Capitulo 2 - Alice

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Aqui vai o segundo capítulo, uma feliz semana pra vocês!

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Mudar nunca é fácil, e eu sei que essa minha mudança também não vai ser. Apesar de não sentir mais nada pelo Marco, eu sei que encontrá-lo não será fácil.

O avião aterrissa, e eu ligo meu celular, tem duas mensagens, uma do meu pai, e outra da minha mãe. Abro primeiro a mensagem do meu pai, e ele pede desculpas, pois não vai poder me buscar, graças a uma reunião urgente de última hora. Mas ele garante que minha mãe virá. Reviro os olhos, até parece. Abro a mensagem da minha mãe e confirmo o que eu já esperava. Ela não virá me buscar. Teve uma de suas reuniões inadiáveis. Seguimos para o desembarque buscar nossas bagagens.

— Nossa! Aqui é sempre quente assim? — Reclama Charlotte, retirando o casaco.

— Nem sempre, é mais nessa época do ano. Estamos em pleno verão.

— Ai, eu mal posso esperar para pegar uma praia. Deve estar uma delícia nesse calor. — Fico feliz por ela estar animada, tira um pouco o peso da minha consciência por tê-la tirado de seu tão adorado país.

Depois de pegarmos nossas bagagens, chamamos um táxi para nos levar para minha casa, já que meus pais não puderam vir buscar-me. Durante todo o trajeto pela selva de pedra, eu fui me lembrando de certos pontos, e sentindo a emoção de estar em casa depois de muito tempo. Mas nem mesmo os pontos mais específicos do trajeto, como o parquinho que eu brincava quando criança, próximo ao meu condomínio, me deu a emoção de olhar para o meu lar. A imponente mansão Chevalier era praticamente uma cópia da que havia na França. O mesmo jardim colorido, e a mesma estrutura branca e elegante. Mas tinha alguns diferenciais – Como a churrasqueira perto da piscina que quase nunca usávamos – que fazia desse lugar, o meu lugar. Que tornava absolutamente único, por razão nenhuma, a não ser o fato de ser meu.

Ao chegarmos em casa, fomos recepcionados pela Dona Sú, a secretária do lar, que está presente nessa casa desde antes de eu nascer. Ela se emocionou ao me reencontrar, e confesso que algumas lágrimas chegaram aos meus olhos, mesmo que eu tivesse aprisionado-as. Ela também gostou muito de ver a Charlotte, já que faziam mais ou menos quatorze anos desde que minha prima havia vindo ao Brasil.

Eu estava tão feliz por estar em casa, que achei que nada poderia estragar. Mas é claro que eu estava enganada, nada nunca é tão bom que não possa ser estragado, essa é a lei da vida.

Ao contrário do que fez parecer na mensagem que deixou na minha caixa postal, minha mãe estava em casa, e assim que ouviu a comoção na sala de estar, ela saiu de seu escritório e veio ao meu encontro.

Eu não sei bem o que eu esperava que ela fizesse depois de passar seis anos sem ver a filha. Talvez um abraço apertado, uma demonstração afetiva de que sentiu muitas saudades de sua única filha. Mas eu não esperava um rápido abraço e uma saudação como: "Meu Deus, Alice, você está ótima, a França lhe fez muito bem!". Certamente, não apenas isso.

Me sentindo dramática e emotiva demais para o que eu considero saudável, eu dei a velha desculpa do cansaço e subi para o meu quarto.

— Não precisava usar uma desculpa esfarrapada do "cansaço" para se livrar da sua mãe. — Sentenciou a Charlie entrando no meu quarto logo depois de mim.

— Serio que não, Charlie? Poxa! É sábado, ela está lá enfurnada no escritório, já se passou seis anos que a gente se viu e olha como ela falou comigo! Como se eu tivesse passado o fim de semana fora, e não seis anos fora do país.

— Mas ela é sua mãe. Sendo como for, você tem que amá-la mesmo assim.

— E você acha que eu não amo? Por que você acha que essa indiferença dela dói tanto?

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