Capítulo 4 - Henrique

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Preciso dizer que o celular não despertou? Preciso de um novo... Enfim, aqui vai um capítulo! Beijão

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Sábado, 21 horas

— Já vai sair de novo, Desiré?

Pergunto vendo minha esposa toda arrumada, com um vestido dourado, curto demais e com brilho demais para a idade dela. E com um daqueles sapatos de salto tão altos, que só olhar já é desconfortável.

— Que foi? Você acha que só por que você não quer sair eu vou ficar aqui? Você sabe que eu não faço o tipo dona de casa. Você passa a semana inteira no escritório e quando chega o fim de semana fica enfurnado nessa casa. Acho que você ficou velho antes do tempo!

— Me desculpe, Desiré, é que eu queria ficar aqui, assistir um filme, e aproveitar minha esposa.

— Mas sua esposa não gosta de ficar em casa!

Eu mordo a língua para não falar mais nada. Tenho vontade de falar que ela passou o dia inteiro no clube, que se eu passo a semana inteira no escritório é para que ela possa renovar seu imenso closet sempre que quiser, para que não precise trabalhar, nem dentro nem fora de casa. Tenho vontade de dizer que se ela tem dinheiro para comprar aquele vestido ridículo, que mais parece uma árvore de natal de tanto brilho, é porque eu faço o possível para que ela tenha tudo que quer. Mas eu não digo, não posso dizer, o sucesso do meu casamento é exatamente pela minha habilidade de engolir sapos e mais sapos, calado. Á noite ou pela manhã – já que normalmente seu horário de chegar em casa é lá pelas duas a três horas da manhã – eu a terei só para mim. Lembrar que todo aquele corpo invejável pertence só a mim, me conforta e me faz relaxar um pouco. Começo a pensar da maneira que ela se entregou pra mim pela primeira vez, instigante, sedutora, incrivelmente sensual, um sorriso aparece em meu rosto. Eu amo essa mulher mais que tudo nessa vida!

— Você não deveria deixá-la fazer isso com o senhor.

Carlice aparece descendo as escadas, ela é tão linda. Fisicamente é muito parecida com a mãe, seus cabelos igualmente ruivos, seus olhos igualmente verdes, seu corpo que para minha infelicidade, também é uma cópia do da mãe. Mas somente a aparência, porque eu nunca vi em toda minha vida personalidades tão diferentes.

Minha filha tem dezoito anos e cursa Direito, na mesma faculdade que eu estudei, à noite. Porque segundo ela, quer aprender mais que apenas a teoria. E quer ver de perto como toda a coisa funciona. Até falei que ela poderia ser minha secretária, mas ela não aceitou. Disse que quer conseguir as coisas por conta própria. A garota tem personalidade, e eu sou o pai mais babão do mundo.

— Eu amo a sua mãe, filha — Sento-me no sofá e ela faz o mesmo.

— Eu sei, e ela também sabe, e vive usando isso contra o senhor. Ela sabe que o senhor a ama, e jamais vai impedi-la de satisfazer os seus próprios caprichos. Desculpa, pai, mas o senhor mimou demais a minha mãe.

— Filha, você não entende, quando você amar alguém como eu amo a sua mãe...

— Eu vou me lembrar de me amar primeiro! — Me interrompe — Fico feliz por saber que o senhor ama tanto a minha mãe, mas o senhor precisa ser feliz também, e nem adianta dizer que é feliz, porque ninguém é feliz desse jeito, pai.

— E o que você sugere? — Já sei que essa batalha é perdida.

— O correto seria que o senhor a impedisse. Afinal ela já está um pouco velha demais para sair pra balada, principalmente sozinha. Mas já sei que isso o senhor não vai conseguir. Então saia, se divirta também, o senhor também tem esse direito.

Lei do RetornoWhere stories live. Discover now