart e você também já quebrou as regras muitas vezes, te matar seria muito fácil para mim.

— Tudo bem! Olha, um dia eu fiquei até tarde trabalhando e ouvi Kwangji falar ao telefone com alguém. Eu não sei quem era, mas ouvi ele dizendo que mudar a rota traria muitas consequências.

— Mas ele fez assim mesmo, não é? — Kihyun recolheu a faca.

— Você sabe como ele é. Impossível e não segue ordens. Mas ele também não é burro, afinal, pagando bem, que mal tem?

Kwangji era imprevisível, dono da maior boca de tráfico de entorpecentes e armamentos da Coreia. Ele entregava lotes para todo tipo de gente, exportava e importava produtos, tudo fora da lei, obviamente. Ele nasceu em Toyota, mas a cerca de quatro anos se mudou para a Coréia, sendo o maior distribuidor do país. Tanto a Towa-kai quanto a Inagawa-kai faz negócios com ele, portanto, era um homem de muitas informações.

— O que mais você sabe?

— Eu sou um cara de muitos contatos, mas não sei muita coisa sobre isso! — Admitiu. — Tudo indica que foi a Towa-kai que mandou desviar a rota, mas eu não contaria muito com isso.

Black X WhiteWhere stories live. Discover now