Capítulo 4

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O caminho era curto; em vinte minutos, já estava na firma do pai, uma empresa de advocacia, e ele não negou ao sangue e se formou em direito. Marlon também trabalhava lá, e outro advogado também, Ricardo. Éramos três, e o pai só supervisionava, afinal, era o dono de tudo, chefe dos três. Micael tinha chegado um pouco atrasado naquele dia.

— O que aconteceu? Espero que tenha uma ótima justificativa. — Doutor Jorge o perguntou; era assim que gostava de ser chamado no trabalho.

— Eu estava dando a mamadeira do Felipe e perdi a hora. — Micael sabia que o pai não perdoaria o atraso; era muito severo com os funcionários, principalmente os filhos.

— Da próxima vez, deixa que a Luiza faça isso! — Disse rispidamente, virou-se e caminhou até sua sala. Micael soltou um suspiro; não teve nem chance de responder.

A bronca tinha acontecido na frente da secretária, uma mulher linda, mas Micael a achava vulgar demais. Ela vivia se atirando para cima de qualquer homem, inclusive ele, mas sempre dava um jeito de fugir.

— Seu pai é duro demais com vocês, né? — Kelly tentava puxar assunto, com uma voz doce.

— Tem que ser, ele é o chefe. — Disse, cortando qualquer tipo de papo com aquela mulher.

— Se eu puder ajudar você com algo, é só falar. Pode ser referente ao trabalho ou para relaxar, como uma massagem. — Sorriu, muito convidativa, como sempre.

— Não precisa se preocupar, se eu quiser uma massagem, minha esposa faz — Cortou-a no mesmo instante e sorriu no final, tentando aliviar o fora. Logo foi para sua sala verificar o caso que tinha para trabalhar.

Era especializado em defesa do consumidor, e sua cliente estava querendo processar uma grande empresa de telecomunicações; isso já era causa ganha, então nem se importou muito, deixou um pouco de lado seus papéis.

Duas batidas ecoaram pela sala.

— Entra — Ele disse com a voz grave. Marlon passou pela porta e se sentou na cadeira à sua frente com um sorriso.

— Em que posso ajudá-lo? — Perguntou com certo deboche.

— Para de palhaçada, garoto — Ele disse, rindo do irmão; estava muito bem humorado para uma segunda-feira de manhã.

— Fala, Marlon, o que você quer? — Perguntou ao irmão, que deu de ombros.

— Nada, fiquei sabendo que você levou um puxão de orelha hoje. Vim saber da fofoca direito.

— Mas a Kelly é muito fofoqueira, né? Nosso pai tem que arrumar outra secretária, eu não aguento mais essa criatura aqui, sério. — Respondeu levemente irritado e viu o irmão negar com a cabeça.

— A Kelly eu pego de vez em quando; preciso dela aqui pertinho de mim. — Ele disse na cara de pau e arrancou uma risada do irmão, que logo esqueceu a irritação.

— Tem vergonha de me falar isso não? — Viu o irmão negar com a cabeça várias vezes e deu mais risada.

— Ah, Micael, só porque você casou, fica aí dizendo que não repara em ninguém; pode assumir, porque eu sei que boi amarrado também pasta. 

— Primeiro que eu não sou boi e segundo que estou muito feliz só com a Luiza; não preciso "pastar" por aí como você. — Tentou dar uma breve lição de moral no irmão mais velho, mas sabia que ele nem ligava.

— Eu prefiro todas a uma só; e se você tivesse seguido os meus conselhos, não tinha casado com a primeira mulher que namorou e perdeu a virgindade.

— Isso porque você nunca se apaixonou de verdade; por isso que prefere todas. — Marlon deu de ombros sem se importar com as falas do irmão. — Ainda bem que eu não segui seus conselhos; estou muito feliz com a minha família.

InevitávelWhere stories live. Discover now