Capítulo 31

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Ele sorriu ao ver a loira sair correndo como uma adolescente. Ela acabaria com ele se continuasse assim e talvez fosse um problema seu se entregar assim totalmente pra alguém a ponto de não conseguir dizer um "não".

Micael se sentou no sofá e pegou um porta retrato que tinha na mesa de centro, uma foto de Luiza segurando Felipe em um passeio que fizeram ao zoológico, um sorriso tão lindo que transmitia felicidade só de ver aquela foto.

Ele suspirou com as lembranças dos inúmeros dias felizes que teve ao lado de Luiza, por mais que gostasse de verdade de Sophia e estivesse feliz junto dela, sempre haveria uma parte sua que amaria Luiza e lamentaria que o amor dos dois foi interrompido.

Sophia desceu as escadas de volta e o pegou olhando aquela foto.

— Muitas lembranças? — Se sentou ao seu lado, passando os braços por seus ombros.

— Você não parece estar com raiva. — A loira tão ciumenta o surpreendeu e ele virou a cabeça para olhar em seus olhos.

— Não estou.

— Pegou seu namorado olhando a foto da ex e não está com raiva? — Insistiu e recebeu um selinho dela.

— Sei que você a ama, que se provavelmente aquele acidente não tivesse acontecido vocês estariam juntos e que nunca teríamos virado amigos, nossa vida estaria do mesmo jeito, mas sei também que agora que isso tudo aconteceu, pude ver o homem incrível você é e você pôde ver que eu também sou legal. Eu sei que conquistei meu lugar aqui. — Colocou a mão sobre seu peito. — Não posso apagar tudo que viveu com a Luiza e nem quero isso, faz parte de quem você é, não tem sentido ter ciúmes ou brigar por causa disso.

— Eu amo você. — Ele disse as três palavrinhas mágicas que Sophia vinha esperando pra ouvir. — De verdade, eu amo muito você. — A loira ficou surpresa e logo abriu um largo sorriso.

— Eu amo você também. — Revelou corajosa, sem medo de represália ou de assusta-lo. Um beijo foi iniciado entre eles, calmo e apaixonado. — Mas eu não me incomodaria se você tirasse aquela dali. — Sophia disse quando se afastaram, apontando pra cima do rack, onde tinha uma foto dos dois no dia de seu casamento. Micael riu e se levantou, indo até lá pra tirar aquela foto, em seguida a guardou dentro do livro preferido de Luiza, que era uma das lembranças que ele tinha escolhido ficar.

— Precisamos de uma foto nova pra colocar ali. — Ela sorriu e caminhou até ele, lhe abraçou e sussurrou que o ama em meu ouvido. Ficaram agarrados no sofá assistindo séries e por incrível que parecesse Micael estava amando aquilo.

**

Os dias foram passando e os dois estavam vivendo em lua de mel. Não tinha uma briga, um conflito, parecia até mesmo amor de livro e não a vida real. Os pais ainda não aceitavam muito bem aquela relação, mas a verdade é que eles estavam tão felizes que não se importavam com aquilo.

Naquela tarde, quando Micael chegou em casa encontrou com os sogros no sofá tomando café junto com Sophia e Felipe no chão. O moreno revirou os olhos, estava feliz que ela tivesse se entendido com os pais, mas no fim não tinha nenhuma obrigação de os tratar bem.

— Oi, Sophia. — Cumprimentou somente a namorada e ia saindo da sala sem lhes dar sequer um boa tarde.

— Espera! — A voz de Branca foi ouvida e ele bufou ao se virar e encontrar a mulher em pé.

— Esperar pra quê? — Tinha uma careta, sem a mínima vontade de ouvir o que tinham a dizer.

— Escuta o que eles tem a dizer, por favor. — Sophia pediu e ele suspirou, já cedendo á vontade da namorada como sempre fazia. — Obrigada!

— Você saiu com a Sophia tão rápido lá de casa, nem nos deu chance de falar e esclarecer as coisas. — Ela começou, mas foi interrompida por Micael que ainda não tinha o menor interesse naquela conversa.

— Hum, veio se fazer de vítima? — Encarou a mulher que se encolheu por um instante e logo tomou fôlego para continuar falando.

— Não, vim pedir uma trégua. Tem quase um mês que aquilo aconteceu, não gostaria que se repetisse. Gosto de ter meu neto e minha filha em minha vida.

— Não mantive nenhum dos dois aqui em cativeiro, sabe disso? — Disse com grosseira e Sophia arregalou os olhos surpresa com aquela resposta. — Sua filha principalmente, agora se ela não quis ir ver você não é culpa minha.

— Micael! — Sophia o repreendeu e ele respirou fundo, parando de atacar a velha. — Não é assim!

— O fato de você gostar do Felipe não muda o fato de que sempre foi contra minha relação com Luiza e agora com Sophia. — Atacou novamente, não conseguia se segurar.

— Rapaz, só é estranho você ter ficado com as duas. — Branca disse no seu tom habitual. — Não haja como se fosse algo normal que acontece toda hora.

— Nada foi premeditado, não é culpa minha se as duas me amam. — Ele parou um instante e então sorriu, um tanto irônico. — Bom, talvez seja sim culpa minha.

— Ora Micael, não estamos aqui pra brincadeiras. — Branca disse após virar os olhos e ele ficou sério novamente. — É uma conversa sério.

— Não estou brincando, sogra. Jamais impediria que Sophia fosse até vocês e que levasse Felipe. Embora merecessem que eu fizesse, eu não sou esse tipo de homem.

— Não fizemos nada. — Renato que estava mudo até há pouco se enfiou na conversa e ganhou a atenção de Micael.

— Vocês são contra a Sophia me amar e eu ama-la. — Falou serio, alternando olhares entre os dois.

— Amor? — Branca bufou. — Você dizia amar Luiza até ontem.

— Luiza morreu, já tem quase um ano. Aceitem! — Disse alto, irritado. Odiava falar aquilo, mas era a realidade. Não esperou ouvir mais nada, saiu da sala caminhando a passos largos, só parou dentro do quarto.

— Luiza sempre vai estar entre nós. — Disse ao sentar na cama, Sophia ficou encarando de pé. — Um fantasma impossível de superar.

— Só se você deixar. — A loira disse baixo, disposta a não deixar nada mais atrapalhar aquela relação.

— Toda hora surge alguém pra jogar na minha cara que essa relação é errada por conta da Luiza, como se ela estivesse viva e tivesse ido tomar um refrigerante na esquina. Não é possível que isso não te incomoda.

— Me incomoda, mas não muda em nada a minha vontade de ficar com você. — Sorriu e se aproximou sentando-se ao lado dele, iniciou um beijo lento e carinhoso. — Eu amo você, se lembra?

— Você é a mulher da minha vida. — Iniciou um beijo mais profundo e antes que transformasse aquilo em preliminares, Sophia se levantou rápido. — Não precisa fugir de mim, sei que seus pais estão na sala, nem ia fazer nada demais.

— E lá em casa quando fizemos as pazes? — Ela ergueu uma sobrancelha e ele riu, se lembrando do dia.

— Foi você que me agarrou, se não está com a cabeça boa. — Brincou e se levantou para mais um beijo quente. — Amo você, de verdade! 

InevitávelWhere stories live. Discover now