Chapter LXVI

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Episode: hate and love at same time

Mew Suppasit sentia que estava se afogando, como alguém que arriscava-se a mergulhar em um lago fundo e escuro, perdendo momentaneamente a direção da superfície e debatendo-se desesperadamente a procura de um pouco de ar, sem controle dos próprios movimentos.

Era esse o poder que Gulf Kanawut ainda detinha sobre ele.

Um poder capaz de tirar seu fôlego, acelerar seu coração, enquanto rasgava sua carne criando novas cicatrizes. Um poder venenoso que corria em suas veias, mesmo quando ele gritava para se livrar. Um poder que ninguém deveria deter sobre outro ser humano. Um poder que o músico jamais deveria ter deixado nas mãos dele.

Suppasit sentiu seu corpo inteiro ficar tenso, enquanto observava os olhos que, mesmo numa distância impossível de enxergar com clareza, ainda transmitiam um brilho inexplicavelmente intenso.

Um parte da sua consciência lhe dizia para virar-se, ignorar a silhueta estagnada a distância. Alertava-o que não era seu melhor momento e que, a vontade estranha de vê-lo de aproximar, estava banhada de um sentimento agressivo e incontrolável.

Mas, a medida que o barulho das ondas tomava o ambiente com sua melodia caótica, manteve-se inabalável ao fita-lo com uma postura hesitante.

Em contrapartida, Kanawut permaneceu afastado, com seus cabelos revoltos atingindo sua face por causa do vento forte da noite. O jovem professor parecia a imagem de um animal acuado, preso a uma armadilha prestes a mata-lo, sua expressão estava assustada e receosa, suas mãos pareciam apertar os sapatos com mais força que o necessário e parecia que uma corrente surgia do chão para o prender onde estava.

Vá embora - Mew pensou, com um sentimento agitado borbulhando em seu interior.

No entanto, ao que espectava sua presença incerta, vislumbrando o contorno magro do seu corpo, a camisa desabotoada expondo seu peito, as pernas longas e nuas por causa da bermuda curta, não conseguiu se impedir de continuar segurando-o em seu olhar. O músico fechou as mãos em punho algumas vezes, flexionando os dedos em uma tentativa de controlar o frenesi que parecia querer dominar seus pensamentos, sentindo a água gelada em seus pés, contrastando com a aspereza da areia arranhando sua pele. Isso era o que o lembrava de que estava em um chão firme. Que a sensação de estar sendo levado de si era somente seus pensamentos lhe pregando uma peça.

Gulf estava nervoso, do outro lado, qualquer um poderia ver. Estava desconfortável na própria pele, aflito com o cenário que desenrolava como um concerto noturno e melancólico. E não fugia da percepção do músico que o temor exalando dele era inteiramente culpa sua, visto que recusava-se a desviar o olhar, mantendo sua atenção nele com uma obstinação e expressão irredutível, como se estivesse desafiando-o a tomar a decisão errada.

Mesmo que, honestamente, nem ele poderia responder com certeza o que exatamente estava esperando do jovem professor. Se desejava a sua aproximação ou sua distância permanente.

Todavia, quando Gulf testou dar alguns passos hesitantes para frente, o coração do músico disparou no peito, fazendo-o perceber que talvez o melhor fosse a distância.

Não queria ele perto, não queria ouvir sua voz ou relembrar o seu cheiro, não queria encarar seus olhos expressivos que o músico ingenuamente achou que era capaz de ler.

Esse seu receio, provavelmente, ficou explícito em sua postura. Porque, no segundo seguinte, o jovem professor voltou a vacilar, interrompendo-se novamente.

Era como inicio de uma valsa. Os dois giravam em órbita, ouvindo o som das ondas se quebrando como sinfonia, e esperando pelo acorde principal que os daria o aviso para finalmente começarem a dançar.

The Blue Of Your Voice • Fanfic MewGulfWhere stories live. Discover now