Capítulo 19

33 6 1
                                    

— Não fiz nada. — Deu de ombros olhando a televisão, o filme que já tinha avançado bastante e nenhum dos dois ligava.

— Está com ciúmes. — Sorriu de canto, achava fofo o tanto que ela tentava se controlar. — Doida pra dar um ataque e não adianta disfarçar, consigo ver de longe.

— Micael, a vida é sua, você come ou namora quem quiser. Não vou me meter, além do mais, eu tenho meu namorado pra ter ciúmes. — Se levantou pra sair dali, subiu as escadas irritada.

— Sophia, o filme? — Ele gritou e foi ignorado pela mulher que continuou a subir sem nem olhar pra trás.

Micael terminou o filme sozinho e antes de iniciar outro, deu mamadeira pro filho e foi colocar pra dormir, após trocar sua fralda. Voltou pra sala e viu mais um filme, mas na realidade não prestava atenção, estava pensando na conversa que teve com Sophia e na crise de ciúmes reprimida.

Ele não percebeu que acabou dormindo e mais uma vez sonhou com Sophia. Não tinha percebido que aos poucos Luiza deixou de ocupar seus pensamentos e sonhos, agora só tinha lugar pra Sophia. Acordou na manhã seguinte, dolorido e sonolento, subiu e foi tomar um banho, precisava se arrumar pro trabalho.

Quando chegou na cozinho, pronto pra ligar a cafeteira, deu de cara com Sophia. Ainda vestindo a camisa e o moletom. O cheiro de café invadiu suas narinas.

— Bom dia, Micael. — Disse com um tom simpático, mas era claramente forçado. — Já fiz o café, se quiser está ai na cafeteira. — Apontou e se sentou, bebericando de sua xícara.

— Bom dia, Sophia, muito obrigado! — Respondeu no mesmo tom educado. O clima entre os dois não era dos melhores, como na maioria das vezes. — Estou saindo pra trabalhar. — Engoliu o café o mais rápido que pôde.

— Bom trabalho. — Foi só o que disse, sem nem olhar em sua direção.

O diálogo entre os dois seria assim agora, daquela forma seca falando somente o necessário. E como sempre nos últimos dias Micael não conseguia tirar a mulher da cabeça. Trabalhou o dia todo pensando que talvez não fosse tanta loucura assim, afinal, sabia que seus parentes próximos não podiam fazer nada além de reclamar, ainda assim, lhe parecia tão errado.

As horas se arrastaram e ele finalmente pôde ir embora. Cumprimentou as pessoas na saída e foi para sua moto, agora já não andava mais tão rápido, não havia mais pressa pra chegar em casa.

Quando chegou, encontrou Felipe no cercadinho que estava armado na sala, não viu Sophia em nenhum lugar á vista. Tirou o menino dali que sorriu quando o viu e bateu palminhas empolgado, largando na hora o dinossauro de pelúcia que brincava. Caminhou pela casa á procura da loira.

Encontrou a mulher na lavanderia, de frente ao tanque, lavando o que parecia ser uma peça de roupa do pequeno. Se virou pra ele com um sorriso, tinha a camisa molhada e Micael já começou a fantasiar dali.

— Oi, chegou antes do que eu esperava. — Disse meio sem graça com a olhada que recebia de Micael em direção aos seus seios, mesmo que aquela camisa não ficasse transparente.

— De moto pra cá é rapidinho. — Engoliu em seco e saiu de perto após pedir licença, não podia ficar ali imaginando mil coisas, não com o filho nos braços. Levou o menino pra cima, precisava de um banho e levou a criança com ele. Voltou pra sala apenas de bermuda e o menino de fralda, fazia muito calor naquele dia.

— Papa — Felipe disse quando não conseguiu chamar a atenção do pai só acenando. — Papa. — Chamou novamente e Micael o encarou com um sorriso gigante.

— Oi, filho, repete. — A emoção tomava conta dele e destoando dos pensamentos dos últimos dias, ele lembrou de Luiza. Tinham mania de apostar o que filho falaria primeiro. Mais tarde naquele dia, Sophia apareceu na sala. Já de banho tomado, de shortinho jeans e camiseta azul.

— Viu um passarinho verde? — Perguntou encarando Micael que ainda tinha um largo sorriso.

— Ele falou papai. — Contou empolgado.

— Ai, já tá falando. Que amor. — Deu um beijo no menino que não entendeu nada e então olhou pra Micael. — Não fiquei tão bobo, ele já vai dizer titia.

**

Três semanas haviam se passado e o relacionamento com Sophia parecia que nunca ficaria fácil. Pelo menos não tinham tido mais nenhuma recaída, mas também não tinha como, mal se falavam.

Micael a via todos os dias e a desejava em silêncio, Sophia lhe era uma tentação e sabia que só não estavam juntos porque ele não queria enfrentar as pessoas e dizer que era louco por ela, tinha medo do julgamento, tinha medo dos olhares que receberia por estar namorando a irmã de sua esposa.

Naquela tarde de domingo, Sophia já estava de volta na casa, ela havia ido embora pra sexta à noite e voltava no domingo à tarde, estava trancada no quarto, como sempre fazia quando ele estava em casa. A campainha tocou e ele foi atender, deixando Felipe no tapete da sala. Quando abriu se surpreendeu ao ver Marco ali.

— Oi, Micael! — Marco disse simpático, como sempre fazia ao vê-lo.

— Oi, Marco. — Disse baixo ainda sem acreditar que teria que ver sua Sophia junto dele, mesmo que na ocasião fosse namorada dele. — Tudo bom?

— Tudo sim, eu vim encontrar a Sophia. Será que posso entrar? — Pediu e eu abri passagem pra ele. — Ela não avisou que eu vinha?

— Acho que esqueceu, mas não tem problema nenhum. — Apontou pro sofá e viu o rapaz se sentar. — Eu vou lá em cima avisar que você chegou, tá bem? Pode passar o olho no Felipe? — O rapaz assentiu e Micael subiu as escadas até o quarto que a loira ocupava. Deu duas batidas e a loira o atendeu enrolada numa toalha.

— O que quer? — Perguntou enquanto ele ficava parado que nem um idiota olhando para seu corpo coberto apenas por aquela maldita toalha.

— Seu namorado está no meu sofá agora e eu não tenho ideia de como eu faço pra ser simpático com ele. — Ainda imaginava seu corpo nu embaixo daquela toalha e Sophia deu risada. — Você acha engraçada essa situação? O cara está sentado na sala da minha casa e eu estou aqui louco pra arrancar essa toalha do seu corpo com os dentes.

— Nem começa com isso. — Repreendeu bem humorada. — Estamos bem faz semanas, você não vai estragar tudo ainda mais com o Marco na sala.

— Pelo visto você está bem humorada e animada com essa saída. — Comentou com a testa franzida e arrancou mais uma risada dela.

— Estou achando engraçado a sua cara de ciúmes. Não minta, você esta enciumado. — Cruzou os braços e o viu respirar fundo. — A gente devia tentar, já confessamos que nos apaixonamos, ficamos com ciúmes um do outro o tempo todo. Eu vou falar a verdade pra ele. 

InevitávelOnde histórias criam vida. Descubra agora