Capítulo 61

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— Já disse que não tem merda nenhuma a ver com esse divórcio. Vê se para de se fazer de santa, naja. — Falou ainda mais alto e Branca puxou o neto pra perto dela, com medo de que fosse atingido no fogo cruzado. — Estou falando de você ter o denunciado.

— Ah... — Abaixou o tom de voz se lembrando da denúncia que tinha feito. — Micael quase me matou, Sophia. Ele tem que pagar por isso.

— Deixa de ser ridícula, você o conhece bem o suficiente pra saber que ele não é violento. A culpa foi sua, você o irritou. Retira a queixa.

— Não vou retirar nada! A única coisa que eu fiz foi dizer que amo meu filho. Micael apertou meu pescoço só porque eu ter dito isso, você devia correr dele, visto do que é capaz.

— Faça-me o favor! Como você teve coragem de dizer que ama o Felipe logo após dizer que abandonou os dois por causa de macho? — Sophia começava a hiperventilar. — Chegamos aqui há alguns minutos e eu não vi você abraçando seu filho que ficou aí agarrado na sua perna implorando atenção.

— Eu nem tive tempo, você chegou aqui me acusando de mil e uma coisas diferentes. E ainda não parou.

— Não fode, você não fez porque não tá nem aí pro garoto. Denunciou o Micael por capricho porque não superou e talvez nunca vá superar o fato dele ter me escolhido.

— Eu não o obriguei a me enforcar.

— Praticamente fez isso quando resolver ser hipócrita. — Rosnou e observou a irmã rir.

— Lamento muito, mas ele vai sim responder por agressão a mulher.

Mal Luiza tinha acabado de falar e Sophia tinha voado pra cima dela mais uma vez. Dessa vez bateu de mão aberta e puxou cabelo. As duas cairam no chão, Sophia nem sabia de onde estava tirando tanta força pra ficar por cima e agredir a irmã daquela maneira.

Renato entrou em casa e deu de cara com aquela cena horrorosa. As meninas quase se matando no chão, Branca escondendo o rosto de Felipe pra não olhar aquela briga. Era uma gritaria dentro daquela casa.

— Será que as duas podem parar de brigar um momento? — Gritou após separar as duas. — Que inferno, vocês se amavam, não podiam ficar longe uma da outra e agora é essa brigaiada toda vez que se vêem, assim está impossível. — Encarou a filha mais velha. — Existem outros homens no mundo, Luiza. Solteiros e desempedidos pra você ir atrás. E você — Se voltou a caçula. — Devia deixar de arranjar confusão já que o garanhão escolheu você, além do mais, você está grávida, é burra ao ponto de não saber que brigar faz mal pro bebê ou só não liga mesmo?

— Ela fez uma denúncia contra o Micael. — Resmungou, já chorando de novo. — Ele está preso!

— Micael agrediu a sua irmã de uma forma bem séria, Luiza não está errada em fazer a denúncia.

— E eu bati nela agora e aí, vou receber denúncia também? — Perguntou encarando Luiza. — Vamos lá na delegacia, Luiza.

— Eu não vou fazer isso com você. — Disse como se fosse óbvio, tinha os braços cruzados. — Você é minha irmã e está grávida.

— Nossa, eu devo ter a melhor irmã mais velha do mundo. — Respondeu com deboche, as lágrimas já voltaram a escorrer.

— Pare de drama, Sophia. Daqui a pouco ele sai, Jorge tira ele na cadeia em dois segundos.

— Hoje tinha a primeira consulta do bebê, quando ele sair da cadeia, já vai ter passado. E não vai ter mais primeira consulta! — Se sentou no sofá com as mãos no rosto. — Parabéns, Luiza. — Se levantou de novo e puxou o sobrinho pela mão.

— Se acalma antes de ir. — Branca pediu a filha que já estava perto da porta. — É perigoso dirigir nesse estado, Sophia.

— Nunca vou ficar calma estando no mesmo ambiente que ela. — E saiu de perto levando o menino.

**

Sophia chegou em casa ainda pela manhã e se jogou na cama. Não iria aquela consulta sem Micael. Perdeu a noção do tempo e só voltou a si quando ouviu Felipe se aproximar do quarto, já mais de uma da tarde.

— Titia? — O menino chamou baixo, parecia com medo. — Eu tô com fome... — Sophia se levantou num pulo.

Não havia situação no mundo que justificava se esquecer do sobrinho e tratar o menino de forma tão relapsa.

— Meu amor, me desculpa. — Abraçou o menino. — A titia vai preparar alguma coisa pra você comer, tá bem? — O pequeno balançou a cabeça positivamente. — Por que está agindo desse jeito?

— Eu não quero que você fique brava comigo também. — Sophia se afastou e olhou pro menino com ainda mais culpa, tinha saído com a criança antes das sete da manhã sem nem dar café a ela. O menino tinha presenciado a briga toda com a mãe dele...

— Felipe, olha pra titia. — Se abaixou na altura do menino. — Eu nunca vou bater em você e nem te tratar mal, meu amor. A titia te ama, se lembra?

— Eu também te amo, titia. — Sorriu e mais um abraço foi dado entre os dois, logo Sophia se levantou e deu a mão ao menino.

— Vamos lá, eu vou fazer algo bem gostoso pra você. — Os dois saíram do quarto e Sophia procurou algo prático pra fazer.

Sophia tentou comer um pouco, mas acabou passando mal e desistiu de vez, só observou o menino se deliciar com o prato de macarrão a bolonhesa que tinha diante de si.

Ouviu o barulho do toque de seu celular e saiu correndo pela casa em busca de alguma notícia de seu amado. Encontrou o celular e atendeu ainda sem fôlego da corrida recente.

— Me dá uma notícia boa, pelo amor de Deus. — Disse assim que atendeu, sem nem ao menos cumprimentar o sogro. — Fala, Jorge.

— Não tenho boas notícias. — Sua voz estava carregada. — O pedido de fiança foi negado, o juiz alegou que ele é violento e uma ameaça para o Felipe, o depoimento da sua irmã na delegacia foi bem convincente, ela inclusive pediu a guarda dele.

— A Luiza enlouqueceu! — A mulher andava de um lado para o outro no quarto, estava com vontade de ir até lá e dar outra surra em sua irmã.

— Olha, eu não sou advogado desse tipo de causa, mas sinceramente, as chances estão a favor da Luiza depois dessa.

— Não da pra saber quando ele sai? — Sophia se sentou na cama, desolada.

— Infelizmente não tenho como prever, entrei com um novo pedido de liberdade provisória, com novos argumentos refutando algumas coisas que foram ditas. Ele não vai esquentar lugar lá, confie em mim.

— Eu confio, mas não deixo de ficar preocupada com ele. — Se jogou pra trás e soltou um suspiro.

— Ele mandou dizer que está bem e pediu para você cuidar bem do bebê, disse que sabe que você não foi a consulta, mas que precisa ir mesmo sem ele. — Sophia sorriu, ele a conhecia como ninguém. — Fica bem, Sophia. Qualquer notícia eu ligo para você.  

InevitávelDove le storie prendono vita. Scoprilo ora