54: Potion

28 6 0
                                    


Para o alívio de Changkyun, os chineses não estavam tão machucados quanto ele imaginou (claro que ele nem fazia ideia de como estava BongIn). Quando terminava de fazer os curativos em um, algum membro da Towa aparecia para o levar de volta para sua cela. Dos sete pacientes, já estava no quarto.

Limpou os cortes e depois colocou ataduras por cima, passou pomada em alguns ferimentos inchados e salompa em regiões doloridas. — Dóis em mais algum lugar?

O chinês negou com a cabeça, mudo, e Changkyun chamou o próximo, enquanto o anterior já era levado para fora. — Olha, tenho que admitir, nunca vi uma prisão como essa. Cinco estrelas. — Changkyun não tinha certeza se era alguma piada, mas deduziu que sim.

— Tire a blusa. — O outro obedeceu e o médico começou os curativos.

— Por que se importar com nossos machucados se vamos morrer de qualquer forma? — O rapaz continuava falando. Ele parecia ser jovem, em torno dos 21 anos.

Changkyun terminou os curativos de seu tronco e foi para o rosto. — Quem disse que irão morrer?

O mais novo riu. — Isso é óbvio. Nossa única utilidade é de dar toda a informação que pedem, depois disso não serviremos de nada. BongIn talvez viva como moeda de troca ou chantagens, mas nós somos apenas carne podre.

— Como você disse... — Terminou os curativos do rosto. — Não tem porque eu cuidar de vocês se é apenas para morrerem. Acredito que não irão matar vocês.

— Então você é muito ingênuo. — Respondeu e Changkyun se sentia estranho. Ele era um rapaz muito novo para ter tanta melancolia, lhe lembrava um pouco de Kihyun.

O Im pegou a salompa adesiva e colocou nos ombros do rapaz. — Você é chinês? Fala coreano muito bem.

— Sou coreano.

— E por que foi para a máfia chinesa?

O garoto o olhou. — E você? Por que está na máfia japonesa?

— Não foi exatamente uma escolha. — E terminou seu trabalho. — Pronto. Dói em mais algum lugar?

— Sabe, você parece ser uma boa pessoa. — Como resposta colocou a camisa de volta. — Se quer uma dica... saia da máfia enquanto pode.

E voluntariamente andou até o membro da Towa que o esperava, virou de costas e estendeu os punhos e o homem colocou uma abraçadeira de plástico, unindo os pulsos. O rapaz sumiu da enfermaria e outro chinês se sentou na maca, tirando a blusa antes mesmo que Changkyun pedisse.

Ele terminou de tratar todos os pacientes, mas continuava pensando no que ouviu do rapaz. Sua consciência pesava sem saber ao certo o motivo. Suspirou e se virou, vendo Jooheon parado na porta de braços cruzados, encostado com o ombro no batente.

— Desde quando está aí?

Jooheon descruzou os braços e se desencostou na porta, andando até o mais novo. — Não muito tempo. — Quando ficou de frente para o Im, recebeu um abraço dele, que o surpreendeu um pouco. — O que houve? — Devolveu o ato, abraçando seus ombros e com uma mão fazendo carinho em seus cabelos.

Um longo suspiro deixou seus lábios. — Estou confuso.

— Com o que? — Sua voz saía calma e paciente.

— Eu já não sei se sou uma pessoa boa.

E por um instante Jooheon ficou em silêncio, pois entendia aquele sentimento. — Foi pelo que BongIn falou ontem?

— As circunstancias. Eu me vejo em um lugar que nunca imaginei estar até pouco tempo, e eu gosto de estar aqui. Isso me assusta. — Dizia com sinceridade. Era bom ter alguém com quem pudesse conversar essas coisas. — E se... e se eu estiver afundando nisso?

Black X WhiteWhere stories live. Discover now