Capítulo 27 - Alice (parte 2)

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— Então é isso, nenhum dos dois está disposto a abandonar o caso Basset? — Quando nenhum dos dois se pronuncia, meu pai suspira. — Então já devem saber o que deverá ser feito. Um dos dois terá que deixar o escritório.

Minhas mãos suam e eu olho para Marco pelo canto de olho. Seu rosto está fechado e sua mandíbula cerrada.

— É claro que não será sua filha querida que deixará o escritório.

— Nesse caso não é questão de Alice ser minha filha, senhor Colibri. Primeiramente, gostaria de saber se algum de vocês dois se prontifica para deixar o escritório. — Marco solta uma risadinha sarcástica e meu pai lhe lança um olhar duro. — Gostaria de compartilhar a piada, Senhor Colibri?

— Não é necessário, a situação já fala por si. Estou apenas apreciado o teatro, senhor Chevalier.

— E está disposto a abandonar o escritório para ficar com o caso?

— Será eu a ter que fazer essa escolha? — Ele pergunta sarcasticamente e depois ri. — Jamais imaginaria.

— Estou esperando sua resposta, senhor.

— Diga-me apenas uma razão plausível para que eu seja o 'contemplado' e não a senhorita Chevalier.

— Por duas razões. A primeira é que esse escritório também é dela, e o senhor é apenas um sócio. E o segundo é que a sua conduta pessoal pode trazer conflitos para nosso escritório com um de nossos melhores advogados. Portanto o Senhor é o 'contemplado'. São razões suficientemente plausíveis, Senhor Colibri?

Estou apenas analisando a situação. Desde o princípio da reunião, meu pai queria chegar exatamente nesse ponto. Sei que o único motivo para que Marco ainda estivesse aqui, é o profissionalismo do meu pai, que o impedia de tomar partido dos seus motivos pessoais na vida profissional. E agora finalmente eis o motivo profissional, que aliado a conduta de Marco Colibri, torna impossível sua permanência no escritório.

— Ótimo, podem ficar feliz por finalmente conseguirem me tirar daqui.

Então ele sai da sala batendo a porta. Uma atitude totalmente madura e profissional.

— Pai, eu não podia abandonar o caso. — Começo a me explicar — Não é apenas pelos motivos que eu citei, mas é porque eu estou encontrando muitas falhas. Muitas peças que estavam desaparecidas sem ser notadas, e outras que aparentemente se encaixavam, mas olhando bem, não fazem o menor sentido. Falta apenas a peça chave, pai. Aquela que vai unir todas as outras e mostrar para o juiz e para todo esse país, que Leandro apenas caiu em uma armadilha, muito bem arquitetada.

— Tem certeza disso, filha?

— Absoluta, estou com o detetive trabalhando comigo, até então ele não conseguiu desvendar essas peças, mas já sabemos que elas existem.

— Mas e se você achar, e elas mostrarem exatamente o contrário do que você espera?

— Se elas mostrassem o óbvio, por que alguém iria querer escondê-las?

Meu pai fica pensativo por um tempo e depois suspira.

— Filha, se o que você estiver dizendo for verdade, e pelo visto faz sentido, coitado desse menino. Mesmo que você prove sua inocência, sua vida jamais será a mesma novamente.

— Eu sei, tenho tanta pena do Leandro. A vida não foi nem um pouco justa com ele.

— A vida não é justa, filha. A única coisa que temos que fazer, é dar o nosso melhor para não compactuar com essas injustiças. Em pensar que eu virei as costas para esse rapaz...

Lei do RetornoWhere stories live. Discover now