c a p í t u l o ✿ 1 3

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eu quero te levar para um canto

e te beijar sem fazer barulho

(hot)




Sua saída até tinha sido triunfal, mas a última coisa que ela se sentiu foi vitoriosa enquanto imediatamente desviava o curso da cozinha para entrar no banheiro e deixar as lágrimas correrem.

Ficou alguns minutos lá, secando-as com um pedaço de papel para não estragar a maquiagem. Chorou porque queria ser tão forte quanto fingia; porque era extremamente injusto o que Nicole fazia com ela; porque se sentia inferior a todas as outras estudantes daqueles internatos luxuosos; e, principalmente, porque temia que o que quer que existisse entre ela e Daniel, fosse coisa da sua cabeça.

Queria ligar para Natalie e perguntar como a irmã fazia para ser tão incrível. Para ter sobrevivido àquele ano no internato, ou para ser tão talentosa, bonita e ter a personalidade capaz de iluminar mesmo uma noite escura. Para ter conquistado uma pessoa tão incrível quanto Esther...

Bom, se havia aprendido uma coisa até agora naquele colégio, era que nada ajudava a suportar a dor como uma boa chorada. E foi o que fez por quase dez minutos, permitindo sentir toda aquela dor antes de conseguir se recompor.

Enquanto cuidadosamente limpava o pouco rímel borrado e bebia um gole de água (da pia mesmo) porque começava a sentir aquele entorpecimento incômodo do álcool, sua dor virava indignação. Ia mesmo permitir que aquelas garotas acabassem com a sua noite? Porque até Daniel chegar (e consequentemente arrastá-la consigo para a brincadeira de "Eu Nunca"), estava bem alegre conversando com seus amigos.

Encarou o próprio reflexo no espelho, as bochechas meio coradas e os olhos marcados pelos gatinhos bem feitos, e respirou fundo. Quer saber? E se Daniel não quisesse ficar com ela, o problema era todo dele! Que morresse envenenado beijando aquelas cobras!

Dessa maneira, dez minutos depois, estava tomando seu Monster no jardim da casa, apoiada descontraidamente no batente da janela, de onde ainda conseguia ver a festa rolando. Se fosse sincera, só queria deixar sua saída um pouco mais dramática e fingir que esteve muito ocupada no celular antes de voltar para a roda de amigos.

E até que estava. Respondeu Natalie e contou brevemente que a festa estava legal (escolheu não mencionar sobre Daniel ou tudo o que ocorreu no jogo de Eu Nunca), mas seu coração quase parou quando abriu novamente o Twitter.

Os likes no vídeo com as suas jogadas havia praticamente triplicado graças ao retweet e comentário de um streamer com quase 300 mil seguidores. "Braba demais, me avisem quando essa garota virar profissional" foi o que ele escreveu. Várias pessoas nos comentários pediam o link da stream. Claro que haviam os babacas duvidando da autoria das jogadas ou falando que só poderia ser um homem, mas, além de revirar os olhos, não deu muita atenção.

Até tinha ganhado alguns seguidores! Seus 900 passaram para 1.200 e, sentindo uma confiança bem-vinda, postou: "Para quem está pedindo o link da stream: eu não faço — ainda! Novidades em breve". Provavelmente era uma mistura de álcool e empolgação? Talvez, mas havia se animado com a conversa na pista de skate àquela tarde. Quem sabe realmente conseguisse se destacar e...

— E aí, Honey Bee. — Foi pega de surpresa pela maldita voz arrastada.

Seu coração disparou no momento em que virou para encontrar os olhos azuis. Ele sempre estava com olheiras e aquela carinha de quem virou a noite acordado. Os cabelos platinados tinham a aparência bagunçada de sempre, e Bianca já havia percebido como ele passava bastante a mão neles quando estava ansioso ou distraído, e sempre terminava com a aparência de quem acabou de sair da cama.

CamelliaWhere stories live. Discover now