c a p í t u l o ✿ 3 9

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todas as coisas loucas que fizemos

não pensamos sobre, apenas fomos na onda

(wish you were here)




— Sim mãe, eu deixei minha bolsa lá e quando fui ver, não tava mais — Zoe disse, ao celular. — Queria pedir para verem nas câmeras se alguém pegou. Sim, já conferi. Sim, tenho certeza. — Então, depois de alguns segundos em silêncio, a garota fez um símbolo de "ok" para o grupo. — Ótimo, obrigada mãe. Logo mais ligo para te dizer se consegui, ok? Beijo. — Afastou o celular do ouvido e tocou na tela para encerrar a chamada. Diante do olhar confuso de Bianca, explicou: — Minha mãe é artista plástica e às vezes trabalha com o padrasto da Nicole. Ela vai expor alguns trabalhos aqui, então conhece o lugar. Acabou de confirmar que a sala das câmeras fica no subsolo. Primeira porta à direita, depois do banheiro.

Daniel assentiu. Já desconfiavam que a escadaria guardada por um segurança levava às salas restritas aos funcionários, mas agora tinham a localização exata do objetivo. Depois de alguns segundos, Bellini também desligou seu celular e se aproximou do pequeno grupo composto por Bianca, Daniel, Elisa e Zoe, que agora estavam dentro do Estúdio de Artes.

— A Águia 4 está no ninho. Vão iniciar a caçada.

Zoe ergueu uma sobrancelha, a expressão desinteressada:

— Para de ser idiota, Bellini. Fala português.

— Porra, vocês não prestaram atenção no plano? — Perguntou, frustrado, e explicou pela terceira vez o que ninguém parecia estar levando a sério: — O Daniel e a Bianca são a Águia 1, que estão encarregados da caçada principal. Caçada significa missão, cada Águia tem a sua. Eu sou a Águia 2, vocês duas a Águia 3 e o Twister, Nathan e VH são a Águia 4.

— Bellini eu acho que não é bem assim que codinomes funcionam — Bianca murmurou, soltando um riso. Então recebeu um olhar feio dele e disfarçou. — Enfim, O Twist... Quer dizer, a Águia 4 já começou a distração? Digo, caçada?

— Eu ainda tô confusa, o que eles vão fazer mesmo? — Elisa sussurrou baixinho para Zoe.

Bellini soltou um suspiro longo e Daniel, que estava se segurando para não rir, explicou pacientemente:

— Eles estão nos fundos do prédio, bem na mira de uma câmera. Vão fingir que vão pichar o Estúdio e estamos contando que mandem algum segurança para correr com eles. — Daniel girou o dedo, sinalizando para o seu grupo, que estava no salão do Estúdio. — E como nós estamos com os nomes na lista para a inauguração, a nossa parte é aqui dentro.

Na verdade, os pais de Elisa estavam com os nomes na lista, mas nada que se fingir de acompanhante de Bellini não resolvesse. Sorrindo como um bobo alegre enquanto passavam pela recepcionista, ele puxou a garota mais para perto pela cintura, deixando-a completamente desconfortável com a aproximação súbita. A amizade de Bianca (e de Zoe também) com os meninos era repleta de abraços e demonstrações de carinho como aquela, mas Elisa não gostava. Desde então, desculpou-se diversas vezes com ela e tomou de bom grado a inevitável bronca de Zoe que, no fim, até conseguiu arrancar um risinho da estudante do Madre Cordélia.

— Aparentemente, os caras são bons — Daniel comentou e fez um sinal com a cabeça para o homem de terno com escuta no ouvido que subia a escadaria restrita. Ele trocou algumas palavras com o segurança que guardava a escada, antes de se dirigir com pressa para a saída. Se o plano ocorresse bem, os moleques dariam um jeito de enrolar o cara o máximo possível, apelando até para a carteirada do pai delegado de VH, caso necessário.

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