Capítulo 28

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A semana do aniversário foi bem corrida, então me desculpem a demora. Aqui está mais um capítulo! Feliz aniversário pra mim kkk

♀♀♀

Henrique

Já estava saindo de casa, indo para o escritório com um sorriso costurado no rosto. A noite de ontem foi... Não dá para descrever e não ser injusto. Tudo saiu ainda melhor do que eu havia planejado, e assim como eu queria, nós começamos de novo. Agora com uma situação completamente diferente da que era.

Peguei meu celular para lhe mandar uma mensagem enquanto abria a porta de casa, entretanto quando ergui o olhar após abri-la, dei de cara com alguém que preferia não ter que ver novamente. Meu sorriso se retira imediatamente.

— Oi, amor... — Sua voz meigamente forçada, deixa evidente o sarcasmo do cumprimento. O que só me traz repúdio.

— O que você quer? — Minha voz sai inevitavelmente ríspida, e me afasto dela, desejando o mínimo contato possível.

Ela imediatamente tenta mais uma vez forçar uma aproximação, avançando para perto de mim, com as mãos quase me tocando e os lábios próximos demais dos meus. Desvio a tempo e tiro suas mãos de mim.

— O que você quer, Desiré? — Repito ainda mais rispidamente. Tentando evidenciar ainda mais o meu descontentamento com a sua presença. — Pensei que não tínhamos mais nada a tratar.

— Soube que o nosso divórcio saiu. Já comemorou com sua vaquinha de estimação?

Ela sabe o quanto me irrita quando fala assim da Alice, mas tento me controlar. Um acesso de raiva é tudo o que ela deseja.

— Com certeza eu comemorei minha vitória com minha namorada.

— Não se iluda, Henrique, nunca se conhece alguém totalmente...

— Nisso eu vou ter que concordar com você. Demorei vinte anos para te conhecer de verdade.

— Isso porque é um idiota. — Ela retruca, o sorriso cínico sempre presente em sua face. — Precisava ver as vezes que eu ri de você, enquanto você me sustentava e eu me satisfazia com outros homens...

— Verdade. Eu te pagava muito bem pelos seus serviços. Até porque sempre foi isso que você foi para mim, não é, Desiré, uma puta que me satisfazia depois do trabalho, e que eu pagava com um cartão sem limites.

— Costumava ser sua Deusa. — Ela tenta se engrandecer. — Você dizia que me amava, por mais que não queira admitir, sei que você era caidinho por mim.

— Você também dizia que me amava, nós dois mentíamos um para o outro e foi assim o nosso casamento. Uma mentira e uma troca de favores. Eu nunca amei você, ninguém nunca amou e nunca amará. Você sempre será apenas seu corpo, e é uma pena para você, porque um dia ele vai acabar.

Vejo a raiva crescer em seus olhos e o sorriso presunçoso desaparecer de sua face. Seu ponto fraco é o ego, e é ali que eu vou atacar.

— Você é tão diferente da Alice. Ela é inteligente, dona de si mesmo, e não como você, que será sempre refém de um sobrenome. Quando ouvem o nome dela, sabem exatamente quem ela é, enquanto você, será apenas a esposa de alguém. Bela troca eu fiz, parece que não sou tão idiota assim.

Ela cuspiu em mim quando eu terminei. Em seu rosto tinham lágrimas que não me comoviam nem um pouco. Ela não merece isso. Comoção. Se ela soubesse o quanto perdeu o valor com sua infidelidade. Hoje, olhando para ela, não vejo nada mais que uma mulher usada.

— Eu odeio você! Odiava antes e odeio ainda mais agora. Saiba que você não vai ser feliz com aquela idiota. EU NÃO VOU DEIXAR! Vim aqui apenas para deixar isso bem claro. Não pense que você venceu, Henrique. O divórcio foi apenas uma pequena batalha vencida. Eu vou derrotar você na guerra que você mesmo declarou.

Ela sai esbarrando-se em mim com tanta força que eu caio no sofá. Me achei meio imaturo depois desse bate boca, mas percebi que falei tudo o que ela merecia ouvir. Não sei porque, mas por mais que ache ridículo, algo em mim se preocupa com o que ela disse, sobre não deixar que eu seja feliz com a Ali, mas deixo para lá. Talvez seja insegurança, Alice é minha segunda namorada e olha que eu tenho quase quarenta, talvez tenha a ver com a falta de experiência. Pego minhas coisas e me dirijo à saída. Hora de voltar à vida. Medo e insegurança nunca levaram ninguém a lugar nenhum.

***

Ao chegar ao escritório, vejo Marco carregando algumas caixas, e estranho imediatamente aquilo. Paro e observo enquanto alguns carregadores saem de sua sala, até que ele nota minha presença e olha para mim. Seus olhos mostram raiva e indignação, o que apenas desperta ainda mais a minha curiosidade.

— Vai reformar sua sala, Colibri? – Pergunto me aproximando mais.

— Pode ficar feliz, Corninho, vocês conseguiram me tirar do escritório.

Não consigo conter o sorriso. Quem conseguiu essa proeza?

— Mas tire esse sorrisinho do rosto. — Ele se aproxima de mim. — Porque você até pode não me ver diariamente, mas você não se livrou de mim. Acredite, Henrique, vocês ainda vão pagar.

— Eu quase fiquei com medo, Marco. Talvez se você se esforçar mais um pouquinho...

— Não precisa ficar com medo agora, Corninho. — Ele me interrompe. Com um sorriso no rosto e olhar doente. — O melhor olhar de medo é aquele que é mesclado com a surpresa.

Ele vira as costas e entra em sua sala. Balanço a cabeça negativamente enquanto um alerta se faz em minha cabeça. O que será que esses dois estão aprontando? Duas ameaças em apenas uma manhã é novidade.

Sento em minha cadeira e suspiro. Só mais um dia de trabalho. A parte boa é que pelo menos assim eu tiro da minha cabeça todas essas preocupações e inseguranças. Não é típico de mim. Mas mesmo me concentrando totalmente no trabalho, vez ou outra as ameaças voltavam a minha cabeça. Espero que esteja fazendo tempestade em copo d'água.

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