7: O passado retorna

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Changkyun não sabia o que lhe esperava. Enquanto Minhyuk o arrastava pelos corredores tumultuados da mansão, teve o vislumbre de Jooheon saindo do quarto. Lim esperava ver um ferido, um homem com um tiro no pâncreas, sem uma perna, talvez até com uma flecha na cabeça, mas não esperava ver um cachorro aparentemente sem raça deitado no chão e sangrando. E não, ele não se referia ao Inu.

- Chang, você pode salvar ele?

Changkyun se ajoelhou na frente do cachorro que gania. - O que aconteceu com ele?

Ele não se lembrava de ter visto cachorros por ali, mas como havia um canil, também não duvidou que houvesse. O cão era de estatura mediana, pouco mais baixo que um dálmata, sua pelagem era curta e de um marrom amarelado com manchas marrom-escuro avermelhadas perto do focinho e no tronco, também aparentava já ser bem velhinho, o ferimento estava localizado na pata dianteira direita.

- Ele escapou do canil e foi para a floresta, tinha algumas armadilhas lá e ele acabou pisando em uma. - Explicou Minhyuk se ajoelhando ao outro lado do cachorro, ficando de frente para Chang.

O rapaz se lembrava que nos fundos da mansão havia uma espécie de floresta, não era grande, para falar a verdade, estava mais para um bosque ou um vale, mas de qualquer forma não seria difícil se perder lá.

- Você pode salvar o Moeme?

- Minhyuk, eu sou um médico, não um veterinário. - Falou vendo a expressão decepcionada no menor. - Precisamos levar ele para um veterinário de verdade.

- Não vai dar tempo, olha o estado dele. - Minhyuk falou, seus lábios tremiam. - Você é médico, sabe que ele não vai suportar até lá.

Chang analisou o Moeme, ele perdia bastante sangue pela pata, seus olhos estavam com remelas e o focinho estava seco, seus ganidos estavam passando para um ronronar e levando em conta sua idade, tornava essa possibilidade maior ainda. Ele não precisava ser veterinário e nem um gênio para saber que o animal estava morrendo, mas nunca havia feito uma cirurgia em um cachorro. Era arriscado.

Jooheon finalmente havia aparecido, empurrou algumas pessoas do caminho e se ajoelhou ao lado de Chang.

- Moeme! - Arregalou os olhos. - O que... - Levantou os olhos para Chang. - Você pode salva-lo?

Chang olhou para Minhyuk que estava quase chorando, para o cachorro que começava a fechar os olhos, já sem forças e para Jooheon, que, embora ele tentasse não transparecer, estava bem nervoso e Chang notou isso pelas suas mãos que tremiam. Nunca havia visto ele tão nervoso em todo o pouco tempo em que se conheciam. Ou Jooheon tinha muito afeto por cachorros, ou tinha muito afeto por esse em específico. Chang se lembrou de quando era pequeno e havia ganhado um peixinho dourado no seu aniversário de adoção, sua nova família era maravilhosa, mas o irmãozinho não. Ele havia posto areia ao em vez de ração no potinho de comida do peixe e Chang não reparou a diferença, durante uma semana alimentou o peixe com areia e ele acabou morrendo de fome, quando acordou de manhã para alimentar seu amiguinho dourado e viu ele de ponta cabeça boiando na água, ele sabia que havia morrido. A dor que sentiu por perder o peixinho foi grande, principalmente por ser uma criança, mas foi mais triste ainda quando ele teve que se despedir honradamente dando descarga nele. Ele fugiu de casa depois disso.

- Eu... - Olhou para o cachorro. - Posso! Eu vou salvar ele! - Falou decidido. - Tem anestesia?

- Não. - Falou Jooheon.

- Tudo bem, teremos que fazer sem, então. - Levantou delicadamente a patinha do animal, analisando o ferimento. Parecia que ele havia pisado em uma armadilha para ursos tamanho PP. - Preciso de toalhas, uma bacia de água quente, mas não muito, uma tesoura, uma agulha e um barbante. E também de álcool.

Black X WhiteWhere stories live. Discover now