Chapter LXXV

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Episode: the loneliest

No fim, Suppasit acabou sozinho.

Sentado naquela cadeira de madeira maciça, enquanto observava desconhecidos vagar em suas próprias vidas no restaurante do hotel, o músico mantinha-se na companhia do próprio silêncio ao tomar sua terceira xícara de café, sentindo o liquido fumegante e amargo descer por sua garganta, marcando seu paladar com o gosto forte e característico.

Ele não gostava de café.

Amargo demais, quente demais. Tolerava-o apenas quando bem adoçado. Mas conseguia entender o motivo de ser uma bebida tão apreciada em diversas partes do mundo, a cafeína certamente fazia seu trabalho mesmo para aqueles que não bebiam pelo prazer do sabor. Ele particularmente desejava somente manter-se desperto, uma vez que não conseguira dormir nenhum minuto sequer durante a noite, atormentado por pensamentos confusos e um coração acelerado que recusava deixa-lo em paz.

Respirou fundo, levando a xicara à boca, deixando seus olhos passear pelo ambiente bem iluminado e pousar em um casal de idosos que sorriam intimamente, inclinados uma para o outro, em uma mesa reservada, ambos confortáveis e felizes. A mulher, magra, alta e de corpo esguio, tinha os cabelos longos e soltos em madeixas brancas, certamente fora muito bela em sua juventude, visto que mesmo na velhice ainda era possível admirar seus traços elegantes e sorriso largo. O senhor, em contrapartida, um pouco mais baixo e rechonchudo, sorria um pouco mais contido, com seus cabelos baixos e brancos, olhando para a parceira como se o céu estivesse pintado em seus olhos. Não havia nada excepcional neles, provavelmente passariam despercebidos pela grande maioria de pessoas, mas era na atenção minuciosa que poderia ser visto o cuidado e companheirismo, a intimidade em adoçar o café do outro e empurrar o açúcar antes dele pedir.

Suppasit desviou o olhar, encarando seu café pela metade. Com um suspiro, pousou a xícara na mesa e a empurrou delicadamente para longe, perdendo a vontade de continuar entupindo-se de cafeína, quando sequer gostava daquilo.

Ele acenou educadamente para o garçom, agradecendo internamente quando o rapaz rapidamente começou a se mover em sua direção.

– Em que posso ajudar? – o garoto perguntou ao se aproximar, com a voz plana e a postura reta. Era jovem, talvez no inicio dos seus vinte anos, um pouco desajeitado e com espinhas do rosto.

– Poderia separar algumas frutas cortadas e um sanduiche para viagem? – o músico pediu, abaixando o olhar para ler o broche de identificação e então pronunciar educadamente: – Leo.

– Claro – o jovem garçom disse com um sorriso educado. – Mais alguma coisa, senhor?

Mew sorriu meio sem graça. Estava acostumado com adolescentes lhe chamando formalmente, mas aquele rapaz não deveria ser tão mais novo que Gulf, por exemplo

– Não, nada – ele disse com um dar de ombros, mas, antes que o garçom se afastasse, ele lembrou-se de garantir: – Nada de frutos do mar, ou derivados.

Leo – o garçom – sorriu com um aceno e afastou-se, caminhando meio apressadamente até o balcão de atendimento e repassando o pedido do músico.

Mew o assistiu por um segundo, apenas para desviar o olhar logo em seguida e voltar a observar o casal de senhores na mesa à sua esquerda. No entanto, não demorou sua atenção neles, preferindo pegar seu celular para conferir os horários do jogo no dia e confirmar com a agencia de aluguel de automóveis se haviam disponibilizado seu carro, conforme acordado no dia anterior.

Por sorte, não demorou para que seu pedido fosse atendido e o garçom retornasse com o café da manhã em uma sacola de papel marrom.

– Obrigado – o músico agradeceu, pegando a sacola morna ao toque.

The Blue Of Your Voice • Fanfic MewGulfDonde viven las historias. Descúbrelo ahora