Capitulo 3 - Alice

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Geente tô sem noção de data! Tô em recuperação de uma fratura e isso quer dizer ficar deitada o tempo todo e tô perdendo a noção dos dias da semana, jurava que hoje era sexta, descobri olhando o calendário! Enfim, prometo que vou pôr alarme no celular! Beijoos

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No domingo, fomos para a praia. E eu consegui evitar pensar no Henrique. Meu pai e a Charlie me distraíram muito bem. À noite eu consigo com muito esforço me controlar quando minha mãe pergunta como foi o dia na praia se fingindo de interessada. Como se eu não soubesse que nada que não tenha a ver com o escritório lhe interessa.

Deitei na cama após o jantar e logo me vem à cabeça aqueles olhos tristes, aquele sorriso instigante. Solto um suspiro involuntário. Imaginando como seria se a situação dele fosse diferente, se eu tivesse a chance de conquistá-lo. Então eu sacudo a cabeça, tentando assim, mandar esses pensamentos para bem longe. "Para de pensar na droga desse cara, Alice! Para de pensar como uma adolescente, você nem beijou o cara ainda!" Meu subconsciente me adverte. Espera aí, ainda? Você nunca vai beijá-lo, nunca vai tê-lo só pra você, lembre-se bem disso. Pode ir tirando esse cavalinho da chuva.

Meu pai bate na porta, me arrancando das loucuras de meus pensamentos.

Bonne Nuit, ma belle.

Bonne Nuit, peré

Ma belle, tenho que lhe contar uma coisa — Ele parece constrangido — É sobre o Marco.

— Diga, peré. — Ao ver que ele está realmente constrangido eu sorri — Relaxe, pai, pode falar

— Ele se formou em direito e está... — Ele para de novo, como uma criança confessando uma desobediência.

— Trabalhando conosco? — Completo e ele assente, como se estivesse envergonhado. Eu sorrio pra ele. — Peré, eu não me importo, eu já esqueci o Marco, não acho que ele seja a pessoa mais honesta do mundo, mas bem, existem bons advogados que não são honestos, e se ele fosse ruim o senhor já o teria despedido, não é?

— Sério, filha? Você o perdoou?

— Bom, pai, perdoar é algo mais complicado, mas eu não sinto mais nada por ele, nem mesmo raiva.

— Filha, eu estou tão orgulhoso de você. Você se tornou uma mulher impressionante. Madura, inteligente, sou muito feliz por poder dizer que você é minha filha.

— Obrigado, pai, sua aprovação é muito importante pra mim.

Eu o abraço e ele vai para o quarto dele. Um sorriso enorme aparece em meu rosto. É maravilhoso estar em casa.

***

Já troquei de roupa umas cinco vezes, estou odiando essa nova 'eu' insegura e indecisa. Nunca fui assim. Tento dizer pra mim que tudo isso é por causa do novo escritório, que é porque já que vou trabalhar em um escritório com filha do dono, tenho que me mostrar séria para não dar margem para comentários. Tentei até dizer para mim que era para mostrar ao Marco que eu não sou mais aquela menina, mostrar pra ele o que perdeu. Mas essa me convenceu ainda menos do que a outra. Só tiro da minha cabeça que essa superprodução é para o Henrique, porque primeiro, ele não vai notar, segundo, ele não pode notar porque é casado, e terceiro, eu não posso querer que ele note porque, mon Dieu, ELE É CASADO!

E finalmente estou satisfeita diante do meu reflexo no espelho. Usei uma saia lápis preta um pouco justa ao corpo, com uma blusa de seda amarela de mangas compridas, não muito decotada. Um scarpin preto e uma bolsa marrom. Deixei o cabelo solto, mas dessa vez totalmente liso. Delineei os olhos e coloquei um batom vermelho vivo. Sorrio com o resultado.

Lei do RetornoWhere stories live. Discover now