Capítulo 31

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Adivinha quem lembrou de vir no dia certo? esta vocês devem querer me matar às vezes.

Semaninha linda pro cês 😊😘

Olhei para o Senhor Rubras que estava ao meu lado e vi em seus olhos a mesma coisa que havia nos meus. Um pedido de paciência. Sabíamos que ela tentaria se sair, e responder de forma óbvia que havia sido o Leandro.

— Senhorita, não estamos aqui de brincadeira. Gostaríamos que fosse mais sincera. — O tom do Senhor Rubras me deu arrepio e eu lutei para não arregalar os olhos quando ele olhou furtivamente para a foto da filha da mulher. — E seria melhor para a senhora que fosse sincera conosco.

Vi a mulher engolir em seco e começar a gaguejar.

— Olha, eu não sei de nada, eu juro. Deve ter sido o Doutor Leandro, é o que os policiais dizem, não é? Eles devem ser mais inteligentes do que eu. Sou apenas uma diarista.

— Acontece que ao contrário de você, eles não estavam na cena do crime.

Ela comprimiu os lábios e olhou para mim com ódio. Seu olhar para a foto da filha se tornava cada vez mais frequente e eu agora poderia apostar na minha suspeita de que a filha estava a prêmio, em troca do seu silêncio.

— Pelo amor de Deus, saiam da minha casa e me deixem quieta.

Eu suspirei e segurei sua mão. Tentaria apelar para a sua humanidade, já que nenhuma outra forma havia dado certo. Olhei em seus olhos e só abri a boca quando ela olhou nos meus.

— Maria, me escute. Lembra-se do Leandro? Ele era apaixonado por sua esposa e ansiava pela chegada daquela criança. Imagine esse homem, cheio de vida, vendo tudo que amava no mundo sendo retirado dele cruelmente, como foi. Imagine-o perdendo a liberdade. Pense em como ele se sente, sendo culpado de matar as pessoas que mais amava na vida. Como consegue dormir, sabendo que sua filha está viva e feliz no internato ao preço da liberdade de um inocente? E que assassinos estão livres por aí?

Ela puxou a mão da minha e desviou o olhar, pude vê-la tremer e soube que havia acertado em alguma coisa. Eu havia conseguido tocá-la, e isso já era um começo.

— Você não entende! — Ela gritou. — Você é mãe? Não, é nova demais para isso, não sabe o que é dar à luz a uma vida e vê-la correr perigo, sei que não estou certa, sei que não é muito humano da minha parte, mas entre a vida de Leandro e a da minha filha, eu escolho a da Laís.

Lágrimas escorriam por sua face, havia culpa, raiva e frustração ali. Sei que deve estar se sentindo péssima e compreendo o porquê de sua escolha.

— Quem te garante que depois desse julgamento sua filha estará a salvo? — Isso pareceu chamar sua atenção. — Você viu o que essa pessoa é capaz, alguém que consegue matar outra pessoa daquela forma, teria piedade? Provavelmente machucaria por prazer. Mas não poderia fazer isso se estivesse atrás das grades.

Ela balançou a cabeça negativamente e sentou-se no sofá, provavelmente cansada. Chorou copiosamente em nossa frente com as mãos sobre a face. Passaram-se alguns minutos até que ela se acalmasse e nenhuma palavra foi dita. No ambiente havia tanto silêncio que se tornava incômodo. O único som audível era os emitidos pelos soluços de Maria Eugênia. Minha imparcialidade já estava começando a fraquejar, meus olhos teimavam em marejar enquanto eu exigia mais e mais do meu autocontrole.

Demorou-se até que ela limpasse as lágrimas e voltasse a olhar para nós. Demorou-se mais ainda até que ela quebrasse o silêncio, momento tão ansiado por nós.

— Vão embora. Eu simplesmente não posso.

E voltamos à estaca zero. Tentei endurecer minha feição o máximo que pude, ausentar-me de emoção quando me dirigi a ela.

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