Capítulo XXXIX: Harrelson - As Impressões de Um Repórter: Parte 1.

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Data Terrestre: 09 de Outubro


Algumas pessoas, muitos dos quais se dizem meus amigos, me perguntam se não tenho vergonha da minha profissão por vezes ser um antro de mentirosos e hipócritas. Acho que eles nunca se olharam direito no espelho para perceberem que nas suas profissões existem os mesmos filhos da puta que na minha. A diferença é que os da minha tem o poder de criar opinião e fazer merda na cabeça de todo tipo de gente.

Olhei no relógio e respirei fundo, quase uma da tarde e eu ainda estava esperando que alguma coisa acontecesse naquele quarto, qualquer coisa.

Infelizmente tudo que eu tinha era Keith Jones, meu cameraman de longa data igualmente entediado, e Gareth Grimm, o repórter que deveria ser meu maior rival, com o cameraman dele, alguém que o nome eu realmente não lembrava por ser muito diferente e quase impronunciável depois de ouvir uma única vez, em uma sala de observação com um agente da Shield assistindo um monitor pessoal vez ou outra sem nos dizer nada do que acontecia do outro lado do vidro escuro.

Estávamos assim a horas e meu único e exclusivo consolo foi que lembraram de trazer alguma coisa para comermos, felicidade maior ainda por não ser alguma ração pastosa e intragável como tantas outras que já tive que comer quando estava nos campos de batalha gravando.

Eu realmente estava a ponto de ir perguntar ao agente que nos vigiava se tínhamos cara de idiotas quando a porta abriu e uma garota negra passou acompanhada de um rapaz também negro.

-E ai Amanda, a Comandante Hill disse que você estava a caminho com reforços. Tudo bem Erick. –Os câmeras voltaram suas filmagens para os recém-chegados e notei o leve aceno do rapaz.

-Relaxa Maines, não somos amadores e, fala sério, quem mais a Comandante mandaria para cuidar da joia da coroa se não pessoas em quem ela confie. –Já a garota falava demais. –E me chame de Nik Hill nas próximas horas, só minha mãe e meu pai podem me chamar de Amanda durante o serviço.

-Tá certo, garota, ainda que eu tenha certeza que troquei suas fraldas uma vez. –Maines provocou.

-Foi sua mãe que trocou minhas fraldas, Marshal Maines. –O agente fez uma careta e a garota riu da situação.

-Certo, vamos nos focar no que a Comandante espera de nós. –O rapaz negro tomou a frente. –Como elas estão Maines?

-Dormindo ainda, o que é um alívio para mim. É sempre constrangedor quando eu estou na vigilância das crianças e elas começam a se pegar, tirar a roupa e fazer umas coisas que, sinceramente, me fazem pensar duas vezes sempre que minha noiva diz que quer ter filhos.

Os dois jovens riram, a garota mais alto que o rapaz.

-Acho que nossos pais te entendem Maines. –O rapaz respirou fundo. –Bom, achei que elas já estariam acordadas, talvez tendo um tempo sozinhas, devem estar realmente cansadas.

-Laura acordou quando o relógio despertou e o esmagou para voltar a dormir. –Maines comentou distraído. –Sorte que não era o celular e compramos esses despertadores baratos a dois dólares em qualquer lugar.

Os mais jovens concordaram e eu comecei a ficar irritado daquela conversa até que os olhos de Erick se voltaram para o vidro e os cameramens acompanharam, bem a tempo de a porta se abrir e a médica de horas antes voltar acompanhada da ajudante.

Assim que as duas entraram as garotas que dormiam abraçadas se moveram bem mais despertas do que eu esperava de quem estava dormindo.

-Já estavam acordadas? –A médica também havia notado.

Marvel Universe: All Different WorldWhere stories live. Discover now