Chapter XLV

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Episode: Nightmares are real

Para Mew Suppasit, rotina nada mais era que a consequência de uma vida organizada e bem estruturada, com atividades repetitivas que o ajudavam a ter estabilidade, calma e dias pacíficos.

Esse pensamento, no entanto, aos pouco se desfazia ao passo que ele notava sua vida caindo em hábitos caóticos que o traziam tudo, menos dias calmos e estáveis. Era uma constante composta por inconstâncias.

Talvez fosse incoerente pensar nas últimas semanas como rotina, mas, apesar da instabilidade, era óbvio que também havia padrões repetitivos, que encaixavam-se em regras que lentamente pareciam se formar em seu dia a dia.

Havia estabilidade, em meio ao caos.

Porque, ter seu cotidiano estabelecido na companhia de Gulf Kanawut, nunca seria monótono e maçante. Não naquela realidade atual.

Mas a constância... Ela estava lá.

Estava nas caronas, que transformaram-se em algo tão comum que havia dias em que Mew sequer se preocupava em mandar mensagens questionando se o jovem professor iria com ele. Porque o músico sabia que, no começo do dia, Gulf estaria lhe esperando no mesmo horário de sempre.

A constância estava nos dias de segundas e quartas, quando Mew era o último a sair do colégio e sabia que Gulf estaria lhe esperando, encostado no carro com o celular na mão e uma expressão irritada por estar entediado depois de tanto tempo aguardando-o. Estava nos outros dias, em que era Mew quem o esperava encostado no carro, nunca sabendo se o jovem professor viria com suas habituais roupas chamativas ou estaria com trajes comuns das aulas práticas, completamente suado.

A constância estava se ramificando para os fins de semana, os quais Gulf parecia cada vez menos reticente em passar na sua casa – embora ainda hesitasse e revirasse os olhos todas as vezes que era convidado – estava criando raízes no jeito que Hazard miava quando precisava voltar para casa do jovem professor na segunda feira pela manhã – Porque Gulf, mesmo não  verbalizando ou admitindo, parecia incapaz de se desfazer do bichano.

A constância está lá. Estava lá em cada revirar de olhos e resmungo irritado, estava em cada sorriso contido, em cada olhar disfarçado. Em cada noite que passavam acordados e ofegantes. Estava lá,  em meio ao caos e a inconstância.

Porque, Mew descobria aos poucos, constância e inconstância podiam andar juntas.

Exceto quando, de repente, sua rotina começara a ser invadida por algo novo.

Algo novo que deixava Suppasit inquieto e temeroso. Por que, lentamente, toda a irritabilidade de Gulf Kanawut parecia estar desaparecendo, mas somente para ser substituída por apatia e desinteresse.

O jovem professor ainda era arisco e arrogante, mas, quando achava que o músico não estava olhando, sua expressão transformava-se em algo penoso e melancólico. E Mew não conseguia decifrar aqueles olhares, não conseguia ler as entrelinhas em suas expressões cabisbaixas, não conseguia adivinhar quais eram os demônios que pareciam atormentar-lo profundamente.

Como quando a primeira semana de julho finalmente chegou ao fim, trazendo também as curtas férias de primavera, e o músico tentou chamá-lo para tirarem alguns dias juntos.

– O que vai fazer durante as férias? – ele havia questionado, quando retornavam para casa na sexta-feira.

Gulf havia apenas franzindo a testa, fazendo uma careta pensativa. Estava sentado no banco passageiro do carro, inclinado para frente ao que tentava achar alguma música que o agradasse dentro da playlist do mais velho.

The Blue Of Your Voice • Fanfic MewGulfOpowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz