c a p í t u l o ✿ 7 7

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eu posso te mostrar todos os lugares onde você nunca esteve

e eu posso te fazer dizer tudo que nunca disse

(hot)




Daniel tentou sussurrar, mas sua respiração estava tão descompassada que saiu mais alto do que esperava:

Você tá maluca?!

Ou talvez fosse ele que estivesse completamente louco vendo Bianca se ajoelhar na sua frente e arrastar as mãos pelo seu abdômen até chegar na barra da calça. No meio da sala.

— Assim eu me vingo de duas pessoas ao mesmo tempo. — Ela fez um biquinho inocente e Daniel quis matá-la. Ou beijá-la. Algo entre os dois.

Tudo bem, talvez ela tivesse ficado um pouquinho maluca depois que os amassos na varanda esquentaram, mas àquela altura Daniel já devia estar ciente de que suas provocações teriam represálias. Além do mais, Bianca não era tão inconsequente assim, ela sabia que conseguiria ouvir perfeitamente caso a irmã ou a Esther se levantassem — Daniel também perceberia, se seu coração não estivesse batendo tão alto em seus ouvidos.

— Bianca... — Fingiu que ainda lhe restava bom senso enquanto seus olhos estavam presos na mão dela, abaixando a barra do pijama apenas o suficiente para segurar sua ereção na mão.

— Pede pra eu parar — repetiu as palavras que ele havia dito quando estavam em posições invertidas, no dia em que fizeram sexo no banheiro dele e concordaram que havia sido um erro e que definitivamente não se repetiria.

Daniel não pediu para Bianca parar enquanto ela passava a língua por ele, e muito menos depois de sentir o calor de seus lábios envolvendo-o. Agarrou os cabelos dela como se segurasse pela vida e a sentiu sorrir.

— Eu te odeio... — A voz arrastada parecia um suplício. Seu corpo estava quente e bastaram apenas alguns minutos para que Daniel apertasse com mais força os fios dela, em alerta. — Bianca, eu não vou aguentar muito assim. Vamos pro quarto, por favor.

Ela ergueu os olhos e se afastou um pouco:

— Não sei, você acabou de dizer que me odeia... — Fingiu ponderar um pouco, ainda segurando-o em mãos. — Se pedir desculpas e dizer que me ama, eu penso no seu caso.

Os olhos de Daniel faíscaram quando se encontraram com os dela e muita coisa foi dita naquele silêncio. Era apenas uma provocação, uma brincadeirinha como muitas outras que eles costumavam fazer um com o outro, mas algo na expressão de Bianca dizia que podia significar mais.

— Você sabe que eu te amo — ele sussurrou, sem desfazer o contato visual por nem um segundo, querendo desafiá-la a considerar aquilo uma brincadeira.

Ela sorriu como se não fosse nada. Como se seu coração não batesse muito mais rápido do que o normal enquanto se levantava. Como se aquela fosse só uma provocação comum. Ficou na ponta dos pés para dar um beijinho nos lábios dele e falou no mesmo tom divertido, completamente contraditório à intensidade no seu olhar:

— Também amo você.

A entonação provocativa fez todo o corpo dele se arrepiar e, embora tivesse começado aquilo, Bianca não parecia menos afetada. Em nenhum momento eles desviaram do olhar, como se o universo tivesse parado para os dois, e a possibilidade de que tivessem de voltar a viver em um mundo onde não pudessem falar que se amavam fosse insuportável. Os dedos de Bianca roçaram levemente nos dele antes de se entrelaçarem e ela o puxou na direção do quarto.

CamelliaWhere stories live. Discover now