Camellia

c a p í t u l o ✿ 6 7

vamos com tudo esse final de semana, sem nenhuma razão

(here's to never growing up)

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No sábado, Bianca acordou apenas perto do meio-dia, exausta depois de chegar no internato quase às seis horas da manhã. Pelo menos não teria nenhum problema por isso, afinal quem a trouxe de volta foi ninguém menos que a atual diretora do Madre Cordélia, depois de buscar ela e Daniel de uma festa, pagar um McDonald's para os dois e levá-los para ver um lago no meio do bosque que cercava o internato (ninguém acreditaria naquela história...). Aquela noite teve tantos altos e baixos que Bianca sentia o estômago meio embrulhado, ainda que só tivesse bebido uma cerveja.

Quer dizer, até lembrar da mensagem sobre ela que Daniel enviou para Zoe — aí todos os seus órgãos dançavam como se estivessem num baile. Daniel a amava. A amava o suficiente para desabafar com a amiga sobre como queria melhorar para não perdê-la.

Claro que isso não mudava completamente a situação, porque mesmo que Ariele conseguisse ajudá-lo a começar com as sessões de terapia ("Será que é cansativo? Ser uma mulher tão incrível" Bianca refletiu), essa melhora poderia demorar semanas ou mesmo meses. E ela não queria forçar nada e correr o risco de fazê-lo se sentir pressionado. Só piorou tudo na época em que permitiu alimentar suas frustrações e não muito despretensiosamente deu trela para os fãs o aporrinharem com aquele ship. Tinha que ser justa com toda a situação: Daniel a deixou confusa falando uma coisa e fazendo outra, mas ela também estava ciente da situação dele desde o começo. Lidaria com isso de uma maneira mais madura agora.

Compartilhava dos mesmo sentimentos e queria vê-lo melhor, com certeza, mas não podia exigir nada dele e nem deixaria aqueles sentimentos ditarem sua vida ou fazê-la super analisar qualquer interação. Bom, para ser sincera, não era nem como se tivesse tempo para isso ultimamente — estaria repleta de provas aquela semana, a nova professora de dança parecia querer compensar o tempo perdido e ainda tinha o rolê na casa de Emily... Se pudesse escolher pelo menos um pedaço da sua vida para apenas deixar as coisas rolarem, definitivamente seria aquele.

— Bom dia, Bi. — Ainda estava no limbo de atordoamento do acabei-de-acordar-mas-não-completamente quando ouviu a voz de Emily. Sua colega do quarto também estava na cama e também voltou tarde na noite anterior, mas parecia um pouco menos atropelada por um caminhão do que ela. Provavelmente já estava acordada há alguns minutos, mexendo no celular.

— Bom dia — Bianca murmurou e limpou a garganta, tentando disfarçar a voz rouca. — E aí, se divertiram ontem?

— Bastante, mesmo depois que você sumiu... mas e aí, você se divertiu ontem? — Emily perguntou, num tom malicioso. Depois imediatamente fez uma careta, provavelmente lembrando que seu irmão estava envolvido: — Tá, calma, eu só quero te incomodar. Por favor, não me dê absolutamente nenhum detalhe.

Bianca riu e se preparou para começar a contar a história da sua noite (que provavelmente precisaria repetir cada vez que encontrasse uma de suas amigas, e que ninguém acreditaria completamente), quando ouviu dois toques na porta. Gritou um "pode entrar" e Elisa a empurrou timidamente. Então olhou para ela, depois para Emily

e caiu em prantos.

Bianca e Emily trocaram olhares arregalados, mas nenhuma das duas entendeu absolutamente nada.

— E-elisa, tá tudo bem? — Bianca perguntou, começando a se levantar.

— EU SOU SIMPLESMENTE A PIOR PESSOA DO MUNDO INTEIRO! — Ela soltou, entrando no quarto e se jogando sentada na cama de Bianca com as mãos no rosto.