c a p í t u l o ✿ 7 2

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está nas estrelas

está escrito nas cicatrizes em nossos corações

que não estamos quebrados, apenas tortos

e podemos aprender a amar de novo

(just give me a reason)




— Bom dia, flores do dia! — Bellini entoou, abrindo a porta do quarto de Daniel e Victor Hugo. Estava com roupas de treino, uma toalha de rosto no ombro e bem humorado demais para um domingo de manhã. — Daniel, é hora de acordar para treinar!

Do seu lado do quarto, VH grunhiu e cobriu o rosto com o travesseiro quando Henrique abriu as venezianas da janela, permitindo que os raios de sol iluminassem o ambiente.

— Cara, você tá de sacanagem, né?! É domingo! — Daniel reclamou, escondendo o rosto do sol com o cobertor.

— E daí? Domingo também é dia. — Henrique rebateu. — Eu falei sério quando disse que você ia pra academia comigo.

— Mas eu nunca concordei!

— Foda-se, isso aqui é uma intervenção! — Bellini cruzou os braços em frente à cama. Já estava esperando aqueles protestos. — Deu showzinho na minha festa? Agora aguenta a consequência.

Na verdade, Henrique não estava realmente zangado pelo que aconteceu, apenas preocupado com a frequência com a qual o amigo tentava afogar todos os problemas em bebidas e drogas. Normalmente não respingava em ninguém além dele mesmo, mas nem por isso era menos preocupante.

Daniel deixou um gemido de protesto escapar, mas eventualmente esticou a mão para alcançar o celular na mesa de cabeceira. Ligou a tela e todo o seu sono realmente foi embora, substituído pela indignação:

— Cara, são seis da manhã! Qual é o seu problema?!

— Treinar cedo é melhor, porque têm menos gente — justificou, como se fosse perfeitamente razoável. Então virou para VH: — Você também vem?

— Vou de tarde. — Sua voz saiu abafada pelo travesseiro.

— Beleza.

— Por que ele pode ir à tarde e eu não?! — Daniel reclamou.

— Porque a intervenção não é com ele, é com você. — Bellini revirou os olhos, então sua paciência se esgotou e ele agarrou o cobertor. — Anda, vai ficar tarde!

Daniel deu uma risada sarcástica:

— Como vai ficar tarde se são seis da manhã?!

A petulância foi o que bastou para Bellini arrancar todos os cobertores com um puxão. Felizmente, Daniel estava vestido, mesmo que fosse com algo tão ridículo quanto aquela cueca com capacetes do Darth Vader.

Bellini abriu um sorriso malicioso e Daniel quis morrer antes mesmo de ouvir o que ele tinha pra dizer:

— Olha só, tô te fazendo um favor... — O tom era de provocação, olhando para as marcas de unha nos ombros dele. — Você tá perdendo briga até pra gato.

— Cara, eu te odeio, juro por Deus. — Apesar de tudo, Daniel fez um esforço para se levantar. Provavelmente só porque estava desesperado para vestir uma camiseta e cobrir aquelas marcas.

Um sorrisinho bobo se desenhou no seu rosto enquanto ele lembrava da tarde passada. Apesar da pentelha da sua irmã ter planejado uma festa do pijama e proibido qualquer um dos garotos de dormir lá — e Bellini tentou convencê-la do contrário. Tentou muito —, ele pelo menos pôde passar o resto da tarde com Bianca.

CamelliaWhere stories live. Discover now