f o r m a t u r a ✿ 0 1

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então erga seu copo se estiver errado

de todas as maneiras certas

todos os meus azarões

nunca seremos, nunca seremos nada além de barulhentos

(raise your glass)



O espaço de eventos onde aconteciam as formaturas do Colégio Interno Cruz e Souza era um casarão histórico que mais parecia um castelo. Um tapete grosso e vermelho foi estendido sobre as escadarias que levavam às enormes portas do salão.

Para todo o lado que Bianca olhava nos extensos jardins que circundavam a entrada, vestidos elegantes esvoaçavam e estudantes bonitos cumprimentavam seus pais ou colegas. Viu rostos conhecidos de meninas do Madre Cordélia, mas não encontrou nenhum dos seus amigos. Óbvio, chegara mais tarde do que haviam combinado — obrigada, Natalie, pelas duas horas que passou se arrumando.

— Ah, amor... — Sua irmã idiota falou para a cunhada incrível, que Bianca nunca entenderia como aceitou ficar com aquele pedaço de lixo. Segurou a mão de Esther, puxando-a mais para perto. — Lembra da nossa formatura?! Aquele foi o melhor dia da minha vida.

— Amor, faz só um ano! — Esther sorriu para a namorada e beijou seus lábios. — Mas você tem razão... foi o melhor dia da minha vida também, coelhinha.

— Bibi, eu já contei pra você sobre como eu fui uma das integrantes do comitê de formatura e...

— Sim, coelhinha, contou um milhão de vezes. — Bianca cortou, um pouco estressada enquanto mandava mensagem no grupo de amigos avisando que havia chegado. Felizmente, combinaram de se encontrar com antecedência, então não estava atrasada para o evento em si.

— Escuta aqui, bombonzinho...

— Ei, ei, ei! — Bianca ouviu a voz vindo atrás de si e já estava sorrindo feito boba antes mesmo de Daniel envolver sua cintura com o braço. — Quem te deu intimidade para usar o apelido que eu dei pro meu bombonzinho?

Natalie abriu a boca para retrucar, mas apenas estreitou os olhos:

— Hoje eu não vou te responder só porque é a sua formatura.

— Ô, meu menino! — André interrompeu a troca de farpas, abrindo um sorrisão e puxando Daniel para um abraço apertado. — Meus parabéns pela formatura! — Deu dois tapas nas costas do genro e estendeu um presente para ele. A sacola verde com o brasão do Palmeiras não servia para fazer suspense. — Muito sucesso para você, garoto! Eu e Sônia compramos esse presentinho, é para você usar no próximo jogo. E gostei do cabelo.

Pela primeira vez, os fios de Daniel não estavam platinados, mas num tom de ébano profundo, que combinavam com o terno escuro que usava. As olheiras que normalmente adornavam os profundos olhos azuis estavam muito mais sutis do que Bianca estava acostumada — ela acharia que era maquiagem, se não soubesse que ele estava cuidando melhor da saúde.

— Poxa, seu André, que isso?! Muito obrigado, mas não precisa-

Antes que conseguisse terminar, Sônia puxou o genro para um abraço que fez o ar escapar dos seus pulmões.

— Parabéns, meu querido! Você e a Bianca me enchem de orgulho. Saiba que amamos muito você, pode contar com a nossa família sempre que precisar!

Há alguns meses, Daniel teria chegado muito perto de chorar, mas já havia se acostumado um pouco com o carinho da família Conceição. Conhecer seus pais e sua irmã explicava um pouco como Bianca era uma garota tão incrível.

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