Capítulo 7

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— Vejo que vocês já contaram a ele... — A voz da loira encheu seus ouvidos, mas estava diferente do normal. Sophia sempre foi alegre e cheia de vida, com um humor ácido e debochado. Não tinha nada disso em seu tom de voz atual, apenas tristeza. Olhou em seu rosto tinha os olhos vermelhos, por mais que não gostasse de Micael, amava muito a irmã.

— É me contaram... Deixa eu pegar ele um pouquinho, por favor?! — Micael fungou e pediu, com os braços esticados. Sophia se aproximou e com cuidado o colocou na cama ao lado do pai. — Ei filho, agora somos só nós dois. Ainda não sei o que vou fazer, mas vou dar um jeito, você pode confiar em mim... —Ele que já chorava novamente, acabou emocionando os presentes.

Sophia caminhou lentamente até a cama e pegou uma das mãos de Micael que o olhou surpreso, não lembrava da mulher ter feito aquilo em algum momento. Ela segurou forte e o olhou nos olhos, já estava chorando novamente.

— Você nunca estará sozinho Micael, sempre terá o nosso apoio. — Ela disse e logo após fungou, era uma situação muito difícil. Todos amavam muito Luiza.

— Não é a mesma coisa, Sophia. Ela não estará mais comigo quando ele acordar de madrugada ou quando ele tiver febre. Ela não vai estar aqui pra ouvir nosso filho falar "mamãe" pela primeira vez, não vai vê-lo no seu primeiro dia de aula... Tanta coisa que a gente sonhou, tanta coisa que tínhamos pela frente. Tudo foi por água abaixo por causa que uma pessoa que nem conhecemos bebeu e inventou de dirigir.

— Eu sei que é difícil, estamos todos sofrendo muito, mas agora é a hora de deixarmos as diferenças e nos unirmos para o bem do Felipe. — Sua voz era tão simpática que fez Micael sorrir entre as lágrimas.

— Obrigado, Sophia. Obrigado mesmo, nós dois vamos precisar. — A loira sorriu de volta, ainda segurando uma das mãos de Micael.

— Agora eu acho que você tem que descansar, sofreu um acidente, dorme, vai ser melhor. Posso pegar? — Sophia largou a mão do cunhado e apontou pro menino.

— Vai leva-lo com você? — Perguntou ainda sem entregar o filho a ela.

— Ele já recebeu alta, então vamos levar lá pra casa, até porque você vai demorar alguns dias pra sair daqui. — Micael respirou um tanto aliviado, sabia que lá Felipe seria bem tratado pela família de Luiza. — Tudo bem pra você?

— Tudo bem, mas assim que eu sair vou lá busca-lo, não quero dar mais trabalho para vocês. — Sophia revirou os olhos, um ato que o lembrava muito a irmã.

— Você não vai nos dar trabalho. Nós amamos o Felipe, e de certa forma você sempre será parte da nossa família. — Ela lhe deu um sorriso, mas em seus olhos se via a tristeza que ela carregava no peito.

— Mais uma vez, obrigado. — Forçou um sorriso, seu rosto já estava seco. Observou Sophia se retirar do quarto com seu filho.

— Eu acho que você deveria descansar. — Jorge disse ao filho depois que ele estava algum tempo considerável encarando a porta.

— Não vou conseguir dormir pai... — Respondeu ao se virar e olhar em seus olhos, novamente com vontade de chorar.

— Você não sabe, ainda não tentou — Marlon argumentou e Micael virou os olhos com aquilo.

— Eu apenas sei. — Virou o rosto de volta, não queria mais conversa e eles perceberam, pois deixaram Micael sozinho com seus pensamentos e ele acabou pegando no sono novamente.

Ao acordar já nem sabia quanto tempo havia se passado. Talvez algumas horas, ou minutos... quem sabe até um dia. O quarto estava vazio, ele se sentiu ainda mais vazio. Uma onda de tristeza foi ao seu encontro, sua nova realidade.

Micael observou os cabelos loiros de Sophia quando a mesma passou pela porta com um sorriso, tinha um rosto melhor do que da última vez que tinham se visto.

— Olá?! — A mulher disse com o mesmo tom simpático, olhando em seus olhos.

— Oi, Sophia, em que posso ajudar? — Perguntou com a mesma simpatia, os dois pareciam outras pessoas depois da morta de Luiza, isso era um tanto irônico, visto que a mulher sempre lutou para que se dessem bem.

— Em nada, só vim ver se você está bem! — Disse com um sorriso ainda maior. — Está? — Micael ficou surpreso com aquilo, nunca na vida imaginou que sua cunhada fosse sair de casa só pra ver se ele estava bem.

— Fisicamente sim, estou melhor, parece que dormi por dias. — Deu de ombros e observou a risada da mulher á sua frente.

— Sim, você dormiu por dias. — Confirmou aquilo e o pegou de surpresa novamente. O moreno arregalou os olhos se perguntando o motivo. — Seu pai achou que você estava muito atordoado, e sentindo dores... ele pediu aos médicos que o mantivesse sedado o dia de ontem, agora são apenas nove da manhã.

— Caramba, então você veio aqui com Felipe há dois dias? — Ela assentiu e ficou em silêncio enquanto ele assimilava aquilo. — Bom, pelo menos dormindo eu não sinto nada.

— Queria te fazer um pedido... — A mulher ficou corada e despertou curiosidade em Micael, suficiente para distrai-lo do drama que vivia por conta de ter dormido dois dias.

— Pode falar. — Sorriu na tentativa de deixar a mulher a vontade.

— Soubemos que está perto de você receber alta, queremos que vá ficar lá em casa conosco. Topa? — Ela sorriu simpática e juntou as mãos como se tivesse implorando.

— Sophia, eu tenho condições de me virar. — Falou um pouco mais baixo, sem querer ficar na casa que o lembraria a todo instante do que havia perdido. — Quero dizer, acho que tenho.

— Você tem uma perna e algumas costelas quebradas e ainda tem a cara de pau de dizer que consegue se virar? — O encarou com deboche, bem como a Sophia de sempre.

— Ok, talvez você tenha razão e eu vá precisar de ajuda mesmo, mas tem meu pai e o meu irmão pra me ajudar, eu não preciso perturbar você e seus pais.

— Claro, três homens e um bebê... — Ironizou e então o encarou novamente. — Não seja cabeça dura, seu pai e seu irmão tem que trabalhar, pelo menos lá em casa sempre tem alguém pra poder ajudar e cuidar do bebê. Não é só por causa do Felipe — A loira se antecipou, sabendo que ele pensaria aquilo e de fato estava pensando mesmo. — Nós nos preocupamos e queremos cuidar de você, eu já disse que faz parte da nossa família.

— Só que você nunca me aceitou como parte da sua família. — A acusou, mesmo sabendo que aquele não era o momento. — Como eu vou me mudar pra sua casa e depender de você e seus pais sendo que a qualquer momento você pode deixar de ser essa pessoa simpática e voltar ao normal? 

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