Capítulo 62

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Sophia ficou mais um tempo no quarto se lamentando, mas logo levantou pra lavar o rosto e voltar pra ficar com Felipe. Aquele havia sido um longo dia, não levou o menino para escola, não teve cabeça para nada.

Enquanto observava o garoto brincar no quintal, pensou sobre o pedido de guarda de Luiza e teve ainda mais raiva, se é que era possível. Separar Micael e Felipe era uma maldade sem tamanho, nunca na vida ela tinha visto pai e filho que se amavam mais que aqueles dois.

Levar o Felipe daquela casa deixaria Micael sem chão e ela não queria acreditar que aquilo realmente era possível. Perto das oito, os dois estavam à mesa, mas Sophia só olhava o menino comer, de novo.

— Titia, o papai vai demorar a chegar do trabalho?

— Vai demorar mais um pouco, meu amor. — Passou as mãos pelo cabelo do menino que se deliciava com a comida requentada do almoço. — Tenho certeza de que ele está morrendo de saudades de você já.

— Eu estou com saudades do papai. — O menino disse com um suspiro que o fez parecer mais velho do que realmente é. — Quando falar com ele, diz para vir pra casa mais cedo amanhã.

— Pode deixar que eu vou dar seu recado, meu amor. — Forçou um sorriso e o incentivou a comer, logo após mudou de assunto e enrolou o menino.

Colocou a criança na cama por volta de nove da noite e então finalmente pode tomar um banho e se encolher na cama, para que pudesse sofrer sem culpa de estar sendo ausente pro menino. Pensou que a ausência de Micael não a deixaria dormir, mas a realidade é que estava tão cansada que dormiu sem nem perceber.

Quando abriu os olhos, tinha se esquecido de fechar a cortina e a luz do sol entrava forte e brilhante. Colocou um travesseiro na cara e virou pro lado, a fim de dormir mais um pouco, pelo menos até ouvir a risada de Micael ali no quarto.

A mulher tirou o travesseiro do rosto e se sentou no mesmo instante, viu seu noivo sentado aos seus pés com um sorriso. O sorriso que amava.

— Você está mesmo aqui? — Sophia coçou os olhos, confusa se aquilo era um sonho realista ou se estava doida de vez. Ele nada disse e a loira se deu um tapa na cara.

— Que isso, você ficou um dia longe de mim e isso te fez ficar doida? — Perguntou bem humorado e se aproximou um pouco mais. — É logico que eu estou aqui, você por acaso estava sonhando comigo?

— Como... como é que está aqui? — Franziu a testa ainda confusa.

— Eu tenho um bom advogado. — Respondeu ainda com humor, se aproximou o que faltava e segurou em suas mãos, mas antes que pudesse lhe dar um selinho, reparou nos arranhões que tinha no rosto. — O que diabos aconteceu com a sua cara?

— A primeira coisa que vai fazer é brigar comigo? — Disse envergonhada.

— Eu ia te beijar, mas essa sua cara arranhada mostra que ao invés de ir ao médico cuidar do nosso filho, você foi atrás da Luiza arrumar confusão.

— Claro que eu fui, ela mereceu cada soco que levou de mim. — Cruzou os braços com um bico. — E eu não ia ser capaz de ir ao médico sem você, é um momento nosso, você precisa estar comigo.

— Tudo bem, meu amor. — Lhe deu um selinho. — Foi um dia muito estressante.

— Foi desesperador. Como é que você saiu?

— Habeas Corpus, já ouviu falar sobre?

— Assim fácil? Seu pai havia dito que o primeiro pedido foi negado. — Micael deu de ombros tentando pensar num jeito simples de explicar toda a burocracia jurídica, mas acabou desistindo e apenas balançou os ombros.

InevitávelWhere stories live. Discover now