Marlon chegou em casa quando estavam a caminho da mesa e sorriu ao ver a cunhada ali. Sophia não tinha mais falado com Micael depois da última vez e o moreno tinha um bico imenso no rosto.
— Chegou tarde, hein. — Micael comentou e observou o irmão rolar os olhos.
— Alguém na família tem que trabalhar. — Disse num tom debochado e acabou levando um empurrão de Micael, isso despertou uma risada em Sophia.
— Eu trabalho muito. — Ele disse de forma convincente, mas então Sophia riu ainda mais, sem nenhum pudor.
— Muito bem observado, Sophia. — Marlon disse a cunhada, entre suas risadas. — Isso me poupa de ter que gastar meus argumentos aqui.
— E você tá contra mim, Sophia? — Disse fingindo estar bravo, Sophia conseguia ver em seus olhos que estava até se divertindo com a brincadeira.
— A única coisa que sei, é que nos últimos dias com você me visitando todos os dias não parecia que estava trabalhando muito não.
— Eu já fez de tudo pra esse menino trabalhar, mas nada adianta. — Jorge entrou na brincadeira também.
— É sério que toda família está contra mim? — Sentou-se ao lado de Sophia, mal conseguindo conter o riso. O clima entre os dois havia melhorado após as brincadeiras de Marlon.
— Só falamos a verdade, somos cinco contra um. — Sophia disse com um sorriso e sentiu o cunhado e o sogro confusos.
— Somos quatro, Sophia. — Corrigiu a cunhada um tanto sem graça.
— Meu filho nem chegou ainda, mas ele já sabe que o pai dele gosta de fugir do trabalho. — Os olhos de Marlon e Jorge se arregalaram por alguns instantes e logo um sorriso se abriu em seus rostos.
— Você está grávida? — Jorge disse já se levantando para lhe dar um abraço. — Como foi que você não me contou isso, Micael?
— Descobrimos faz só dois dias. — Micael disse ao pai, mas ainda assim levou um tapa na cabeça do irmão que também tinha se levantado pra cumprimentar os dois. — Ai, Marlon!
— Dois dias é tempo suficiente pra enviar uma mensagem e dizer que vai ser pai novamente.
— Querem parar de brigar comigo? Minha vida estava uma zona, eu precisava me concentrar em trazer a Sophia de volta, em fazer ela me perdoar.
— Que bonitinho. — A loira apertou a bochecha de Micael e ele a encarou sem entender. — O quê? Eu achei fofo.
— Eu quero comer. — Felipe finalmente se manifestou e ganhou a atenção de todos. Tinha o cotovelo apoiado na mesa e a cabeça nas mãos, estava entediado.
— Vamos comer, meu amor. — Jorge voltou ao seu lugar e então serviu o neto que sorriu por finalmnete poder comer.
— Será que um dia vou me acostumar com vocês juntos? — Marlon puxou o assunto pouco depois que ficaram em silêncio. — Sei que já tem anos, mas poxa, vocês se odiavam! — O casal se encarou e deu risada.
— Vai ver já era amor. — Micael tentou falar de forma fofa e Sophia riu ainda mais.
— Não, com certeza não tinha nada a ver com amor, eu sempre te achei um escroto. — Marlon gargalhou junto de Sophia.
— Eu tentando ser fofo e você vai lá e corta o clima. — Fez drama, arrancando mais risada de todo mundo.
— Só estamos falando a verdade, mais uma vez. — Marlon se meteu outra vez, implicando.
— Cala sua boca, Marlon. — Jorge deu risada e decidiu participar da conversa.
— Não vão parar de zoar o meu filhotinho? — Micael olhou pro pai sério por alguns instantes.
— Eu tenho uma esposa que me achava escroto, um irmão idiota e um pai zoeiro. Não aguento mais vocês. — Terminou o breve protesto segurando uma risada.
— Mas amor, a gente já disse tanta coisa um pro outro enquanto discutia que não é possível que você não pensava coisa pior de mim.
— E eu não sou um idiota. — Marlon roubou a atenção e os dois começaram uma briguinha besta para ver quem era o mais idiota dos irmãos.
Sophia comeu em silêncio, só prestando atenção nos irmãos brigando e em seguida dando risada. Pelo menos até sentir seu estômago embrulhar e ter que levantar correndo em direção ao banheiro que nem sabia bem onde ficava. Quando voltou, os três estavam em silêncio a olhando com preocupação e Felipe terminava seu jantar.
— Não me olhem assim, eu estou bem. — Voltou a sentar-se na mesa para tentar terminar de comer. — Estou até acostumando com o fato de que meu filho não me deixa comer nada. — Empurrou o prato com um sorriso, somente o cheiro já estava fazendo com que quisesse vomitar outra vez.
O jantar não durou muito tempo mais, logo estavam se despedindo e finalmente indo para casa, em silêncio novamente. O clima era tenso, Sophia tinha voltado a ficar de cara feia, novamente pensando no que Felipe tinha dito sobre os pais.
Micael tentou puxar algum assunto durante o caminho, mas nada foi pra frente e ele desistiu. Assistiu sua namorada entrar direto e ir para o banheiro. O moreno suspirou e levou o filho pra dentro, o colocou pra dormir e então foi tomar seu banho no banheiro social, quando voltou ao quarto, ainda enrolado com a toalha nos quadris, finalmente encontrou sua namorada.
— O que aconteceu? — Perguntou um tanto seco querendo de uma encerrar aquele assunto. — Você vai mesmo ficar de cara amarrada sem nem ao menos me contar o motivo?
— Não finge que você não sabe o motivo. — Respondeu de má vontade e Micael caminhou para perto do armário e começou a procurar uma roupa. — Você sabe bem o que fez.
— Vai mesmo me dizer que está com raiva por causa da besteira que uma criança de cinco anos falou? — Soltou a toalha e vestiu um short confortavel. — Meu amor, acabamos de ficar bem.
— Eu não tenho direito de ficar incomodada com o fato de você viver transando com a Luiza pela casa e não dar atenção ao menino? — Micael respirou fundo e segurou as mãos de sua amada, em seguida olhou em seus olhos.
— Quer mesmo estragar nosso momento por causa disso? Eu sei que deve ser difícil pra você imaginar e pode ter certeza que eu me arrependo amargamente de ter caído no papo da Luiza, mas infelizmente, eu não tenho como apagar o que já fiz, meu amor.
— Eu sei que não tem, mas fiquei chateada, você também estaria da mesma forma se soubesse que eu estava por ai transando com o Marco ou qualquer outro. Aliás, não foi por isso que você fez essa besteira?
— Foi, eu sou um imaturo, fiquei com ciúmes e fui facilmente manipulado, mas sinceramente não quero permitir que sua irmã acabe com a gente de vez, eu te amo muito. — Deu um selinho na namorada. — Vou te dizer algo que você me disse há alguns anos: Luiza está morta!
— Não, ela não esta! — Protestou.
— Tem razão, isso é ainda pior do que quando estava, afinal, eu tinha consideração por ela, eu a amava. Agora, eu sinto pena do que a Luiza se tornou. Acredita que eu te amo, por favor.
— Eu acredito. — Finalmente sorriu. — Só tenho raiva por você ter ficado com ela.
— Só está se esquecendo que quem me jogou no colo dela foi você. — Brincou e a viu lhe dar um olhar sério. — Você devia ter lutado por mim e não ido embora como se eu não significasse nada pra você.
— Haha, muito engraçadinho você, senhor Micael. — Ele roubou um beijo mais demorado dessa vez. — Eu só quero que as coisas sejam mais facéis pra nós.
— E eu quero que você seja minha esposa. — Ele se levantou e voltou pra perto do armário, tirando de dentro da sua gaveta de cuecas, uma caixinha preta aveludada. — Eu sei que essa pode não ser a melhor hora, mas eu cansei de perder tempo, quero tanto passar o resto da minha vida com você... Quer casar comigo? — Volltou pra cama e abriu a caixinha, revelando o solitário.
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Inevitável
RomanceMicael e Luiza são um casal harmonioso e feliz. Tem Felipe, seu filho de oito meses e os três vivem numa boa casa, localizada no Rio de janeiro, em Niterói. Tudo muda após um trágico acidente, que deixa o rapaz viúvo, com um filho pra cuidar. A aju...