Bônus - Teodoro

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Como o prometido.... 

Fim de semana cheio de luz <3 

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Minha cabeça não para de pensar um minuto sequer no que teria acontecido se eu não chegasse a tempo. Eu não pretendia ir até a casa da Ali hoje, decidi por impulso, o que poderia ter acontecido se eu não tivesse seguido esse impulso?

Estava em casa com bastante trabalho para fazer, mas sem saco para fazer nenhum. E me deu vontade de ir ver a Ali e conversar sobre o que a gente achou na casa do meu irmão hoje e ao chegar lá eu vi um casal se pegando no muro da casa dela. No começo eu pensei: sortudos. Até que eu percebi que a garota não estava a fim daquilo, e ao chegar perto eu a ouvi chorar e implorar. Não percebi a hora que eu estava o batendo e machucando-o. Quase não parei, até que o seu choro me chamou a atenção.

Aproximei-me dela depois de notar que o porco nojento já estava desacordado. Ao olhar em seu rosto, eu a reconheci. Charlotte De La Cor. Ali já havia falado muito sobre ela e me mostrado algumas fotos das duas. A achei linda a primeira vez que a vi, nas fotos. Até mesmo em uma fotografia ela se mostrava forte e independente, imaginei-a como uma mulher divertida e autônoma, mas a mulher que estava ali, parecia vulnerável e em pedaços. Tentei não sentir pena, mas foi impossível.

Senti-me na obrigação de resolver tudo para ela, e assim eu fiz. O sobrenome Basset pode ter sido manchado por conta do meu irmão, mas ainda me dava alguns privilégios.

Durante todo caminho para a delegacia eu a olhava pelo espelho e a via perdida em pensamentos, por vezes abri a boca para lhe deferir palavras de conforto, mas não consegui.

Prestamos queixa e ela foi dar seu depoimento ao delegado, enquanto eu continuava cuidando de alguns assuntos burocráticos. Quando ela chegou na sala em que eu estava, com o olhar de puro ódio, totalmente diferente da menina assustada que havia saído dali, minhas sobrancelhas se juntam e eu pergunto o que aconteceu. Ela esbraveja e sua voz é tão estridente quando grita sua insatisfação com a legislação brasileira que eu não sei o que falar, apenas sigo a vontade quase incontrolável de abraçá-la. Adoraria poder ir embora daqui com ela, mas não posso, preciso dar o meu depoimento. Olho para o lado da parede e vejo um conjunto de cadeiras e a levo até lá. Faço com que ela se sente, e seguro seu rosto fazendo com que ela mantenha a atenção em mim.

— Olha, eu preciso ir até a sala do delegado dar meu depoimento. — Ela fez menção de falar, mas eu a calo. — Por favor, Charlotte, não discuta, você sabe muito bem como é esse processo. Eu vou até lá, dou meu depoimento o mais breve possível, e volto para te levar pra casa, tudo bem?

Vejo-a respirar fundo e se conter. Em seguida balançar a cabeça afirmamente.

Caminho em direção a sala do delegado e sinceramente ao olhar para ele, eu senti uma vontade insolúvel de voar em seu pescoço. Nunca fui um bom rapaz e sinceramente sempre preferi resolver as coisas na base da porrada. É o método bem mais eficaz, com um dente quebrado e o maxilar dolorido torna mais difícil para o cidadão abrir a boca para falar merda.

Eu só não fiz isso dessa vez, por alguns motivos bem relevantes. Presto meu depoimento, ignorando a ironia indelicada e antiprofissional do delegado. Entendo agora o motivo da Charlotte ter saído tão afetada dessa sala, esse delegado é simplesmente intragável. Sua arrogância e sua falta de profissionalismo tira qualquer resquício de controle do nosso ser.

Caminho a passos largos até chegar perto de Charlotte. Quando cheguei, ela estava na mesma posição que estava no carro anteriormente. Com os joelhos junto ao peito e a cabeça sobre ele.

— Charlotte. — A chamo baixinho próximo a ela, para o caso de estar errado e ela estar dormindo. — Vamos para casa.

Ela me acompanha em silêncio, e eu sinto vontade de abraçá-la novamente. Mas dessa vez não tenho coragem. Abro a porta do passageiro para ela, e dou a volta no carro para entrar. Por cinco minutos nada é dito, e aquele silêncio constrangedor me irrita, então decido quebrá-lo.

Lei do RetornoWhere stories live. Discover now