c a p í t u l o ✿ 5 2

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ei, esse tempo já passou

e quando eu ouço essa canção

ela me leva de volta

(seventeen)




Quando ouviu a campainha do apartamento dos pais tocar, Bianca deu um pulo e, se tivesse orelhas de cachorro, elas provavelmente estariam de pé — iguais às de Bruce.

O (novo) cachorro da família começou a latir e imediatamente foi respondido pelo estridente Sugar, do outro lado da porta. A gata se assustou e saiu correndo, quase derrubando Sônia no processo e, antes mesmo de Natalie entrar no apartamento, ele já tinha se transformado num circo.

Bianca correu para atender a porta. Para seu desconsolo, encontrou apenas a irmã esperando com duas malas gigantescas. Até esticou o pescoço para tentar encontrar a cunhada, mas ela não estava ali.

— Ah não! Cadê a Esther?!

— Oi pra você também, lixo. — Natalie revirou os olhos e empurrou duas malas enormes para dentro com dificuldade, quase deixando cair o Lulu da Pomerânia que trazia no colo e que não parava de latir. Então colocou o cachorrinho no chão e ainda virou para trás para pegar uma última bolsa estufada. — A Esther também tem família, foi para a Itália com a mãe e a irmã.

— Filha! — Sônia saiu da cozinha, enxugando as mãos no avental, e envolveu a filha mais velha em seu tradicional abraço de urso. Apesar de ter acordado cedíssimo para buscar Bianca no internato com o marido, não havia saído da cozinha desde então, focada em terminar o bolo preferido de Natalie, a sobremesa que Bianca adorava e a carne de panela que era a comida preferida das duas. Absolutamente nenhuma delas tinha pedido por nada disso. — Meu Deus, eu nem acredito que vocês duas estão aqui!

André saiu da sacada, onde estava cuidando das diversas suculentas que se transformaram no seu hobbie nas últimas semanas. Puxou a filha mais velha para um abraço e fez o mesmo com Bianca, antes que ela conseguisse escapar.

— Natalie, que saudades! — Deu um beijo na testa de cada uma. Apesar de sempre ser carinhoso, nunca foi tanto de enchê-las de beijos ou abraços. O estranho comportamento evidenciava a saudades que sentia delas. — Como é bom ter vocês duas aqui de novo.

— Ai pai, meu cabelo! — Bianca manhou, desvencilhando-se da sessão de abraços (apenas para manter a postura de difícil).

Ain pai, meu cabelo! — Natalie debochou numa voz exageradamente fina e agarrou a irmã mais nova, no que poderia ser tanto um abraço, quanto uma tentativa de sufocamento. — Vem cá, seu bichinho do mato! — Então afagou sua cabeça, propositalmente bagunçando os cabelos curtinhos da irmã.

— Socorro! Me solta, sua maluca! MÃE! — Bianca esperneou, tentando fugir do abraço que ficava cada vez mais apertado. Quando finalmente se soltou, um Sugar desesperado estava correndo e latindo em volta delas.

— Mãe, olha a Bianca! Eu tô morrendo de saudades e ela fica de grosseria! — Natalie dramatizou e puxou o avental da mãe como quem diz "olha ela!".

— Parem as duas! — Sônia repreendeu, mas sequer estava prestando atenção no que acontecia porque conhecia as próprias filhas bem o suficiente para saber que estavam apenas matando a saudades de se aporrinhar.

— Eu nem fiz nada! — Bianca reclamou e Natalie mostrou a língua pra ela.

— Eu retiro o que disse, já podem ir embora! — André entrou na brincadeira, abrindo um sorrisão. — Mas Natalie, me explica uma coisa: sua mãe está fazendo carne de panela, mas você não tinha começado com esse negócio de "vegana"?

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