Capítulo 53

31 5 3
                                    

Sophia mal havia subido e Micael roía as unhas no sofá com a demora. Na verdade, ela não estava demorando, ele que estava tão ansioso que um minuto longe dela parecia uma eternidade.

O moreno olhava para o teto, para televisão, para o piso e até mesmo o celular não era capaz de fazer o tempo passar mais depressa. Resolveu jogar pra ver se adiantava, e até estava conseguindo se distrair, até ouvir passos vindos por trás. Luiza não precisava nem falar pra ele saber que se tratava da ex-mulher.

— Temos visita e ninguém me chamou? Como puderam te deixar aqui sozinho? Eu viria fazer sala pra você sem problemas. — Sorriu quando finalmente se sentou no sofá de frente para o de Micael, que não tinha a melhor expressão.

— Ninguém te suporta, Luiza, eu prefiro ficar sozinho mesmo. Obrigado. — O moreno respondeu sem pestanejar e voltou a atenção para o celular, querendo esquecer que aquela mulher estava ali fingindo ser simpática.

— Nossa, essa doeu. — Se fingiu de ofendida, mas no fim deu um sorriso pra ele. — Não precisa falar desse jeito comigo, eu sou a mãe do seu filho, devemos ao menos ser amigos.

— Luiza, me deixa em paz. — Ele pediu alto, já com a tolerância no fim pra ela.

— Onde está meu filho? — Mudou de tática, já que ele não cederia a ela tão fácil.

— Não pergunte pelo Felipe como se desse a mínima pra ele. — Finalmente ergueu o olhar e a encarou, deixando o celular de lado. Ela sorriu, contente que havia conseguido o que queria. — Deixa meu filho em paz.

— É meu filho também, Micael. Você não pode se esquecer desse pequeno detalhe. Eu amo o meu filho, não ficarei longe só porque você decidiu que quer ficar com a minha irmã caçula que sempre odiou.

— Você não o amava quando decidiu fugir com macho e ele só tinha oito meses. — Jogou na cara e Luiza finalmente fechou o sorriso. — Deixa meu filho em paz, não é justo que você o encha de esperanças pra depois sumir no mundo outra vez.

— Eu não fui embora, já fui bem clara sobre o que aconteceu, eu fui sequestrada e abusada durante todos esses anos! — A mulher disse alto, um tanto estressada com o fato de ter perdido o controle no outro dia.

— Será mesmo que foi? Eu deixei de acreditar em você quando jogou na minha cara que eu sempre fui um chifrudo.

— Eu só estava com raiva de você. — Virou os olhos. — Queria sair por cima nessa história. Ora, você me largou pela minha irmã! Mas é lógico que eu não fugi com outro, eu amava você... eu amo você!

— Dá um tempo, Luiza. Você já confessou, não tem sentido mudar a versão agora.

— Já disse que foi tudo por causa da raiva. Você tinha acabado de escolher a Sophia na minha frente, quero dizer, você veio até aqui comigo, estávamos juntos e então foi lá e a escolheu. Eu falei tudo aquilo porque queria te machucar tanto quanto você estava me machucando. É tão difícil entender?

— Não estávamos juntos, estávamos transando e só. Eu não cogitei em nenhum momento namorar você, Luiza. — Micael respondeu com um tom cruel. — E só transei com você por ter caído como um tonto na sua conversa besta.

— Não queria que ficassem juntos, por isso inventei toda aquela história. Mas eu nunca te traí, tem ao menos que acreditar nisso. — Suplicou com lágrimas nos olhos.

— Não acredito em nada que saia da sua boca, Luiza. — Voltou com seu tom frio. — Você jogou na minha cara que o Felipe, a única coisa que sobrou da relação que eu acreditava ser perfeita, não é meu filho. Não teve pena de fazer isso e eu não terei pena de você.

— É lógico que ele é seu filho! — Disse já se alterando. — Já disse e vou repetir, eu só estava com raiva!

— EU TAMBÉM ESTAVA COM RAIVA E NEM POR ISSO DISSE QUE SEMPRE TIVE OUTRA PESSOA. — Gritou, já perdendo toda a compostura. Branca, Renato e Sophia apareceram na sala depois da gritaria. Em seguida, Micael respirou fundo antes de voltar a falar. — Você é uma vagabunda!

— Você está dentro da minha casa, não tem direito de falar desse jeito com a minha filha. — Renato se meteu, mas os dois escolheram ignorar o senhor.

— Eu não sou nada disso, você me conhece melhor que qualquer pessoa! — A morena tinha deixado as lágrimas rolarem, mas isso não comovia mais Micael. — Você foi o meu primeiro namorado, eu perdi a minha virgindade com você! Não é possível que já tenha esquecido tudo o que vivemos. Não estou aqui querendo voltar com você, estou tentando fazer com que sejamos amigos, pelo bem do nosso filho!

— Isso não vai acontecer, principalmente pelo fato de que não quero olhar na sua cara nunca mais.

— Você é muito turrão, eu não vou ficar longe do meu filho de novo.

— Ora, não fale como se você gostasse do menino, Luiza. — Os dois continuavam a discutir, completamente alterados. — Você sempre usou o Felipe pra ficar perto de mim e todo mundo percebe de longe.

— PARE DE ACHAR QUE VOCÊ É O CENTRO DO MUNDO, FELIPE É MEU FILHO E EU TAMBÉM O AMO, TANTO QUANTO VOCÊ OU MUITO MAIS! — Foi a vez de Luiza gritar e Micael a encarou por alguns instantes, antes de avançar para cima daquela que havia muito tinha sido seu grande amor.

Micael a segurou pelo pescoço com bastante força, a mulher o olhava assustada, tentando soltar as mãos de cima dela, mas logicamente, não tinha força para isso. Começaram a se mexer atrás deles e logo Micael sentiu alguém tocando seu braço esquerdo e empurrou a pessoa, estava decidido a acabar com aquilo de uma vez por todas.

Mas então ele viu Branca desesperada a sua frente enquanto tentava soltar a filha que já virava os olhos agonizando sem ar. Renato estava ao seu lado e então ele percebeu que a pessoa que havia empurrado era Sophia.

Olhou pra trás e viu sua namorada no chão, sentada e encolhida. Largou Luiza no mesmo instante que foi amparada pela mãe e se aproximou de Sophia com uma expressão de culpa.

— Me perdoa, amor. — Implorou de joelhos frente a ela. — Eu jamais machucaria você, me perdoa de verdade, como você está?

Mas ela não o respondeu, apenas ficou encarando no fundo de seus olhos com uma expressão ainda assustada que deixou Micael com aperto no peito. Jamais machuraria sua amada, tudo o que queria era ir pra casa com ela, mas Luiza o tirou do sério com tamanho cinismo.  

InevitávelWhere stories live. Discover now