The Blue Of Your Voice • Fanfic MewGulf

Chapter XXI

Episode: need to taste your lips

Gulf Kanawut possuía muitos traços marcantes em sua personalidade. Dentre eles, a altivez, o egoísmo, a grosseria e a falta de pudor em seus comentários e piadas ácidas.

E, claro, era impossível não citar o ego inflado e a boa dose de narcisismo. Kanawut sabia o quão belo era, sabia o poder que possuía. E ele não temia usar seu charme, sua elegância e o sorriso falsamente inocente, apenas para conseguir o que queria. Pelo contrario, ficava animado com a menor possibilidade de usa-lo.

E quem poderia contraria-lo, quando ele abria um desses sorrisos maliciosos e provocantes? Os homens lhe adoravam, adoravam sua boca suja que os fazia delirar com um bom manejo de língua. Adoravam como seus olhos piscavam enquanto ele era perverso e lascivo.

Ah! E como Gulf adorava ser adorado.

Adorava quando acariciavam o seu ego, quando imploravam por sua atenção e piscavam afetados pela sua beleza.

De frente a um espelho, após ter feito um perfeito delineado gráfico na cor branca, ele organizava seus fios longos rente ao rosto, seus dedos esbeltos alisando suavemente a maciez do seu cabelo, pensando no quão bem a cor vermelha realçava seu tom de pele bronzeado e quente.

A maquiagem escolhida da vez, mesmo com o delineado incomum, lhe dava um ar falsamente doce. Seus traços elegantes e charmosos, como o nariz empinado e as sobrancelhas escuras e arqueadas, eram ressaltados de forma graciosa e suave. A delicadeza de seu rosto, por outro lado, entrava em contraste com a blusa vermelha cavada que exalava luxuria, mostrando boa parte do seu peitoral cheios de sinais pequenos, como um constelação pintada naturalmente em sua pele. A peça lhe caia tão perfeitamente que parecia ter sido desenhada para favorece-lo, combinando impecavelmente com a calça bege que abraçava a sua cintura fina, marcando sensualmente a curva delicada de seu traseiro.

Sim, a própria imagem da perdição.

Ele ainda mexia distraidamente em suas mechas escuras, tentando ser minucioso no caimento de cada fio, quando teve o ligeiro pensamento de que deveria cortar. O pensamento, porém, foi breve, visto que ele acabou chegando a conclusão de que não deveria fazê-lo imediatamente; pois seus cabelos mais compridos lhe davam um ar sensual e despojado que combinava com sua personalidade.

Gulf curvou os lábios alegremente, olhando para o espelho, quando por fim se deu por satisfeito com a própria aparência; mas, no momento em que encarou o reflexo de seus olhos, seu sorriso vibrante instantaneamente vacilou.

A beleza dele era incontestável, seu rosto era belo e seu corpo era feito para depravação.

Todavia, ao encarar sua imagem refletida naquele objeto retangular, encarar os seus olhos escuros e sem brilho, ele foi capaz de enxergar o que havia por trás de toda a maquiagem e das roupas bonitas. Seus olhos lhe mostravam o que ele era por dentro.

E Gulf Kanawut não gostava do que via.

Subitamente irritado, ele jogou uma toalha, que estava em cima da cama, direto no espelho. Desviando o olhar em seguida.

E, salvando-o do próprio martírio, a campainha tocou no mesmo instante. O jovem professor soltou o ar devagar, tentando se livrar da nuvem escura que o perseguia, sabendo exatamente quem estava lhe aguardando em frente a sua casa.

- Maldito Suppasit - Ele resmungou em voz baixa, mesmo que não houvesse ninguém ali para o ouvir praguejar. E então desceu apressadamente para atender ao músico.

Gulf fez uma pausa antes de abrir a porta, mordendo os lábios ao lembrar da forma que vinha reagindo a ele nos últimos dias. Mesmo que a situação fosse fodidamente irônica.