c a p í t u l o ✿ 8 3

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é o estado de alegria que faz você pensar que está sonhando

é a felicidade interior que você está sentindo

é tão bonito que faz você querer chorar

(innocence)




Elisa afastou as espessas cortinas vermelhas alguns centímetros para espiar entre elas e Emily se aproximou para ver por cima da garota mais baixa.

— Tá cheio! — A Beaumont sussurrou, virando-se para as amigas.

— Por que eu deixei você me convencer a fazer isso, Bianca? — Elisa gemeu, segurando a própria barriga, como se estivesse prestes a vomitar. — Eu nem sei dançar.

— Acho que eu esqueci completamente a coreografia! — Luana colocou as duas mãos na cabeça, em desespero.

Bianca não conseguiu conter o sorriso enquanto olhava para as amigas. O figurino da apresentação consistia num macaquinho justo e brilhante como base, e cada garota tinha um detalhe diferente, entre saias assimétricas, calças largas e casacos ou moletons streetwear.

— Parem com isso! — Emily as repreendeu. — Vai ser divertido, eu prometo.

Ela e Bianca trocaram um sorrisinho cúmplice, porque dentre o grupo de amigas, eram as únicas acostumadas com apresentações de dança. Já era normal que Emily perdesse um pouco da sua timidez quando estava prestes a subir no palco, mas Bianca achou que a energia dela naquele momento era de alguém pronta para dominar o mundo.

O shorts curto do figurino deixava à mostra as tatuagens recentes da amiga, que cobriam as marcas de cicatrizes que antes haviam ali. Em uma coxa estava o ano de nascimento do irmão, 2002, escrito em fonte cursiva; na outra, um arranjo delicado de flores. Combinavam com as de Daniel, que tinha tatuado "2003" no pulso direito, a fonte gótica funcionando bem com as rosas do esquerdo, cujas roseiras circundavam até metade do antebraço.

Bianca adorou aquelas tatuagens. Sabia que os dois irmãos tinham restabelecido a relação fragilizada pelo tempo, mas definitivamente não esperava que Daniel a convencesse a fugir de uma festa de família particularmente insuportável para irem juntos ao estúdio. Nem o surto de Angela Beaumont fez com que qualquer um dos dois se arrependessem das tatuagens.

— Emily tem razão. — A professora Lana se aproximou, com um sorriso no rosto. — Além disso, todas vocês se dedicaram bastante durante os últimos meses. É normal sentir um pouco de nervosismo antes de subir no palco, mas tenho certeza que vocês vão arrasar!

A mulher colocou os braços em volta de Emily e Elisa, que estavam mais próximas dela, e deu um sorriso repleto de carinho para as alunas. Bianca nem estava muito nervosa, mas apreciou o gesto. Era indescritível como ela era mil vezes melhor do que a antiga professora, Gisele.

Devido à troca de instrutoras na metade do semestre, o grupo de dança do Madre Cordélia não conseguiu se preparar a tempo para participar dos concursos estaduais, mas mesmo assim Lana garantiu algumas apresentações em festivais menores. Nicole sempre reclamava que a performance ficaria uma porcaria com tanta "amadora", mas logo aprendeu a não fazê-lo na frente da professora, quando foi mandada diretamente para a diretoria da primeira vez. "Eu não permito que ninguém faça pouco caso do esforço dos outros na minha aula e não importa a experiência que você ou qualquer aluna tenha, todas são exatamente iguais aqui" foi o que Lana disse.

CamelliaWhere stories live. Discover now