Capítulo 16

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O novo escritório era um pouco mais longe do que o de Jorge, mas ainda assim não era nada absurdo. Micael chegou em casa bem rápido e começou a procurar uma agência confiável para contratar a babá. Precisava resolver aquilo de uma vez por todas.

Pesquisou por horas, ligou em algumas e, no fim, finalizou com uma agência de nome difícil. Mandariam uma babá para um teste no dia seguinte, Micael suspirou aliviado, agora só teria que ir até a casa de Branca dar a notícia e buscar o Felipe.

Olhou suas mensagem e tinha uma de Carla, mesmo ele não tendo ligado, ela insistia. "Adorei a noite, acho que podíamos repetir." Pensou em não responder, mas precisava por um fim aquilo.

Respirou fundo e digitou uma mensagem de resposta. Não queria ter relação nenhuma, muito menos com aquela desconhecida. "Acho que não vai se repetir."

Micael cochilou após deixar o celular na mesa de centro e ligar a televisão, aquele dia estava sendo absurdamente longo e sua cabeça latejava. Acordou mais de quatro da tarde e resolveu ligar pra Sophia ao invés de chegar lá de surpresa.

—Micael? — Disse num tom de surpresa. — Aconteceu alguma coisa?

— Surpresa com a minha ligação? — Sorriu, tinha dito pra ela não se apaixonar sendo que ele já estava completamente louco por ela.

— Lógico que estou, já conversamos hoje, se lembra? — Sophia soltou uma risada sem graça.

— Eu só liguei pra avisar que vou buscar o Felipe hoje. — Contou já sabendo que ela imploraria para que não fosse.

— Buscar o Felipe? Mas já são quase quatro horas, você não vai trabalhar amanhã? — Ela tinha a testa franzida, não entendendo bem o motivo daquilo.

— Eu contratei uma babá pra cuidar dele aqui em casa, vai ficar mais perto de mim, eu sinto falta do meu filho. — Ouviu um arquejo de surpresa e a loira demorou um tempo até lhe responder.

— É por saudade do seu filho ou é porque você não quer mais me ver? — A loira respondeu certeira. — Se planeja afastar o menino da gente só por causa do sexo que a gente fez, está sendo um imbecil. Aquilo não significou nada, não precisa surtar.

— Não complica as coisas, só liguei pra avisar que estou a caminho. — Manteve o tom e então se surpreendeu com a próxima fala da mulher.

— Então deixa eu cuidar dele aí. — Pediu e arrancou uma gargalhada de Micael. — Eu estou falando sério, não quero ficar longe dele acabei me apegando muito e eu sei que está fazendo isso só por causa do que aconteceu entre a gente.

— Se você sabe o motivo, porque eu vou deixar você ficar aqui? Sinceramente, é difícil controlar o que sentimos com toda essa distância que tem entre nós dois. Imagina você morando dentro da minha casa? — Micael perguntou com um sorriso no rosto, considerando aquela ideia absurda.

— Eu fico aí de blusa de vereador e calça moletom se for preciso. — A loira deu a solução e ouviu outra gargalhada dele.

— Com o intuito de ficar feia? — Disse com a risada mais controlada. Queria evitar Sophia, mas estava lá, deitado no sofá com as pernas pro alto e rindo atoa com ela numa ligação.

— Uhum, será que dá certo? — Imaginava as bochechas coradas que Sophia devia estar naquele momento. — Posso inventar mais coisas se for necessário.

— Creio que não. — Tentou controlar o riso, mas era impossível, ela o fazia querer rir. — Com licença da palavra, mas você é muito gostosa. — Foi a vez dela dar uma gargalhada.

— Obrigada, eu acho! — Ela soltou quando conseguiu se controlar da risada. — Somos adultos, acho que conseguimos controlar a atração. Deixa que eu cuide dele.

Ele suspirou dividido, tinha tomado hoje a decisão de se afastar porque era melhor, não podia tê-la dentro de sua casa todos os dois, dormindo no quarto ao lado só de camisola ou baby doll. Dizer que sim, significava se colocar no caminho da tentação, vê-la e não poder tocá-la essa ideia o deixava atordoado. Dizer que não, significava não vê-la mais, somente em alguns poucos finais de semana e essa ideia o deixava triste.

— Tudo bem, Sophia. Somos adultos. Vamos lá nos colocar no caminho da tentação. — Ele revirou os olhos e ouviu uma risadinha feliz por ter ganhado. — Arrume as coisas. Estou saindo de casa!

— OK, te espero. Beijo.

A ligação foi encerrada e Micael se levantou, indo buscar a carteira e a chave do carro. Foi em direção a casa de Branca com um sorriso que não saía do rosto, mesmo sabendo que era errado, como é que mandaria seu coração parar com aquilo.

Foi pensando naquela bagunça e quando deu por si, estava parado diante da casa de Branca, buzinou três vezes e viu a porta da frente se abrir. Soltou o cinto e foi ajudar a loira, que estava com uma mala pra Felipe e uma pra ela, literalmente de mudança pra casa dele.

Antes de se aproximar ele olhou a mulher de baixo acima se reparando bem nos detalhes. Usava um vestido justo roxo, marcava todas as suas curvas e ele já se imaginou arrancando aquela peça de roupa. Aquilo nunca daria certo.

— Oi, de novo. — Disse ao se aproximar.

— Oi, garanhão. — Respondeu com um tom de brincadeira e o deixou confuso.

— Por que garanhão?

— Todo dia uma mulher diferente. — Seu tom era de brincadeira e Micael balançou a cabeça negativamente. — Só não deixa eu ver isso tá, sou uma mulher de respeito. — Ele nem respondeu, apenas guardou as malas e entrou no carro, Sophia prendeu o bebê e logo se sentou ao lado dele.

— Seus pais? — A loira balançou a cabeça em negativa.

— Saíram tem pouco tempo, foram ao mercado. — Sophia deu de ombros. — Eu não sou a filha favorita, não ficaram pra me ver ir embora. — A loira brincou e logo um silêncio começou. — Vou ligar o rádio, tá bom?

— Fica a vontade. — A loira ligou e o silêncio foi quebrado pela música e por Sophia cantando. Micael ficou admirado, ela cantava super bem, seus olhos brilhavam.

InevitávelWhere stories live. Discover now