Capítulo 38

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— Será que pode se acalmar? Você está muito fraca ainda, por isso que ninguém ia te contar nada sobre isso. — Branca disse preocupada. — Eu sei que é difícil, mas filha, pensa na sua recuperação.

— Que recuperação o que, meu marido está com a minha irmã! — Rosnou irritada. — E todo mundo sorrindo pra mim como se eu fosse uma idiota!

— Luiza, pelo amor de Deus se acalma! — Renato disse e a mulher bufou pro pai. — Não é o fim do mundo. — E antes que a filha lhe desse uma resposta, passos e risadas foram ouvidos, os três olharam na direção.

Felipe saiu de perto da mãe e correu pra abraçar a tia, o que deixou Luiza ainda mais irritada. Todo um clima pesado se criou na sala e o casal tinha certeza que Luiza sabia a verdade.

— Vamos ir. — Anunciou, sem se dar ao trabalho de contar a Luiza que estavam juntos. — Está de noite já.

— Primeiro me esclareça uma coisa! — A mulher andou devagar pra perto deles e parou diante da irmã. — Não tinha outro macho livre, só o meu marido? — Luiza acertou um tapa na cara da irmã caçula. Se antes estava um climão, piorou dez vezes. Aquele tapa não havia sido forte, luiza que cambaleou e quase caiu, mas havia sido bem significativo.

— Luiza, pelo amor de Deus! — Micael disse alarmado, tentando puxar Sophia pra trás, mas ela não se mexeu. As duas se encaravam em silêncio.

— Não se mete aqui, que no momento meu assunto é com ela. — Disse a Micael sem nem desviar o olhar da irmã.

— Nunca mais encoste um dedo em mim, Luiza. — Sophia respondeu antes mesmo de Micael se meter mais. — Eu não te dei liberdade pra fazer esse tipo de coisa.

— Responde a minha pergunta. — Ignorou o aviso, ainda bem perto de Sophia.

— Tinham vários, mas acontece que o seu marido era melhor. — Sophia respondeu com deboche e pegou a irmã desprevenida. — Ora, você não vivia dizendo que devíamos nos entender? Pois então, realizamos o seu desejo, devia estar dando pulos de alegria por ai.

— Sophia, você também não está ajudando em nada. — Micael se intrometeu mais uma vez.

— NÃO SE METE AQUI. — As duas disseram ao mesmo tempo então ele puxou Felipe do meio das duas e se afastou um pouco.

— Eu não sabia que você era uma vagabunda, Sophia! — Encheu a boca pra falar e magoou a irmã. — Que loucura é essa, você sempre odiou o Micael, sempre foi uma luta ter a droga de um almoço em família.

— Luiza, você sabe que não sou nada disso. Você estava morta, nós te enterramos! — Argumentou perdendo toda marra de durona, já estava a ponto de chorar, amava sua irmã era difícil viver assim.

— E você não perdeu tempo. — Disse baixo, decepcionada.

— Na verdade, perdi tempo demais. — Irritou a irmã de novo.

— TODA ESSA HISTÓRIA DE SE ODIAREM ERA UMA MENTIRA, NÉ? — Luiza voltou a gritar, Felipe estava escondido atrás das pernas do pai, com medo da gritaria. — VOCÊ JÁ O QUERIA, ISSO TUDO FOI UMA FORMA DE ESCONDER OS SEUS DESEJOS PORQUE SABIA QUE ELE JAMAIS IA OLHAR PRA VOCÊ ESTANDO COMIGO.

— Tudo aconteceu depois do acidente. — Sophia regulou a voz, falando consideravelmente mais baixo. — Eu nunca o olhei dessa forma, eu nunca trairia você, mesmo se ele olhasse pra mim enquanto estava com você. Luiza, você me conhece muito bem, sempre fomos melhores amigas.

— Vocês são dois traidores. — Finalmente olhou pra Micael, falava baixo, bem mais calma e tinha um olhar de decepção. — Minha irmã, Micael? A minha única irmã?

— Acabou acontecendo, ninguém premeditou isso. Você mesmo disse que se ela cuidava de mim e do Felipe estava feliz. — Disse do jeito mais calmo que conseguiu.

— MAS ESSA REGRA NÃO SERVE PRA PORRA DA MINHA IRMÃ CAÇULA. — Voltou a se descontrolar e Micael respirou fundo.

— Olha a boca, Felipe está na sala. — Micael repreendeu e a mulher virou os olhos, voltando a se concentrar na irma.

— Você vai pagar por isso! — Apontou o dedo na cara de Sophia. — Vai ser obrigada a nos ver felizes por ai, mais cedo ou mais tarde. Sabe por que? Porque ele me ama, sempre amou. É uma questão de tempo até a gente voltar e você vai ter que lidar com isso. — Chamou Felipe com as mãos e um sorriso falso no rosto, o menino correu até ela e ganhou um abraço e um beijo na testa. — Mamãe vai te visitar em breve, tá filho? — O menino balançou a cabeça feliz com aquela informação e ela olhou pra mãe. — Me ajuda a ir para o quarto? Minha cabeça está latejando, preciso me deitar.

— Claro, filha! — Branca concordou com um sorriso e deu o braço a filha. As duas saíram da sala e a mãe de Sophia nem ao menos se despediu dela. Quando Micael olhou em seu rosto, lágrimas rolavam de novo.

— Soph, sabíamos que seria difícil quando ela descobrisse. — Passou as mãos nas costas da atual esposa.

— Micael, ela está certa em tudo o que disse. — Micael suspirou e escolheu ignorar aquilo, senão toda insegurança do quarto voltaria.

— Quem contou pra ela? — Perguntou a Renato que ainda estava ali os olhando. — E por que a Branca fez isso?

— Não foi ela, Micael, nem eu! — Se defendeu. — Ela estranhou o jeito que você disse que se entenderam, começou a fazer perguntas, mas a gente tentou desconversar, dizendo que ela devia conversar com vocês antes, só que ela foi perguntar ao Felipe e ai não deu pra evitar.

— Droga, ela sempre foi esperta! — Negou com a cabeça e segurou a mão do filho, caminhando pela porta, parou ao perceber que Sophia não estava junto, ela continuava sentada no sofá.

— Acho melhor eu não ir. — Ela começou a dizer, nem parecia a mesma mulher que há poucos estava discutindo com a maior segurança.

— Já conversamos sobre isso e você vem comigo! — Caminhou até ela e a puxou pela mão, ela foi sem resistência, mas ainda pensativa.

Sophia entrou no carro em silêncio e assim ficou durante toda a viagem. Micael tentou puxar alguns assuntos, mas nada dava certo e ele acabou desistindo antes mesmo da metade do caminho. Uma música baixa era a única coisa que se ouvia dentro daquele automóvel.

Quando chegaram, Micael agradeceu mentalmente por sair daquele silêncio desagradável, tirou o filho adormecido do banco de trás e foi colocá-lo na cama, viu Sophia passar direto pro banheiro e sabia que ela ia chorar ainda mais.

Voltou ao quarto e a mulher ainda estava no banheiro, não quis invadir sua privacidade e foi tomar banho no social. Quando chegou de volta, lá estava ela, deitada na cama, coberta até os ombros e olhos fechados. Foi escovar seus dentes e em seguida se deitou ao seu lado, passou um braço em volta dela ficando de conchinha.

— Eu amo você, não deixa nada que qualquer outra pessoa diga abalar a confiança que você tem nisso. Nem mesmo a Luiza. — Deu um beijo no topo da sua cabeça e então quando menos esperou já tinha caído no sono.

InevitávelWhere stories live. Discover now