55: O julgamento

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Em um primeiro momento Jooheon ficou apenas encarando surpreso Kihyun, com a mão ainda em seu ombro. O Yoo tinha o rosto baixo, e não falava nada.

— Kihyun, o que o Gun falou.

— Você não precisa fazer isso. — O rosado o cortou, falando com a voz meio embargada, mas claramente se controlando muito. — Apenas me ignore.

Jooheon podia não ser íntimo do outro, mas não gostava daquela atitude. — Como eu poderia ignorar? Kihyun, você não está bem.

— E quem se importa? — Seu rosto continuava sem fitar o maior.

A fala fez com que o Nomura se sentisse mal, não culpado ou com pena, apenas mal. Jooheon via uma ferida no outro, uma antiga, e conseguia sentir que o mais velho havia passado por muita coisa que ele não fazia nem ideia. Kihyun sempre odiou demonstrar suas fraquezas na frente dos outros, mas no momento ele estava realmente abalado, simplesmente porque tudo o que ouviu da boca de Gun, daquele que gostava, era o mesmo que ouvia de todos, o mesmo que ouviu do seu pai, de Fai Lin e, pior, o mesmo que ele pensava de si próprio.

Jooheon sentiu o outro se quebrar e viu quando este tentava furiosamente conter as lágrimas. Aquilo parecia cansativo e doloroso, e mesmo não significando nada para Kihyun, o Lee levou a mão que estava em seu ombro até a nuca, e o puxou para um abraço pelos ombros.

— Me solta! — Kihyun tentava empurrar o outro, desfazer aquele ato, mas Jooheon apenas sustentou o abraço.

— Eu não sou seu inimigo, Kihyun. — E sua voz saía calma e paciente.

Mas o Yoo continuava tentando o afastar. — Eu não preciso disso, eu estou bem! — Só que a essa altura sua voz já estava embargada pelo choro, o que contradizia o que sua boca verbalizava.

— Está tudo bem. — E essa frase dizia que o outro não precisava se fazer de forte.

Kihyun parou de bater e empurrar o peito do mais novo e levou as mãos até o próprio rosto, cobrindo os olhos enquanto se deixava chorar, já não conseguindo segurar. Talvez se não tivesse sido abraçado, teria conseguido.

Mesmo o abraço sendo de um, praticamente, desconhecido, era um ato de conforto que Kihyun precisava, mesmo que negasse firmemente a isso. Ele carregava peso demais nas costas e negligenciava sua própria dor, tentava resolver tudo sozinho e já estava acostumado a se sentir assim, sozinho, mesmo rodeado de pessoas.

Seu choro não era muito barulhento ou compulsivo, mas era pesado e triste, uma tristeza que não se espera encontrar em uma pessoa tão jovem. Aos poucos ele foi se acalmando, seus ombros pararam de tremer e ele então parou de chorar. Fez um movimento para sair do abraço e só então Jooheon afrouxou os braços e permitiu.

O Nomura ficou olhando para o menor, esperando alguma reação, enquanto Kihyun secava o rosto com certa irritação. — Droga, eu não acredito que fiz isso na sua frente.

Embora a situação, Jooheon não conseguiu evitar rir fraco. — Deixa de ser orgulhoso. — E então o rosado terminou de secar as lágrimas, se recompondo o melhor que conseguia. — Está melhor?

— Não sei. — Disse ainda demonstrando mágoa.

Jooheon pensou no que podia falar ou fazer para ajudar, e então se lembrou de algo. — Hey, eu quero te mostrar uma coisa.

Kihyun arqueou uma sobrancelha. — O que é?

— Me segue. — Disse e começou a andar em direção ao bosque.

Mesmo estranhando, ele o seguiu. Jooheon passou por umas arvores e foi indo mais para dentro do bosque. Para Kihyun as árvores eram todas iguais, mas o Lee parecia saber exatamente para onde estava indo. De repente parou de andar e apontou para umas pedras.

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